sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

E onde é que já também vi isto?

Agora que o Natal já acabou e o Ano Novo começou, é altura de voltar «à vaca fria».
E volto com algo que encontrei no site Clube de Jornalistas, a análise do Diário de Noticias de 2009 (um excerto):

Estado de sítio continua cá na aldeia - Fechamos mais um ano conformados com a fatalidade: Portugal, um país dois sistemas
Data: 27-12-2009

A ERC foi chamada a São Bento e o falatório é ensurdecedor e ininterrupto.

O que arde, por acção criminosa de quemanda, é a lealdade na concorrência entre jornais, tendo em vista não propriamente melhorar o periódico beneficiado - o JM - mas acima de tudo inviabilizar a existência daquele que insiste em participar no mercado sem dependências.
Nos dias anteriores ao Natal, o presidente da ERC esteve na Comissão de Ética da Assembleia da República, para responder a questões sobre a distribuição de publicidade oficial aos media.
Sobre a escandalosa situação vigente na Madeira, Azeredo Lopes preferiu despachar o assunto para a jurisdição da Autoridade da Concorrência.
Como se a concorrência desleal não implicasse com a regulação na Comunicação Social. Azeredo sabe da prática continuada das distorções na Região ao nível da concorrência, favoráveis ao Jornal da Madeira, detido em mais de 90% pela RAM/governo regional. Sabe que o chefe do governo regional mandou cortar toda a publicidade ao Diário de Notícias além das 400 assinaturas de organismos públicos, indo ao ponto de, em inaugurações oficiais e comícios partidários, pressionar assinantes e anunciantes do DN.
Sabe que o JM, que gasta 4,5 milhões do erário e continua inviável, recebe toda a publicidade institucional. Sabe que o chefe do governo mandou gastar mais dinheiro público para passar o JM a gratuito e triplicar a tiragem para 15 mil exemplares - medidas que evidentemente não se destinam a melhorar o JM mas sim a asfixiar a outra imprensa. Sabe-o Azeredo Lopes e sabe-o o Presidente da República. Para abreviar, toda a Lisboa o sabe.
A queixa a denunciar a pavorosa situação está no site 'dnoticias.pt'.
Mas, para evitar maçadas, foram enviadas cópias de consulta muito prática a todas as entidades nacionais, além das que seguiram para a Europa.
A falsificação do mercado e o desvirtuamento da concorrência na imprensa da Madeira estão patentes, diante dos olhos de quem se devia interessar pelo problema.
Mas cada entidade descarta responsabilidades para a mais próxima, com desculpas pusilânimes. Durante todo o ano se falou aqui do abismo para onde caminha perigosamente a imprensa madeirense, porque os situacionismos não são eternos.
A política de terra queimada neste campo pode vencer - outro não é o desejo dos que inventaram a incrível situação que os jornais vivem na Região.

Será que agora irei ter aqui também comentários de determinadas pessoas a criticar a acção do Alberto João Jardim, da censura e da situação por este praticada?
Fico a aguardar.

4 comentários:

J.S. Teixeira disse...

Cara Carmo Torres,

Creio que é um grande significado de hipocrisia ou desonestidade vir sublinhar que se é um jornal "que insiste em participar no mercado sem dependências" mas que depois assumir que se é dependente das verbas que lhe são disponibilizadas pelos edis.

Tenho dito.

Carmo Torres disse...

Caro J.S. Teixeira
Nunca em tempo algum disse que o jornal que dirigo é dependente de subsidios, até porque no nosso a autarquia não investe desde 24 de Abril de 2009 (tempo mais do que suficiente para qualquer jornal fechar se estivesse subsidiodependente).
Sobre hipocrisia e desonestidade, a conversa seria bem mais longa.
O que sugeri apenas foi um comentário à situação.
Não o conseguiu fazer, porque qualquer comentário sobre este assunto se reflectiria sem dúvida na situação que ocorre no Seixal.
Cumprimentos

M. disse...

Cara Carmo Torres,

Já não me espanta ler comentários como o que foi aqui assinado por J.S.Teixeira.

Realmente, a unica coisa a dizer neste caso é que o pior cego é aquele que não quer ver. Mas enfim, também cada um é como cada qual.

O que é uma realidade é que pessoas como ele um dia perceberão que nem todos têm vendas nos olhos.

Da minha parte, quero dar-lhe os parabéns pelo seu texto e pela isenção que demonstra em cada edição do seu jornal.

É e será sempre muito difícil manter essa postura, por tudo aquilo que tem vindo a referir nos seus textos, e num concelho onde a democracia é apenas um verbo de encher.

Tenha a força, com a sua equipa, para continuar sem se vergar.

Um dia a justiça prevelecerá.

Carmo Torres disse...

Caro M.
Tenho por hábito responder a todos os comentários, acho que é uma questão de educação para quem perde um pouco do seu tempo a dar atenção ao que escrevemos, e por isso as minhas desculpas por ter demorado tanto tempo.
Tive ocasião de responder também no blogue Flamingo a esta questão.
Mas por vezes acho que é uma perda de tempo, porque realmente o pior cego é aquele que não quer ver.
Que se defenda um ideal é de louvar, mas que se considere que tudo o que saia fora disso é hipócrita e desonesto apenas demonstra uma enorme falta de carácter, de democracia e de formação cívica.
O meu muito obrigado pelo seu comentário, e termino com a frase célebre do poeta (com uma pequena alteração:
«Serei tudo o que disserem: Jornalista castrado, não!!!»