E pronto, chegou outra vez aquela altura do ano em que atendemos o telefone a cantar o Jingle Bells, em que achamos que deviamos ter feito mais, falado mais, comprado mais (ahahahahahahahhah, pois sim!).
E também a altura do ano onde nos lembramos dos amigos com quem não falámos durante os últimos onze meses (graças aos deuses agora temos o facebook!!!).
A determinada altura, por questões profissionais, adorava esta época. Era a altura em que a todo o momento do dia tocava a campainha na redação para entregarem "aquela" lembrança da agência A ou X. Em que nunca sabiamos para quem era, mas que se alguém gostasse por exemplo de um prato da Paula Rego, era para ele que ia, ou uma bússola, ou até uma garrafa de Moet Chandon para abrirmos e celebrarmos todos.
Bons tempos.
Hoje, se recebemos um postal natalício via email, já é uma festa
Mas será esse o verdadeiro espírito do Natal? Ontem, o meu ex perguntava-me se eu sabia o que era o Natal.
Disse-lhe que não. Mas depois refiz o meu comentário.
Contara-me ele, nesse telefonema, que no domingo deparara com uma cadelinha podenga no meio da estrada, enfiada num saco de plástico preto, só com a cabeça e as patas da frente de fora. Passaram carros que se desviavam e ninguém parava. Ele parou. E recolheu essa cadelinha.
"Olha, agora estou a tratá-la, porque tinha o focinho ferido, e segue-me como uma sombra. Não suportei aquele olhar que ela me deitou de «ajuda-me!»."
Pois, amigo. Isso é o Natal. O podermos, com um gesto, mudar a vida. A nossa e a de quem ajudamos. Seja de duas ou de quatro patas.