quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

“Tem sorte”


Hoje fui de manhã ao Hospital Garcia de Orta para tirar os pontos de uma pequena cirurgia (não, não perdi nenhum dos poucos «parafusos» que ainda me sobram), antes tenho de remover periodicamente uns quistos que me crescem nas orelhas.
Depois de estar despachada, o médico dermatologista receitou-me uma ampola de cortisoides que tenho de ir buscar a Lisboa. E ao dar-me a referência da farmácia, disse logo que era ao pé do IPO.
Perante a minha cara de «não estou a ver», perguntou-me: “não sabe onde fica o IPO?” e eu respondi que não. A resposta do médico foi rápida: “tem sorte”.
Sai do consultório e do Hospital e fiquei a matutar naquilo, em especial ao ver a quantidade de pessoas que por ali estavam.
Realmente tenho sorte em não conhecer, senão de nome, algo como o Instituto Português de Oncologia.
Por vezes, só pensamos que a sorte é ganhar o euromilhões ou sair-nos um carro num concurso, e nem paramos para reflectir que sorte é também nunca ter cruzado as portas do IPO, não precisar de ir regularmente à médica de família, senão por rotina, ou poder curar uma gripe apenas com um chá.
Realmente, há pessoas com sorte, e eu sou uma delas.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma questão de ignorância

Continuo a dizer, à beira dos quarenta, que há coisas que me fazem muita confusão. E a ignorância é uma delas. Que as pessoas não saibam algo, tudo bem, agora fazerem de conta que sabem e, pior ainda, incutirem a sua ignorância a outros, isso é que me dá raiva.
Infelizmente, os exemplos temo-los à vista frequentemente.
Mas que os mesmos venham de parte de uma entidade como a Igreja, é que não.
Não sou católica. Nem evangelista, nem budista nem, enfim, percebem a ideia.
Tenho para comigo, tal como Marx, que a religião, seja ela qual for, é o ópio do Povo. Mas respeito qualquer tipo de religião e as pessoas que a seguem.
Agora darem “erva marada” à malta é que não.
Vem isto a propósito da Missa do Galo a que assisti em Cernache do Bonjardim.
Melhor, não assisti, porque ouvir alguns minutos da homilia foi mais do que suficiente.
A noite muito fria e os chuviscos, não convidavam a que se ficasse no exterior, mesmo com um valente madeiro a arder.
Mas lá dentro... ouvir no sermão isto: “Jesus nasceu em Israel porque nesse tempo, o povo de Israel era muito castigado pela tropa. A tropa atacava quase todos os dias e o povo precisava de ajuda. É que Israel estava entre a Europa e o Oriente e por isso era muito castigada pela tropa”.
CRISTO!!!!
Como disse antes, nada tenho contra a religião, mas se quem representa a Igreja Católica numa homilia como a missa do Galo não sabe um mínimo, já não digo de História, mas pelo menos do que é contado na própria Bíblia, então muito mal vai tudo isto.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Meus amigos, digo-vos isto com tristeza: este ano não há presépio: a vaca está louca e não se segura nas patas, os reis Magos não podem vir porque os camelos estão no Governo, o burro foi treinar para o Porto, a Nossa Senhora e o S. José foram meter os papéis para o rendimento mínimo, a ASAE fechou o estábulo por falta de condições e o tribunal ordenou a entrega do Menino Jesus ao pai biológico.


E antes que o blogue deixe de ser à borla, aproveito para desejar a todos um Santo e Feliz Natal, uma vez que já sabemos que nem vale a pena desejar um Bom Ano de 2011...


Foto: http://brinquinhodacantareira.blogspot.com/2010/12/um-brinquinho-de-pres.html

sábado, 18 de dezembro de 2010

À espera de Servir um Milagre

Era uma noite muito fria, já tarde quando chegámos.
Depois de passar com o carro por um caminho de terra sem muita luz e cheio de buracos, estacionei.
Logo reparámos na quantidade de pessoas que aguardavam junto a um portão, entre a escuridão, em pé, tentando combater o frio daquelas 23h00 como podiam. Conversas não havia, porque não era para isso que ali estavam.
Dirigimo-nos à pessoa que fazia a recepção e perguntamos por uma das voluntárias.
Mandaram-nos subir por outro caminho escuro.
Lá em cima, o ambiente era mais acolhedor, com mais luz, e os voluntários, também cheios de frio porque a exígua cozinha não permitia muita gente lá dentro, brincavam e conversavam no exterior, enquanto arranjavam as caixas de fruta e as demais dádivas que iam recebendo.
A Andreia e eu conversámos com alguns desses voluntários e logo saltava à vista o gosto com que se entregavam a esta missão. A Missão de servir comida a quem dela precisa.
Já passava das 23h00 quando começaram a chegar as primeiras pessoas, vindas do «local de espera» à entrada. Têm de entrar em grupos pequenos, explicaram-nos, porque nem sempre certas comidas chegam para todos e é difícil verem que uns levam certas coisas que já não há para outros.
Algumas das pessoas preferiam manter-se afastadas de nós. Outros queriam era falar das suas histórias. Não era para isso que ali estávamos, mas sim para dar a conhecer a Missão destes voluntários.
O frio apertava debaixo de um telheiro improvisado, mas a conversa continuava, aquecendo assim um pouco a noite.

Uma conversa onde se pedia um milagre para este Natal. Que alguém dê comida que permita à Missão Servir um Sorriso proporcionar uma ceia de Natal às mais de cem famílias que os procuram três vezes por semana.
Outros milagres também se pediam. Um espaço mais condigno, onde as pessoas não tivesse de aguardar ao frio e à chuva sem qualquer protecção ou um simples banco para se sentarem. Uma carrinha onde os voluntários pudessem ir recolher a comida e levá-la aos idosos que não se podem deslocar ali. Mais Voluntários e mais Dádivas.
Depois saímos.
Enquanto fazia a manobra com o carro, disse à Andreia para reparar nos carros que também ali estavam. Um em especial chamou-nos a atenção. Um modelo recente, caro, mas que exibia encostado à roda da frente dois carrinhos de supermercado. Lá dentro, uma mulher e duas crianças. Aguardavam na certa que as “jornalistas” saíssem, para então ir buscar as dádivas que lhes darão sustento durante uns dias.

No carro conversávamos, com a Andreia, na sua primeira grande reportagem, a dizer como tinha ficado chocada e que nunca mais desperdiçaria comida. Para mim, esta não foi a primeira vez que encarei estas histórias.
O que me permitiu também explicar-lhe que é também por isto que o jornalismo é «a melhor e a pior de todas as profissões».

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Viva o Alentejo!!!

- Estouuuu... é da GNR?
- É sim, em que posso ajudá-lo?

- Queria fazer quexa do mê vizinho Maneli. Ele esconde droga dentro dos troncos da madeira pra larera.
- Tomámos nota. Muito obrigado por nos ter avisado.

No dia seguinte os guardas da GNR estavam em casa do Manel.
Procuraram o sítio onde ele guardava a lenha, e usando machados abriram ao meio todos os toros que lá havia, mas não encontraram droga nenhuma. Praguejaram e foram-se embora.
Logo de seguida toca o telefone em casa do Manel.
-Oh Maneli, já aí foram os tipos da GNR?
- Já.
- E racharam-te a lenha toda?
- Sim!
- Então feliz Natal, amigo! Esse foi o mê presente de Natali deste ano!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Por um lapso meu, não publiquei este comentário, no texto sobre a imagem do cão no presépio, mas pela sua relevância, creio que merece um post por si mesmo.

«EOS disse...

A qualidade de vida de uma sociedade tem como possivel indicador, aliás deveras preciso, a avaliação da forma como uma sociedade trata aquilo que se apelidam de franjas etárias (ou escalões etários), por outras palavras, os mais novos da sociedade e os mais velhos. Classes etárias claramente desprotegidas na nossa sociedade e em que a evolução nestes governos socialistas, foi de para os mais novos, retirarem o direito a nascer (IVG) e para os mais velhos estuda-se a possibilidade da Eutanásia... Foi isto que ganhamos com os "modernos" governos socialistas.

Alguns liberais, camuflados de esquerdistas, dirão que esta minha opinião é demasiado extremista. Mas pensem como se fossem de um outro "mundo", que nos viessem a visitar, um encontro de civilizações, em que mostravamos a nossa e eles a deles, o que ele diriam quando soubessem que nos matamos os nossos "nascituros" (bebés)?? Que raio de civilização é a nossa que tiramos o direito a de uma vida brotar, nascer? Que raio de sociedade é a nossa quando a única saída que damos aos nossos idosos é um "armazén/lar" ou a eutanásia? Serei eu que estarei mal?»

Sobre o tema em si, eu sou a favor do aborto (nunca como forma de contraceptivo, mas sim em situações em que a mulher não tenha qualquer outra hipótese e aqui só a própria poderá julgar, não necessitando do julgamento de uma sociedade que se descarta também da educação e protecção de uma criança - 570 crianças foram abandonadas o ano passado, segundo o Diário de Notícias).
Sou também a favor da eutanásia, quando o sofrimento em caso de doença é mais do que aquilo que uma pessoa pode suportar.
Mas não posso deixar de concordar com EOS sobre a forma como armazenamos os nossos idosos, porque o valor de uma sociedade é medida pela forma como trata os seus idosos, e já agora, os seus animais.
E a nossa está muito, muito podre.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Europa Morreu?

Este texto foi-me enviado por email, e pela sua importância, acho por bem partilha-lo aqui.

«Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!

As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!
De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!
... tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.
Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!
Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º- A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração : a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6º- A Europa Morreu : embora ainda estejam projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas: deu-se há dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!
Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!
Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!
Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Quando uma imagem vale mais que mil palavras

A foto não é minha, foi usada pela União Zoófila no Facebook, para falar de mais um abandono de animais. A foto é linda, a história terrível, mas sintomática da atitude do «descartável» dos nossos dias.
Segundo informaram, a foto foi tirada na Madeira e já correu mundo. Uma imagem para nos levar a pensar no que realmente devia significar o Natal.
 
«O miúdo chorava, desamparado. O pai estava irredutível. Não havia lugar para o cão lá em casa. O pai já tinha decidido tudo. O cão ficava no canil. Um frio de rachar, uma criança em pânico, um adulto inabalável, um cão tratado como alguma coisa que se deixa. Foi ontem, amigos e nem as lágrimas copiosas de uma criança de coração partido por ver-se subitamente sem o seu amigo comoveram o pai. Nós sabemos que a vida é difícil mas também sabemos que quando se quer não se tratam animais como se fossem roupas usadas que se deitam fora. E sabemos da identificação das crianças com os animais. O cão tornou-se inconveniente e a consequência foi – canil. O que pensará a criança acerca do seu destino quando se portar mal? O pai vai também livrar-se dela? São experiências destas – e não ver-se privado de uma consola de jogos ou de um skate – que fazem os traumas, mais tarde tratados em gabinetes de psiquiatras e psicanalistas. Ao miúdo que se identificou e lutou com todas as forças contra a sorte do seu amigo gostaríamos de limpar as lágrimas e dizer-lhe que o mundo dos adultos pode ser cruel. Ao pai não dizemos nada. Deixamos-lhe esta imagem (foi captada numa localidade brasileira; o cão retirado ontem à criança não é este).» -União Zoófila.
 
Eu coloquei o seguinte comentário:
Maria Do Carmo Torres
«O velho chorava, desamparado. O filho estava irredutível. Não havia lugar para o ele lá em casa. O filho já tinha decidido tudo. O velho ficava no lar. Um frio de rachar, um adulto inabalável, um idoso tratado como alguma coisa que se deixa....

Esta será, sem dúvida, a história no futuro desse homem sem coração. Se houver justiça no mundo.»
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sábado, 4 de dezembro de 2010

Há coisas que me fazem, realmente, muita confusão

Ele realmente há coisas... não, não vou hoje aqui falar da impressão que me faz continuar a ver e ouvir o executivo da autarquia a afirmar convictamente que a Câmara Municipal do Seixal sempre apoiou de igual modo todos os meios de comunicação social local.
Isso fica para segundas núpcias.
O que falo hoje aqui é de como é possível juntar uma das mais degradantes formas de moda com um apelo pela salvação da floresta
A história é rápida.
Enquanto esperava na cabeleireira (a segunda coisa que mais detesto fazer na vida, mas é como colocar gasolina no carro, é detestável mas necessário), veio parar-me às mãos uma daqueles revistas que nunca comprei, FLASH (só conheço o Gordon, de quem colecciono as BD), e ainda por cima sobre as tendências da moda.
Ora na minha vida já fiz muita coisa em termos jornalísticos, mas confesso que moda é daquelas em que só me meteria a troco de muito, muito dinheiro... prefiro muito mais escrever sobre peças de automóveis.
Mas então, eis que tenho esta revista nas mãos e vou desfolhando, quando me caiem os olhos numa reportagem de moda cujo título era algo do género: «Salvem as nossas florestas», e as modelos eram fotografadas em zonas de árvores ardidas.
Perfeito, diriam, unir a moda a um apelo como este. Sem dúvida.
O problema, pelo menos para mim, era que cada modelo exibia casacos e outros adereços em pele. Pele mesmo, porque assim era descrita fatiota, ao lado de preços de mil euros para cima.
Ou seja, enquanto que em letring grande se lia mensagens de «salvem as árvores queimadas», exibiam-se e davam-se os preços de casacos de marta, de raposa, de... bem não sei que mais, porque larguei aquilo ali na hora.
Agora se isto não é de uma hipocrisia a toda a prova, vou ali e já venho. Mas pelos vistos, tudo é possível para vender moda e os seus conceitos. Até árvores queimadas.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sempre MUTTS

Adoro estes «rafeiros», e esta tira é do quinto álbum, cuja colecção está disponível na nossa fabulosa Biblioteca Municipal. Este livro, apesar da sua comédia, fez-me mesmo verter algumas lágrimas. Mas terá de ler para descobrir porquê.
Vale muito, muito a pena.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Campanha do Grupo de Voluntários do Canil/Gatil do Seixal

Não é por ser Natal, mas os nossos amiguinhos de quatro patas, em especial os que sofrem devido à estupidez dos que se auto-proclamam de «animais racionais», merecem.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Sobre rodas

Se há algo de que todos gostamos de nos queixar, é dos transportes públicos. Por isso, usamos o carrinho até para ir beber a bica e estacionamos quase dentro dos supermercados ou bancos.
Não digo que os transportes públicos que temos são excepcionais, mas... E antes que me venham dizer que estou a fazer demagogia (uma palavra agora muito na berra), devo dizer que desde sempre que uso os transportes públicos (em Setúbal, Almada, Lisboa, Oeiras e no Seixal), por isso sei do que falo.
Mas este sábado tive a prova de que nem tudo é tão mau como parece.
Infelizmente, um tio meu foi internado no hospital de Coimbra e como não sabia que isso iria acontecer, levou com ele o carro. Estando já internado há alguns dias, e não sabendo ainda quando terá alta, uma vez que está com uma infecção provavelmente provocada por urina de rato, que apanhou ao ajudar a limpar uma oficina na Sertã, estava logicamente preocupado com o carro.
Assim, decidi ir com a minha tia até lá de transportes e trazer depois o carro.
Perguntei a quem viaja bastante, que me indicou que o melhor para ir até Coimbra era apanhar o Expresso em Lisboa, mais cómodo, rápido e barato que o comboio.
E assim lá fui. Uma caminhada a pé até à estação do Fogueteiro (uns bons vinte minutos a andar mas sempre se pouparam uns trocos), o desconto de vários cêntimos para as duas “velhotas” a viajar como terceira idade e a viagem no comboio da ponte.
Chegadas a Sete Rios, nem é necessário sair da estação e basta subir umas escadas rolantes para estarmos na estação dos Expressos. Mais um bilhete para “jovem” (13 euros) e dois para a terceira idade (11,30 euros). Um autocarro muito confortável, uma viagem de cerca de duas horas e eis que chegávamos a Coimbra.
Dali ao hospital era longe, e logo na estação nos informaram que bastava sair, e ali mesmo na paragem de autocarro apanhar a carreira urbana 29. O engraçado é que o autocarro vai por dentro de Coimbra, permitindo ver alguns dos monumentos lindíssimos da cidade, com paragem nas estações de autocarros e de comboio (a maior parte dos passageiros da que apanhámos eram de Lisboa), e pára, pasme-se, mesmo em frente à recepção do Hospital.
Não fora, não ao lado, mas dentro do Hospital frente à entrada principal. Fiquei de boca à banda, quando penso por exemplo no que se passa no Hospital de Almada, onde não chega nem autocarro nem metro...
Realmente, o uso dos transportes públicos é algo que deve ser incentivado. Pelo menos, em certos lugares do país.
Escrevo isto também quando tomei conhecimento de que os TST vão acabar com a carreira rápida entre Cacilhas e Setúbal, que usei durante anos. A viagem pela estrada nacional não é uma opção, porque demora hora e meia, contra os quarenta minutos da "rápida".
Como se pode dizer às pessoas para usar mais os transportes públicos e depois se retiram carreiras como esta?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Um apelo pela defesa dos animais


Todos os que me conhecem sabem do meu amor profundo pelos animais.
Por isso este post é dedicado a uma mensagem que me enviaram e que repito aqui, porque a responsabilidade de muitas das atrocidades que se cometem contra os animais são permitidas por TODOS os políticos, que se descartam deste assunto, preferindo discussões estéreis sobre outros temas.
Uma nota apenas: A Câmara Municipal do Seixal é um exemplo pela positiva, por ter sido a primeira do país a abolir o extermínio dos animais no seu canil, que tem óptimas condições e que conta ainda com o Grupo de Voluntários do Canil/Gatil do Seixal.

«Aproveito este espaço para vos fazer um Apelo!
Temos que agir em nome dos animais.
As pessoas que abandonam e mal tratam os animais tem que ser civil e criminalmente punidas. São histórias destas que se repetem por todo o Pais e não fosse a muita gente por este Pais fora que se dedica com toda a alma, o sofrimento de muitos animais ainda seria pior. Animais abandonados, maus tratos e não existem leis capazes para acabar com este tipo de situações.
Os nossos políticos tem sido incompetentes a todos os níveis e temos que ser nós a dizer BASTA BASTA BASTA!!!
Pagamos impostos suficientes para que as Câmaras tenham instalações condignas para os animais e pratiquem uma política de adoptação em vez do extermínio. Isto não resolve o problema. Para que isto não aconteça, e os criminosos fiquem impunes, apelo a que assinem e divulguem as 4 petições que estão on-line. 1. Petição Pela abolição das touradas e de todos os espectáculos com touros‏ http://peticaopublica.com/Peticao
2. Petição Alteração do estatuto jurídico dos animais no Código Civil http://peticaopublica.com/Peticao
3. Petição Abolição das touradas na programação da RTP http://peticaopublica.com/Peticao
4. Petição contra a utilização de animais em experimentação científica em Portugal‏‏‏‏‏ http://www.petitiononline.com/pob2010/petition.html
Isto é uma vergonha para Portugal. Por favor assinem e divulguem e nos ajude a acabar com esta barbaridade.
Podemos fazer história e um passo em frente em termos civilizacionais em Portugal. Temos que acabar com estes actos vergonhosos de tortura a animais indefesos. Todos juntos vamos vencer a ter um Portugal com gente mais humana e sensível.
Obrigada Isabel Oliveira»

sábado, 13 de novembro de 2010

Um assunto que interessou

Como parece que está na moda apresentar estatísticas, algumas bem estranhas pelo menos aos olhos de quem percebe um pouquinho disto, cá fica a página das entradas para o meu último post de ontem. Realmente, há mesmo assuntos que interessam a muitas pessoas.
É que também tenho o direito de ser um bocadinho vaidosa pelo meu blogue.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Atestado de estupidez ou a chico-espertice de alguns

Há uns tempos atrás ofereci ao Sr. Jorge Henriques Santos, excelso director do Jornal do Seixal, um dicionário. Mas agora parece-me que além desse precioso instrumento de trabalho terei também de lhe oferecer um calendário.
É que este senhor sempre teve um problema com as datas de saída do seu jornal. Para fingir que a sua edição era de sábado, apresentava-o com essa data, mas distribuía o jornal à sexta-feira, certamente por estar distraído, e claro, nem se lembrando que esse tem sido desde sempre o dia da edição do «Comércio».
Humor à parte há coisas que realmente me parecem querer ser simplesmente o passar de um atestado de estupidez da parte deste senhor aos leitores.
Senão veja-se isto:




http://www.roteirodoseixal.com/fileupload/pdf/JS%2099%20LR.pdf


Ou seja, a edição nº 99 em 7 de Novembro.
Já agora, tive acesso a este PDF de 7 de Novembro, porque o mesmo foi generosamente enviado para o email do jornal, pasme-se, a ... 6 de Novembro!!!

E quando chamei a atenção para o facto, esta foi a "educada" resposta:

Jornal do Seixal Clube de Jornalismo Nova Morada
paraComercio do Seixal
data11 de novembro de 2010 15:09
assuntoRe: Edição de Hoje do Jornal do Seixal
ocultar detalhes 11 nov (1 dia atrás)

"calha-te no sabes lo que dizes"
governa a tua casa e deixa a dos outros, mostra o que vales sem bateres o trilho de ninguém, se fores capaz...
jhs

Já conhece a versão digital do Jornal do Seixal?
vá a: www.roteirodoseixal.com
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E hoje, qual é não é o meu espanto, quando deparo com isto:


Ou seja, a edição nº 99 a 13 de Novembro (ou seja, para quem esteja um pouco distraído, amanhã). Muito convenientemente, claro, distribuido pelo concelho HOJE!

Pois, algum truque de magia? Ou simplesmente a tentativa de fazer os outros de parvos?

Mas eu até admiro estas pessoas, porque pelos vistos são tidos como a tal imprensa credível do concelho, apoiados e “ajustados”. Ao passo que os outros, os que lutam por se manter honestos são os alvos dos que nunca souberam o que era o verdadeiro jornalismo (ou não querem saber).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pequenas consolações

Ao ouvir ontem que os juros da dívida pública chegaram aos sete por cento, devo dizer que fiquei um bocadinho feliz.
É que agora são os nossos (des)governantes que sentem aquilo que as familias (e não só) sentem todos os meses quando nos dizem que as taxas de juro da Euribor estão a subir, ou que o preço do petróleo está também a subir, ou que o IVA irá passar para 23 por cento.
Bem sei que é uma felicidade falsa, porque é claro que não será do bolso destes senhores que irá sair o dinheiro para pagar estes aumentos.
Mas saber que eles estremeceram um pouco nas suas bases e sentiram o coração disparar com a subida da taxa da dívida pública é uma pequena consolação, mas gaita, é uma consolação.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

E viva a campanha eleitoral!!!

Quando recebemos a nossa carteira profissional, enviam-nos também um pequenino cartão com o Código Deontológico do Jornalista. É por essas regras que nos temos de reger na nossa profissão.
Já fui acusada por uma certa linha política de, através do meu jornal apoiar diferentes partidos políticos, sem que nunca tenham sido apresentadas provas (porque as não há, embora para alguns seja muito fácil debitarem bitaites sobre o assunto) através de uma personagem aviária. Uma linha que até agora estava habituada a ver plasmadas nos jornais apenas as suas ideias.
Os mesmos que também gostavam de dizer que o jornal pertencia a este ou áquele partido. E que tinhamos apoios deste ou daquele partido. Esquecendo, muito convenientemente, os apoios camarários a um certo jornal  quinzenal sem data certa de saída durante mais de um ano...
Mas este sábado vi, e viram muitas pessoas, algo que me deixou entristecida, mas também muito feliz.
É que a verdade vem sempre ao de cima, como o azeite.

Eu sempre cumpri o meu papel de acompanhar políticos profissionalmente mas NUNCA andei em caravanas políticas com o meu carro a exibir cartazes de apoio a candidatos nem andei a distribuir folhetos pelo concelho depois de ter obtido a minha carteira profissional.
Já o fiz, sim, noutros tempos em que nem o curso tinha. Fi-lo saindo de antigas sedes concelhias de um Partido que hoje muitos dos que se dizem pertencer-lhe nem têm ideia de onde ficavam e onde passei horas a roer as unhas enquanto aguardávamos os resultados das diferentes eleições, muitas vezes até altas horas da noite.
Agora andar abjectamente a arrastar-me atrás do candidato Fernando Nobre, a distribuir folhetos e a exibir bandeiras de Portugal ao lado do cartaz desse candidato, ao mesmo tempo que tem alardeado por aí ser "jornalista", é forte.
E é uma ofensa a todos os que lutaram para ter uma Carteira Profissional e pela dignificação desta profissão.
E é por causa destes "jornaleiros" que depois profissionais como eu somos atacados.

Agora gostava de ouvir as opiniões dos tais defensores de uma imprensa não amordaçada e não refém dos partidos políticos.
As opiniões sobre o facto de o director de um jornal andar em caravanas políticas, um jornal que até foi defendido por um suposto advogado que dizia em email a um "amigo" que os dois semanários do concelho até continham conteúdos susceptíveis de queixas em Tribunal.
As opiniões sobre o facto de este ter sido o único jornal sempre apoiado com anúncios camarários, contra a Lei de Imprensa e a Lei das Autarquias Locais. Escolhido, se calhar, pela sua "total" isenção política.
As opiniões sobre o muito que se disse de existirem «conflitos de interesses jornalísticos» por o mesmo "jornaleiro" ter revelado com enorme pompa a promessa de apoio de um candidato à imprensa local, na altura pretendendo assim fazer um favor a quem então o sustentava.
As opiniões sobre «os maus exemplos de jornalismo» e sobre também quem afinal andou a contar com o ovo no cu da galinha e que quando viu que o ovo não ficou «galado» virou o bico ao prego.
E já agora, gostava também muito de ver uma nova análise tal como a que foi realizada há uns meses atrás pela tal personagem aviática sobre os espaços ocupados pelos diferentes partidos em todos os jornais.
Era só para nos rirmos todos um bocado e para ver o que afinal mudou depois de 11 de Outubro passado.
Como dizia essa personagem aviária da blogosfera: «Custa-me presenciar atitudes mendigantes que roçam o ridículo à vista de todos.»

sábado, 6 de novembro de 2010

O Poizo do Besouro

Hoje fui até à Chamusca. Desta feita, a convite do meu amigo Joaquim Figueiredo que quis a minha presença num momento alto da sua vida, a apresentação do seu livro «Eu português impuro no Caminho de Santiago» na terra que o viu nascer. Uma apresentação que foi digna dele, e que durou perto de três horas com um vivo debate entre as pessoas presentes sobre fé, religião e o «eu».
Por isso lá rumámos, o trio maravilha até à brancura do Ribatejo, a uma terra que descobri ser lindíssima, porque até agora, confesso, só a conhecia de atravessar de carro.
Casas antiquíssimas, um lindíssimo jardim, um miradouro a que não me atrevi a subir porque tinha mais escadas que o Bom Jesus de Braga, e um cantinho muito agradável para comer, «O Poizo do Besouro» (e é assim que vem escrito no cartão que nos ofereceram à saída), localizado junto ao edifício da Câmara Municipal da Chamusca, recôndito mas bem sinalizado.
Mesmo ao lado, um paraíso para quem como eu adora antiguidades e velharias, embora não tenha visitado o espaço, mas ficaram-se-me os olhos na lojinha.
O espaço do restaurante é um antigo armazém de tectos altos em madeira e um verdadeiro paraíso para os «aficionados». Confesso que não o sou, e se tenho a música da tourada ou pasodoble no telemóvel é mesmo só por diversão.
Mas ali tive de dar o braço a torcer, porque desde das bandarilhas como centros de mesa aos inúmeros retratos de toureiros e cartazes antigos, juntando-se alguns equipamentos para montar a cavalo, tudo é um regalo para os olhos.
E depois, como orgulhosamente afirma a sua publicidade, há a deliciosa cozinha tradicional ribatejana.
O Figueiredo optou logo pela sopa de couve com feijão, tradicional da terra, seguida de um bife simples com arroz e batata frita como se fazia cá em casa (antes da pedra na vesícula e o colesterol acabar com essas loucuras).
Para mim e para a mãe, a partilha de umas migas de couve com bacalhau assado.
Já sabem que adoro isto, e mais uma vez não fiquei desconsolada. O bacalhau, salgadinho, assado no ponto, sem espinhas e com as tais migas de pão com couve e batata (sempre uma surpresa o que servem sob o nome de migas).
A acompanhar um vinho branco frisante e adocicado, perfeito.
A conta, nenhuma surpresa, uma vez que cada dose, suficiente para duas pessoas, rondava os 8 a 9 euros.
Aproveitamos para dar também um saltinho à feira da Golegã, nada daquilo de que tinha memória, porque tirando os cavalos, é igual a todas as outras feiras de agora. Mas enfim, ainda deu para comprar o tradicional bolo arrufado com coco (3 euros e mais de dois quilos).

Já agora, aproveito para dizer que o livro «Eu português impuro no caminho de Santiago» será apresentado no Seixal no próximo sábado, dia 13 de Novembro, no Fórum Cultural do Seixal, a partir das 15h00 (julgo) e contará com a presença do duo «Anjos».

PS – Interessante o nome deste meu post, embora eu nada tenha a ver com ele... mas parece que foram avistados por aí alguns besouros a poisar em novos poisos e esses “avistamentos” também explicam alguns mistérios concelhios e “jornalísticos”.
«Cada panela com seu testo, Cada terra com seu uso, Cada roca com seu fuso».

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

«Eleições no Rebenta Canelas»

Depois de uma semana de stress, não por estar a fazer a edição do jornal, que não temos esta semana, mas porque tive o meu afilhado muito doente com anginas e ouvir uma criança a perguntar «quando é que me passam estas dores» não é fácil, eis que volto aqui com algo mais ligeiro, como as «Redacções da Guidinha».
Já procurei pelo livro aqui na Biblioteca Municipal, mas não têm este, porque gostaria de voltar a colocar mais textos, intemporais como estes são.

«Eleições no Rebenta Canelas»

A Mosca de 6 de Outubro de 1973
(No final desse mês iriam realizar-se eleições para a Assembleia Nacional).

Ena pai o que para aqui vai por causa das eleições! ena pai! quem não conhecesse o Rebenta Canelas cá da Graça e visse o que está a acontecer até era capaz de pensar que valia a pena tomar conta dele e que os vencedores iam ganhar muito com a vitória! é claro que as pessoas que sabem como as contas andam o que querem é estar de fora ai não! enfim o melhor é eu começar do princípio senão ninguém me entende pois os sócios do Rebenta Canelas da Graça Futebol Clube vão votar uma gerência nova e há os que são do pró e os que são do contra os que são do pró votam na gerência que está à frente do clube e os que são do contra votam contra ela está-se mesmo a ver que não podia deixar de ser assim os que são do pró findam a colar cartazes a dizer que está tudo bem e como têm muito pilim andam a colar cartazes nas paredes nas árvores em toda a parte só ainda não colaram cartazes nas costas da gente porque os distribuidores não têm comissão nisso senão já estávamos cartizados que era uma limpeza os que são do contra coitados não podem colar cartazes porque se os colarem vão parar à chana por andarem a fazer propaganda contra a moral da Graça que toda a gente sabe que é muito boa mas isto ainda não é tudo não senhor o grande problema que há cá no clube é o do bufete que custa os olhos da cara aos sócios de maneira que há uns que querem o bufete e há outros que querem largá-lo esse é que é o grande problema mas não se pode falar nele não senhor porque a direcção não deixa os do contra podem falar disto e daquilo mas quem falar do bufete já sabe o que lhe acontece de maneira que as eleições do nosso Rebenta Canelas Futebol Clube da Graça são assim como um jogo de futebol em que seja proibido tocar com os pés na bola não sei se me percebem se não perceberam venham até cá ver o que se está a passar que eu prometo gargalhadas a todos mas de qualquer forma a Graça está a ser um bom exemplo para todos nisso de correcção somos todos tão correctos que nem sequer falamos das coisas que nos interessa não vá alguém ficar magoado em matéria de correcção ninguém nos leva a palma não senhor e os outros clubes podem pôr os olhos no que se está a passar na Graça porque se seguirem o nosso exemplo ficam como nós e se todos ficarem como nós deixamos de ser subdesenvolvidos porque como os outros começam a subdesenvolver-se ficamos todos iguais e ninguém nota que a gente é diferente o que é preciso é que os outros sigam o nosso exemplo palavra que o mundo vai ser bestial quando os Rebenta Canelas Futebol Clube de Londres de Paris de Nova Iorque e de Moscovo ficarem como o da Graça o que não se percebe é que eles não nos imitem sim não se percebe como é que eles vendo como a gente é bestial e sabe tudo não nos imitem às vezes penso que eles são parvos mas o meu pai diz que há uma data de anos que lê nos jornais artigos escritos por senhores bestialmente importantes a dizer que o mundo vai acabar por nos dar razão diz ele que anda a ler artigos há mais de quarenta anos e que o mudo não há meio de nos seguir o exemplo o que eu digo é que ou anda malandrice no caso ou que os directores do Rebenta Canelas estrangeiros não lêem o nosso diário de notícias da Graça quem sabe se eles falarão a nossa língua eu cá se fosse importante traduzia os artigos cá do nosso diário de notícias e mandava-lhes as traduções para ver se eles conseguem entender-nos é que se eles não seguirem o nosso exemplo vão continuar a minguar a minguar enquanto a gente cresce com as nossas boas ideias e daqui a uns anos somos uma grande potência e eles coitaditos estão todos subdesenvolviditos e lá se vai o equilíbrio do mundo sim porque quem sabe tudo somos nós e basta olhar para o diário de notícias cá da Graça para se ficar espantado com o nosso saber e com a ignorância dos outros mas além disso há outra razão para os outros seguirem o nosso exemplo que tão bons resultados está a dar e esse motivo é que é uma pena que este nosso exemplo que é tão bom e tão útil fique desperdiçado sem ninguém o aproveitar quando penso nisto que se está a passar de termos tão bons exemplos já que não podemos exportar mais nada pronto sempre exportávamos qualquer coisa cá por mim estou convencida de que a direcção ganha as eleições e que mais tarde ou mais cedo o mundo vai seguir o seu exemplo para bem da humanidade sim porque a Graça é um modelo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A lingua portuguesa pode ser traiçoeira...

Este texto é dos melhores registos de língua portuguesa que eu tenho lido, sobre a nossa digníssima 'língua de Camões', a tal que tem fama de ser pérfida, infiel ou traiçoeira e que me enviaram por email. Ah, as maravilhas da Internet!


Um político que estava em plena campanha chegou a uma pequena cidade, subiu para o palanque e começou o discurso:
- Compatriotas, companheiros, amigos! Encontramo-nos aqui, convocados, reunidos ou juntos para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou assunto, o qual me parece transcendente, importante ou de vida ou morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou junta é a minha postulação, aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara deste Município.
De repente, uma pessoa do público pergunta:
- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para dizer a mesma coisa?
O candidato respondeu:
- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto, como intelectuais em geral; a segunda é para pessoas com um nível cultural médio, como o senhor e a maioria dos que estão aqui; A terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele alcoólico, ali deitado na esquina.

De imediato, o alcoólico levanta-se a cambalear e 'atira':
- Senhor postulante, aspirante ou candidato: (hic) o facto, circunstância ou razão pela qual me encontro num estado etílico, alcoolizado ou mamado (hic), não implica, significa, ou quer dizer que o meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou mesmo rasca (hic). E com todo a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic) os seus haveres, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir direitinho (hic) à leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica ou à p... que o pariu!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Isto é economia de mercado?

Agora ao ver uma reportagem da Sic sobre os restaurantes, lembrei-me de uma conversa/discussão que tive ontem precisamente num restaurante.
Dizia a reportagem que estes estabelecimentos estão a sentir em grande a crise, porque as pessoas partilham doses ou vão para os pratos mais baratos. E depois, deparo-me com isto.
Tem a ver com a atitude de uma pessoa que gere um restaurante. Não vou dizer o nome, por uma questão de amizade pessoal, mas que me deixou banzada, deixou.
Já não é a primeira vez que lá vou acompanhada e estranho sempre os preços praticados, quando cá fora se anuncia que uma refeição completa é no valor de 7,50 euros.
E como normalmente até reclamo, hoje obtive a explicação por parte dessa pessoa.
Então é assim: se eu for sozinha, ou pedir uma dose só para mim, pago os tais 7,50 euros, com direito a bebida, café e sobremesa.
Mas se for acompanhada e pedir uma dose para duas pessoas, em vez de vigorar esse valor, já pago a dose «à lista». E tudo o que consumir além da dose, ou seja, pão, azeitonas, bebida, sobremesa e café, mesmo que seja apenas um de cada.
Explicação: porque sujam dois pratos e dois copos.
Entendo que se for almoçar dentro do esquema dos 7,50 euros e quiser mais uma bebida, um café e uma sobremesa, pague por eles. É óbvio.
Agora que por dividir uma dose (que diga-se são sempre generosas), tenha de pagar por lista, é que já não me cabe na cabeça.
E quando questionei isso mesmo, a resposta foi: quando tiveres um restaurante vais ver se não fazes o mesmo.
Faria? Nunca tive um restaurante, mas sei de uma coisa básica: só se enganam os clientes uma vez. E tentar fazer uns pagar pelos outros não é, na certa, economia de mercado.
E depois ainda há quem se queixe de que não faz negócio... mas se calhar a minha noção de honestidade é outra.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Liberdade de Imprensa

Eu sei que o Pedro Brinca me perdoa por publicar aqui um texto do Setúbal na Rede, mas é tão importante que não resisto, e aqui fica, com o devido link: http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=13257

Provedoria do Leitor

por João Canavilhas
(Membro da Provedoria)

Liberdade de Imprensa
Portugal caiu para o 40º lugar no ranking da liberdade de imprensa, uma queda de dez lugares neste ranking de 178 países elaborado pela associação Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Para chegar a este ranking, a RSF contabiliza vários critérios entre os quais a violência sobre jornalistas, censura, apreensão de equipamentos ou alterações legislativas tendentes a um maior controlo governamental dos meios de comunicação.
O resultado deste ano acaba por não ser surpreendente pois os últimos tempos têm sido pródigos em casos que deram visibilidade à guerra surda vivida no sector. Entre processos, roubos de gravadores, suspensão de serviços informativos e não publicação de crónicas, foram muitos os episódios elencados pela RSF no ranking deste ano, uma situação que se reflectiu na referida queda de dez lugares.
Com menos visibilidade pública, mas tão grave como os casos anteriores, são as atrocidades cometidas sobre a imprensa regional portuguesa. Conhecendo a debilidade económica dos jornais e das rádios locais, muitos autarcas tentam dominar a imprensa gerindo de forma habilidosa as verbas da publicidade, privilegiando os meios que lhes são favoráveis. O resultado é um espaço público mais pobre e um acentuado declínio qualitativo das democracias locais. Quem ganha com esta situação é a blogosfera que se tem vindo a assumir num espaço de opinião verdadeiramente livre.
Ainda recentemente a ERC apresentou um relatório que torna públicos os investimentos publicitários do Estado: o documento, que permite saber quanto recebeu cada meio/grupo de comunicação nacional, é um forte contributo para uma sociedade mais transparente. Também as câmaras municipais deveriam ser obrigadas a divulgar os seus investimentos publicitários nos media locais, uma situação que, digo eu, nos custaria mais alguns lugares no ranking da liberdade de imprensa.
João Canavilhas - 26-10-2010 09:16

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Rir da ignorância

O nosso presidente já respondeu uma vez que não sabia quantos Cantos tinha «Os Lusíadas»... por isso o mal não é só da nova geração.

Lusíadas

Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas' respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto', vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'. Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Como se discute o futuro deste país

Enviaram-me este cartoon, que acho excepcional.
No more coments.

sábado, 23 de outubro de 2010

Casa é onde está o nosso coração

Esta é uma frase batida, mas hoje realmente tive uma noção do que quer dizer. Fui dar uma voltinha até à Festa da Gastronomia em Santarém, porque por vezes temos de espairecer as ideias.

Já agora, não vale muito a pena... entrada por pessoa 2,50 euros, tasquinhas a abarrotar com doses a rondar os vinte euros (pessoa) e vi muitos pratos a ir para trás quase intocados, o que para mim serve como avaliação rápida da qualidade da comida. Na parte dos doces, tudo muito inflacionado, com um simples pastel de nata com a cobertura queimada a custar 1,50 euros.
Já a mostra de artesanato é sofrível, mas já vi igual numa simples feira em Cernache do Bonjardim (e onde não tive de pagar para entrar). Mas enfim, um dia não são dias e uma sandes à ganhão de presunto para duas pessoas e duas imperais, por seis euros fizeram a festa.
Mas o que me leva à frase que serve como título é tão simplesmente a foto que ilustra este texto.
É verdade, andava eu pelas artérias da Casa do Campino em Santarém quando me deparo com a foto que agora mostro.
Ao princípio, nem queria acreditar! Afinal, não estávamos na Expo, onde o Seixal tem estado representado em várias feiras, mas sim em Santarém!
E tive de ir perto do enorme painel para comprovar e tirar eu mesma outra foto. Fiquei tão contente que quando algumas pessoas que passavam estranharam estar a tirar a foto a um painel, com tudo o que se passava ali mesmo ao lado, lhes expliquei, orgulhosamente, que eu era do Seixal, que aquela era a minha terra.

domingo, 17 de outubro de 2010

O Cruzamento

E pronto, cá estou eu de volta às minhas lides gastronómicas, porque enfim, uma pessoa também tem de se distrair um bocado destas coisas de PEC, IVA, IRS e afins.
E então lá rumei eu hoje para terras alentejanas de Grândola, onde nesta altura do ano gosto de ir comprar, calculem, abóboras. Isso mesmo, abóboras. Ali mesmo a seguir a Alcácer do Sal, nas bancas que vendem à beira da estrada, costumo ir comprar abóboras e nozes para fazer o meu afamado doce de abóbora. E como este ano já estou a ver que ninguém me vem dar nenhuma porque estão a guardá-las para a sopa recomendada pela ministra da Saúde, achei por bem prover-me a mim mesma.
Lá fui, em passeio, devagarinho para aproveitar a gasolina colocada nas bombas do Jumbo e mais baratinha. E parei onde achei que havia as melhores abóboras. E já agora, uvas, peras, maçãs (é preciso aproveitar a viagem), cebolas, alhos, melancia, pimentos e, claro, abóboras, tudo pela módica quantia de onze euros.
E enquanto falava de almoço com a vendedora, que tal tinha sido a afluência de freguesia este domingo que nem tinha tido tempo de cozinhar um esparguete com tomate e atum, esta falou-me de um restaurante ali perto onde o marido tinha ido buscar o dito.
Antes disso, fiquei ainda a saber que a nora é natural de Arrentela e que ela até costuma vir passear para estas bandas, porque o marido trabalha no Alfeite. O mundo realmente é muito pequeno.
Mas vamos à paparoca.
Ora explicou-me então esta senhora que ali a meia dúzia de metros estava o restaurante «O Cruzamento», nome derivado do local onde ficava antes das obras de acesso à auto-estrada perto de Grândola. E como o restaurante que costumo ir, «As Três Irmãs» fecha ao domingo, aproveitei a deixa.
E em boa hora o fiz.
Parece ser um segredo bem guardado, porque só quem sabe é que lá vai, apesar de estar à beira da estrada, mas tem de se contornar a rotunda de acesso à auto-estrada, voltar para trás e então entrar no local.
Parece segredo mas não é, a julgar pelo número de pessoas que ali estavam já à espera. Mas como eu e a minha mãe ocupamos pouco espaço, foi fácil obter uma mesa.
As especialidades são Jantarinho Alentejano, pataniscas de bacalhau com arroz, carnes e migas com bacalhau assado.
E foi mesmo isso que pedimos. Antes, a vendedora de legumes tinha-nos avisado para pedir meia dose para as duas, mas arriscámos e vai de uma dose. Claro que trouxemos jantar. E por dez euros a dose apenas. Dose servida em duas travessas, uma com bacalhau coberto de azeite, alhos e coentros, desfiado e sem praticamente espinhas, mas com lascas de encher realmente o olho e assado na perfeição. As migas, secas como se chamam, de pão alentejano e rodadas sobre unto, para fazerem quase um bolo. Divinas.
Uma garrafa pequena de vinho de Borba, dois cafés e pão, tudo por 15 euros (mais o recipiente para trazer o jantar).
Um espaço um pouco barulhento, pela sua enorme dimensão, mas com duas salas mesmo que chegue com grupo grande em plena hora de almoço, não terá muito tempo de espera. E se tiver, pode sempre esperar numa salinha onde se vende artesanato e mel do Alentejo. Portanto, não perde nada.
E engraçado era ver as pessoas que, tal como nós, arriscaram a pedir uma dose, e levaram o tal restinho para o jantar ou alguns ossinhos para o cão. É que os tempos andam mesmo difíceis.
Uma ultima nota: o restaurante fechou hoje para férias e abre a 5 de Novembro.

sábado, 16 de outubro de 2010

A crise em plano inclinado

Hoje, em Plano Inclinado da Sic Noticias com Mário Crespo e com os convidados Tiago Calado, Medina Carreira e João Cantigas Esteves. Não vi do início mas acho que isto sumariza o que ali foi dito e aquilo com o que qualquer português com alguma inteligência concorda.
Tiago Calado referiu que a nova geração sofreu uma lavagem ao cérebro e pretende apenas ter estabilidade e trabalhar como funcionário público porque não foi ensinado a trabalhar e a esforçar-se para obter o que quer.
O Estado premeia quem não faz nada e vive de rendimentos e de subsídios, porque quem produz riqueza é tido como mal visto e por isso sofre na pele os aumentos e tem de pagar pela educação e pela saúde ao passo que quem vive de subsídios tem direito a casas à borla, saúde e educação. Mas depois fazem-se fortunas colossais com as parcerias publico privadas PPP que violam todas as regras do mercado. Se correr mal o Estado paga se correr bem ganho imenso.
O aumento dos impostos vai levar simplesmente a uma perda fiscal porque as famílias e as micro-empresas não vão ter capacidade para pagar e vão deixar de o fazer ou, no caso das micro e pequenas empresas, vão fechar. Diminui-se apenas a capacidade económica do país.
Será inevitável que venha o MFI e quanto antes, porque senão vamos levar um orçamento e vamos ter de sofrer mais tarde com a sua intervenção porque este orçamento não levará a nada.
Este primeiro-ministro faz uma enorme encenação e temos aqui uma ditadurazinha que até manda na comunicação social
O fim de certos organismos e a restruturação de outros só vai servir para pagar indemnizações a uns e readmiti-los daqui a uns meses.
Medina Carreira diz que não há ninguém com capacidade para liderar o país
Vamos ter um problema com as despesas sociais com a maior gravidade. O país está a saque e qualquer dia até vendem sapatos usados. Nunca pensei que o país pudesse ser dirigido desta maneira.
Há meses que ando a pedir para que chegue alguém à portela de Sacavém porque é preciso uma mão dura e de alguém que não fique cá a viver.
O problema é que a gestão do país está nas mãos de boys que estão no governo, entram como mendigos e saem como milionários.
Não vamos conseguir porque os partidos vão-se embora com o seu dinheiro no bolso no final do mandato e quem cá fica é que vai pagar.
O ataque ao poder é para colocar os amigos e pagar favores
Em 1924 foram buscar o Salazar porque o país estava na falência, e porque havia vergonha na cara.
E os partidos já não falam porque até o Passos Correia fugiu da reunião.
Vão reformular organismos públicos mas isso vai ser uma confusão porque ninguém vai saber quem são os chefes e não vão mandar ninguém embora, só vão remexer nas coisas. Isso é uma falsa questão e é uma mentira que não vai ajudar em nada a diminuição da despesa.

João Cantigas Esteves refere que a evolução da divida publica duplicou de 1999 para 2008 antes da crise no sector municipal e publico privado e nesse ano ainda nem se falava de crise.
Deve ser revisto o conceito de crime para o Estado para certas situações.
Toma-se um conjunto de medidas insinuando que as alternativas são piores e por isso nunca haverá uma alteração de fundo nesta gestão medíocre. É preciso rever a relação dos eleitores com os partidos políticos.

Já agora, acrescento eu apenas a opinião de um jornalista do Expresso num dos muitos programas e períodos de reflexão sobre o Orçamento, que dizia que será fácil a Pedro Passos Coelho não aprovar o Orçamento alegando ser contra o aumento dos impostos, levar o país a eleições e quando chegar ao Governo dizer que será preciso aumentar os impostos porque afinal as contas públicas estão pior do que pensavam.

Ontem como hoje

Português, ó malmequer
Em que terra foste semeado?
Português, ó malmequer
Cada vez andas mais desfolhado

Malmequer é branco branco
Que outra cor querem que escolha
Se te querem ver bonito
Por que te arrancam as folhas?

Por muito humilde que sejas
Malmequer ó meu amigo
Lá vem o dia da espiga
Que tens honras de trigo

Refrão
Malmequer tens pouca flor
Mesmo assim és um valente
Antes ser dez réis de flor
Do que ser dez réis de gente

És uma flor do povo
Vem do povo a tua força
Estás bem agarrado à terra
Não há vento que te torça

Refrão
Malmequer ou bem-me-quer
És a flor mais desprezada
Uns com muito, outros com pouco
E a maioria sem nada

És branco da cor da paz
Mas seja lá por que for
Há para aí uns malmequeres
Que andam a mudar de cor

Refrão
Regam-te a seiva com esperança
Mesmo assim não és feliz
Há muitas ervas daninhas
Que te atacam a raíz

Malmequer se fores regado
Num dia de muito Sol
Cresce, cresce, cresce, cresce
Para seres um girassol

Raul Solnado - 2001 - acabado de ouvir no programa de homenagem na RTP.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ai, ai

Estou como o Homer: Orçamento de Estado, PEC, aumentos na electricidade, IVA, IRS, IRC, preços da gasolina.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O mundo precisava de um milagre assim

Hoje é um dia muito especial.
Os olhos do mundo estiveram (e estão) presos à televisão, a seguir a aventura de 33 homens num ponto remoto do Chile.
Desta feita, as noticias dos telejornais não abrem com mortes e atentados. Abrem com a história de um milagre e da força de sobrevivência humana.
Hoje a esperança de um mundo melhor, onde a vida é celebrada, renasceu um pouco dentro de nós. Se fosse o mês de Dezembro, como o previsto, seria quase o milagre de Natal. Não foi, e ainda bem para aqueles homens e famílias.
Vi as primeiras imagens na sala de espera de um dos serviços do Hospital Garcia de Orta, caótica como as salas de espera não devem ser. No entanto, mal surgiram as primeiras imagens, imperou o silêncio, que permitiu ouvir a voz em off do pivot.
O silêncio de dezenas de pessoas naquela sala, que deve ter repercussão por todo o país. E hoje, um dia de destaque para a Igreja Católica, todos, crentes e não crentes, como eu, terão elevado uma pequena prece de agradecimento a um poder maior que consegue ainda provar aos homens que ainda há milagres.

P.S. – Milagre também necessário no tal serviço do HGO, porque não fui atendida uma vez que o doutor esteva num curso e alguém se esqueceu de me avisar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Menos salário, (ainda) menos justiça?

Hoje apetece-me só fazer uma pergunta:
Se até agora os juizes portugueses se dão ao luxo de libertar bandidos perigosos apanhados em flagrante porque não concordam com as alterações do Código Penal, o que irão fazer quando virem os seus ordenados reduzidos?

sábado, 9 de outubro de 2010

Todos na internet?

Cerca de dois milhões de portugueses que recebem subsídios da Segurança Social têm de prestar provas dos seus rendimentos através da Internet. Esta medida inclui beneficiários do Subsídio Social de Desemprego, abono de família e Rendimento Social de Inserção.
Ora este foi precisamente o tema de conversa que ouvi de um grupo de pessoas num café esta manhã.
Um casal de idosos questionava onde é que ia fazer a tal prova, uma vez que nem sabia ligar um computador.
Para isto, diz o Ministério do Trabalho e da Segurança Social que foram reforçados os serviços de atendimento da Segurança Social com quiosques de acesso à SSD, e que estão a ser recrutados jovens voluntários para dar apoio nas «zonais mais críticas».
As provas poderão ser feitas nas Lojas do Cidadão ou «em qualquer serviço de atendimento da Segurança Social».
Ora só alguém que nunca tenha colocado os pés num serviço da Segurança Social é que pode dizer algo assim.
Já aqui falei nas horas que lá passei por causa das pessoas que trabalham para a minha empresa. E a minha senha não é a do atendimento geral, cujo tempo de espera chega a ser de seis a sete horas.
Não é preciso qualquer exercício de imaginação (e não, ainda não fui verificar in loco), para perceber que um serviço que é caótico em “dias normais”, ficará indescritível com centenas de pessoas a dirigirem-se lá para fazerem a tal prova.
E quem é que vai fazer a formação, em cima da hora e do joelho, dos tais jovens?
É o que dá dizer para fazer e não saber como se faz.

Por outro lado, na mesma conversa, uma senhora ainda jovem dizia que estava aflita porque não sabia como iria fazer a prova relativamente ao abono dos filhos. Ao lado, a sua filha exibia um computador portátil.
Ora esta é que eu não engulo muito bem. Raras são as casas hoje em dia sem algum acesso à Internet. Também raras são as crianças que não tiveram o acesso ao Magalhães ou ao e-escola (e falo, claro, aqui no Seixal. Pelo menos, das várias crianças que conheço, todas tiveram essa benesse). E tirando idosos ou casos pontuais, quase todas as pessoas têm contacto com computadores (pelo menos aquela pessoa em causa tinha-o, claramente).
Agora pergunto, servem esses computadores e esse acesso à Internet apenas para brincar no Facebook? Também ainda não fui ao site da Segurança Social (felizmente, ou infelizmente, não preciso de fazer prova), mas a menos que os serviços estejam bloqueados, bastará um computador com acesso à Net, alguns conhecimentos básicos de trabalho online e poderá fazer a tal prova. Mas pelos vistos, para alguns é mais fácil aprender as regras dos jogos no facebook.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A alegoria da torrada

Sempre me espantou uma “habilidade” do meu pai.
Em minha casa adoramos torradas de pão alentejano, fatias grandes e grossas, torradas sobre uma chapa no fogão (digam o que disserem, não há torradeira que consiga dar tal gosto).
E a habilidade do Torres consistia em colocar um pouquinho de manteiga na ponta de uma faca pontiaguda, e com esse pouquinho de manteiga conseguia cobrir por completo a tal grossa e grande fatia de pão.
Eu e a minha irmã, mais gulosas, enchíamos o pão de manteiga, mas parecia que nunca conseguíamos chegar áquele cantinho ou áquela pontinha. E sentíamos um pouco de inveja porque a torrada do meu pai reluzia, completamente barrada com manteiga.
Anos mais tarde, percebi que foram as dificuldades económicas por que passara em criança e jovem que lhe ensinaram esse "truque".
Vem isto a propósito de hoje ter tido oportunidade de folhear com uma amiga fotos de outros tempos (do casamento dos meus pais, propriamente) e ela dizer que «eram outros tempos, e as pessoas tinham pouco, mas eram felizes».
É verdade. E agora, perto que estou dos meus quarenta anos, vejo isso.
Eram outros tempos, em que a recepção de um casamento era feita em casa, quando muito com o bolo encomendado numa pastelaria e os vestidos e fatos feitos na modista, mas todos podiam fazer a sua festa e receber amigos e familiares, sem se endividarem até aos cabelos.
Eram os tempos em que uma ida ao cinema era uma festa, uma noite num restaurante acontecia uma vez por ano, e o Natal era verdadeiramente Natal (um bocado da massa de filhoses para brincar fazia-nos muito felizes na noite de Consoada) e os vizinhos trocavam entre si pratos dos doces de Natal.
Nessa altura, quer fosse por força das circunstâncias ou da lei, as pessoas ficavam juntas, nos bons e nos maus momentos.
Agora vemos crianças que só exigem dos pais, casais que à primeira discussão se divorciam, pessoas que só trabalham para ter o último modelo de telemóvel.
Estamos melhor? Não sei.
O que sei é que aquela torrada completamente barrada apenas com um poucochinho de manteiga me metia inveja perante a minha, com montes desta mas com muitos “buracos” no pão (e que agora resultou numa pedra na vesícula...).

P.S. – E com este discurso da austeridade e do pobrezinho não quer dizer que sou a favor do tal PEC 2 ou 3 ou o raio que os parta. O que eu diria aos seus autores é onde é que o podiam enfiar... e o recado era o mesmo para quem vai abster-se e para os restantes que, apesar de todas as campanhas políticas, ainda não conseguiram, em trinta e seis anos, libertar Portugal do mesmo «chove e molha».

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Porque

A pedido de várias familias e porque eu também já nem acredito no Pai Natal e porque me estava a meter raiva o post anterior e porque eu gosto, aqui fica mais uma das «Redacções da Guidinha» (não sei o ano).

Pai Natal


Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não interessa a ninguém e muito menos a esta vossa GUIDINHA que não está cá por ver andar os outros.

Gente que mete nojo

É verdade, há ainda gente que me mete nojo.
E se não gosto de misturar aqui neste blogue que é pessoal, situações que acontecem com o jornal que dirijo, (apesar de certa "gente" não o compreender) há coisas que não posso deixar passar ao lado.
Hoje, às 16h19 recebemos no nosso email uma mensagem que exprimia o suposto desagrado com uma situação levada a cabo por outro jornal.
Tudo bem, cada um tem o direito à sua opinião e até nem é a primeira vez que se nos dirigem sobre isso.
Mas isto ultrapassa tudo. É que o email vinha com a assinatura do «Comércio», como podem ver no nosso site em http://jornalcomerciodoseixalesesimbra.wordpress.com/2010/10/04/alerta-para-uso-indevido-do-nome-do-%c2%abcomercio-do-seixal-e-sesimbra%c2%bb/
Nem há palavras para descrever um acto destes. Pessoas ignóbeis, rascas e nojentas que não conseguem vingar na vida de outra forma e tentam assim denegrir terceiros.
Mas como por vezes o Diabo ainda está do nosso lado, segui os mesmos passos que com um outro email, retirei os dados do IP e já foi feita uma queixa à Judiciária de Setúbal. Pode não dar em nada, mas o que não posso é deixar passar em claro estas coisas.
Que haja quem tenha medo de encarar de frente os que considera como "inimigos", é uma questão de «tomates», mas isto é pura javardice de pessoas que nem o nome de cobardes merecem.
Pelos vistos, o jornal que dirijo continua a meter medo...

domingo, 3 de outubro de 2010

As (ainda) belezas de Belém

Uma das coisas que mais gosto é visitar museus e palácios. E por isso, quando ontem a minha mãe me falou de que durante estes dias o Palácio de Belém ia estar aberto ao público e com uma exposição sobre a República, não hesitei.
Hoje, cedinho e depois de ir fazer o passeio semanal do Belchior, apesar da chuva e do vento, aí fomos até Belém, convencidas que seria uma visita tranquila. Até porque é meu lema visitar alguns locais no domingo de manhã, por ser grátis e por assim evitar os passeios em família das tardes de domingo.
Mas hoje o mesmo pensaram muitos outros portugueses e estrangeiros.
Dezenas de pessoas enfrentavam a chuva forte para esperarem à entrada (livre), mas antes da qual tínhamos de passar por um detector de metais. E como os portugueses não estão habituados a isto em edifícios públicos, foram muitos os risos e as surpresas por verem que uma simples fivela de cinto fazia disparar o alarme.
Felizmente os agentes da autoridade levavam as coisas levemente e lá iam brincando com as situações. É que aquela coisa era mesmo muito sensível.
Depois começava a visita, obrigatoriamente por um corredor de quadros de vários artistas até aos nossos dias, seguindo-se as salas e depois o resto do edifício. Lindo. E com muita simpatia da equipa que ia dando indicações.
A chuva parou um pouco e pudemos dar uma volta pelos jardins com lagos, um deles com dezenas de peixes.
A seguir visitámos a exposição dos 100 anos da República, enquanto cá fora se preparava o cenário para um programa da RTP. Como tivemos de esperar um pouco, lá fomos sabendo por parte de um membro do staff que o local eram as antigas jaulas de jaguares e panteras, por isso exíguas e as portas de ferro ainda lá estão.

Nesta, alguns objectos, simples por si só, contam grandes histórias.
Entre eles uma agenda marca, ao lado de uns óculos e uma caneta, uma data fatídica. São pertença de Sá Carneiro.
Ali ao lado, um rádio de Oliveira de Salazar, um manuscrito de José Saramago do Memorial do Convento e litografias originais de Álvaro Cunhal, bem como uma parte da farda do General Sem Medo (apesar de gostar muito de lâminas, não sei se a designação desta será de punhal).
Um pouco mais adiante o Museu da Presidência, com os quadros de todos os presidentes, as prendas dadas e muita História. Os quadros percorrem os cem anos de República, e também os gostos em termos artísticos, porque temos de tudo, desde os clássicos ao quadro quase fotográfico de Ramalho Eanes, ao de Paula Rego de Jorge Sampaio, e ao que tanta polémica deu de Mário Soares, de Júlio Pomar (na minha opinião, muito giro para a sala de jantar do senhor mas inapropriado para uma galeria como esta, mas são gostos).
Muito interessante e informativo. Infelizmente, com demasiada gente hoje, e com a característica falta de civismo. Mãos nas vitrinas, conversas ao telemóvel em altos gritos frente a vitrinas que outros queriam ver, horas a apreciar uma simples jarra, miúdos a correr escadas abaixo, enfim... Muito triste.
No computo geral, no entanto, o balanço é extremamente positivo.
Apesar dos pesares, foi também interessante ver como as pessoas respondem a estas iniciativas, quando, diga-se de passagem, não estavam a ser vendidas farturas ou coisas a metade do preço. O que prova que as pessoas realmente querem ver e saber mais.
Eu gostei e recomendo.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mexilhão ó Mexilhão

Depois das 20h00 de ontem, só me apraz dizer uma coisa: quem se lixa é sempre o mexilhão!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O sapo queixinhas

Há um «queixinhas» em todas as escolas de segunda porque nas de primeira como ninguém lhes liga eles desistem e têm de fazer qualquer coisa seja o que for para as pessoas darem por eles sim porque o que eles querem é dar nas vistas dos professores seja como for porque a natureza que é uma coisa que há à volta da gente nem sempre ara não dizer quase nunca ajuda os Queixinhas à nascença pois o que eu estou a dizer é que nós na minha escola temos um «queixinhas» que deve ser dos melhores que há porque este é que é dos tais que se não fosse «queixinhas» não era mesmo mais nada mas é que mesmo mais nada porque  não sabe nada de ciências nem de literatura nem de matemática nem de desenho nem de línguas sim porque nisso de línguas só sabe dizer oui oui oui e mesmo quando diz non a uns é porque está a dizer oui a outros e de historia só sabe umas quantas coisitas que lhe convém saber ou que julga que lhe convém saber e como é surdo não ouve a história a acontecer à volta dele e vai para  ver se alguém vê que ele existe principalmente os professores sim porque este nosso «queixinhas» é dos tais que só fala para os professores o ouvirem porque os professores são os únicos que não largam a rir às gargalhadas porque precisam de manteiga como a gente não precisa está-se nas tintas para os ecos dos defuntos e ele não passa dum defunto que só ainda não foi enterrado de vez porque lá na aula temos tudo menos cangalheiros pois este nosso «queixinhas» tem duas coisas que ninguém mais tem uma é que parece um sapo cheio de peçonha e outra é que os professores lá porque ainda ninguém percebeu de vez em quando pegam nele e deixam-no sapar para quem não conhece a língua dos animais explicamos que sapar é falar a língua de sapo pois deixam-no sapar se calhar porque julgam que a gente ouve o que ele diz quando a verdade é que a gente quando ele sapa  com aquela cara de sapo que a natureza lhe deu para ir bem como o que ele tem em vez de miolos desliga que é o mesmo que dizer que se põe a jogar à batalha naval ou ao galo mas enfim os professores põem o sapo a falar e ele fala o que é o mesmo que dizer que está calado porque uma coisa é falar e outra é fazer barulho com a boca pois este «queixinhas sapo» que nós temos lá na aula como nunca fez nada que valesse a pena a gente ver para se tornar notado inventa escândalos contra este ou contra aquele e fica todo contente ao ver que os professores castigam aqueles contra quem fez queixa coitadito não se lhe pode levar a mal porque se não fizesse estas coisas não fazia mesmo nada porque não é capaz de fazer nada coitadito que é muito fiel à cara e aos miolitos de sapo que a natureza lhe deu mas quando faz estas coisitas de sapo fica todo contente o que até é justo sim porque se os sapos não fazem coisas de sapo que diabo é que eles hão-de fazer? pois este nosso «queixinhas sapo» coitadito para dar nas vistas dos cegos e digo isto porque os outros nem olham para ele tem de inventar escândalos e anda todo o dia com os olhitos de sapo muito abertos a ver se arranja uma coisita qualquer que ele possa aldrabar para caçar o olho aos professores a não ser quando trabalha de encomenda que é quando o professor de literatice mas que a gente não sabe se encomenda alguma aldrabicesita contra este ou aquele e vai ele coitadito satisfaz a encomendazita para ganhar a vidita de sapo pois este é bestial nisso de inventar queixitas para dar nas vistas dos ceguinhos uma técnica que ele usa muto é andar a ver o que a gente escreve nas paredes sim porque cá na nossa escola ou se escreve nas paredes ou não se escreve em parte nenhuma por exemplo a gente por exemplo quer escrever numa parede vai logo dizer aos professores que a gente ia escrever ABAIXO O PROFESSOR DE MATEMÁTICA a gente por exemplo quer escrever numa parede que os burros se aproveitam das aulas para dizer burrices e ele vai dizer aos professores que a gente está a achincalhar as aulas enfim coitadito ninguém se pode espantar porque o que seria de espantar seria que ele não saísse à natureza e dissesse coisas inteligentes mas isso coitadito teria de pedir a inteligência emprestada aos amigos e ficava tão mal servido como se usasse a dele o que é engraçado é que ele coitadito não percebe que toda a gente se ri dele e continua com as suas «queixinhas» a dar vontade de rir a toda a gente mas a vida é o que é nestas escolas de segunda e não há nada a fazer o que vale é que a gente com estas queixitas todas vai para o céu olá se vai porque nestas coisas eu acredito numa justiça divina e assim como nestas escolas de segunda são um céu para os burros.

Luís Sttau Monteiro
«Crónicas da Guidinha» in «A Mosca», 16 de Dezembro 1972.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Informação ou formação?

Num ano em que Portugal viu uma enorme área florestal ardida, um flagelo que o Seixal também sofreu, deveria pensar-se que as autoridades ficassem satisfeitas com o facto das pessoas estarem alertas para certas situações e as denunciassem ou para elas alertassem quem de direito.
Pois devia.
Mas a realidade não é bem assim.
Ou então, não é aos cidadãos que falta a formação mas sim a alguns membros das tais autoridades.
Senão vejamos: contaram-me que hoje uma pessoa em Fernão Ferro detectou um foco de incêndio em mata, junto à antiga fábrica do Pavil, zona do concelho que tem sofrido bastante com este flagelo.
Como cidadão consciente que é, ligou de imediato para o número de emergência e informou do que se passava, bem como do facto de ter visto um indivíduo a sair do local.
Mais tarde, já em casa, o som de sirenes deixou-o alertado e entendeu que devia ir ver o que se passava. Chegado ao local, e com o espírito de jornalista que muitos têm, puxou da máquina para fotografar a acção das forças no local.
Logo foi disso impedido por um membro da GNR, que lhe disse que não podia fotografar o que ali acontecia.
Explicando que até tinha sido ele a dar conta do incêndio, eis que ouve algo como isto:
“Não sei porque é que tiveram de chamar as autoridades para um simples colchão a arder! Já viu a quantidade de homens que aqui está?”.
Este cidadão ficou perplexo.
Então, se vir um foco de incêndio em mata, com um suspeito a sair do local o que se deve fazer?
Parar o carro, ir ver o que está a arder e só depois chamar as autoridades? E se o fogo for pequeno, devemos ser nós a apagá-lo para não incomodar Bombeiros e forças policiais?
É óbvio que terá respondido à letra, mas mesmo assim fica um amargo de boca de ouvir um “agente da autoridade” lamentar assim que um cidadão cumpra a sua obrigação, evitando que mais área tenha ardido ou até, quem sabe, casas ou vidas humanas tenham sido perdidas.
Era um colchão a arder, mas com o tempo seco que tem estado (ou estava até à pouco, agora chove e bem), não ficaria a arder apenas por ali.
É mesmo caso para dizer: “Que falta de formação, senhores!”.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nem pílula, nem dourada

Ontem seguia uma reportagem televisiva sobre o aumento do preço dos medicamentos e a cessação da comparticipação financeira do Governo sobre os mesmos.
Achei muita piada à reportagem porque a jornalista referia que tinha sido difícil encontrar idosos para entrevistar que tivessem a dita comparticipação.
Ora desta situação só se tiram três ilações: Ou a jornalista procurou mal, ou os nossos idosos têm pensões de reforma tão elevadas que nem precisam dessa benesse do Estado.
Ou então será que os medicamentos que têm a tal comparticipação são daqueles que poucos usam?
Não sei. Felizmente raramente tomo medicamentos, e o mesmo com o resto da minha família. Ainda sou daquelas que usa e acredita no poder curativo de algumas plantas e felizmente quando entro numa farmácia normalmente é para comprar a velha aspirina.
Mas ainda há alguns dias falei aqui da situação de uma velhota que chorava na farmácia por não ter dinheiro para pagar os medicamentos.
Onde estava então essa comparticipação?
E saberá o Governo que um medicamento que um idoso agora passe a pagar, por exemplo, oitenta cêntimos em cada caixa, e que tenha de tomar duas caixas por mês, são 1,40 por mês? Dezasseis euros e oitenta por ano? Isto para quem não pode comprar duas carcaças para não sair do orçamento de uma pensão de miséria.
Saber sabe.
Mas é tudo em nome de uma crise económica em Portugal de que já falavam os meus avós.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Com ou sem véu

O Senado francês aprovou nesta terça-feira por 246 a favor e um contra a lei que proíbe o uso em lugares públicos de véus islâmicos que cubram total ou parcialmente o rosto da mulher.

A lei estabelece que a mulher que usar o niqab (véu que deixa apenas os olhos de fora) ou a burca (que cobre os olhos com uma espécie de rede) estará sujeita a uma multa de 150 euros e poderá ser obrigada a fazerem um curso de cidadania francesa.
Os homens que obrigarem as mulheres a utilizar esses véus podem ser condenados a multas de 30 mil euros e a penas de até um ano de prisão.
O argumento utilizado é que se trata de respeito aos «princípios republicanos».

Para mim, esta questão tem dois aspectos.
Por um lado, um país terá o seu o direito de proibir algo que considere ofensivo à sua moral ou religião. Afinal, não o fazem os países muçulmanos, exigindo códigos de vestuário mesmo aos estrangeiros, em especial as mulheres? E quem viaja ou trabalha lá não tem de obedecer no uso de véus, lenços ou afins?

Por outro lado, todos, e mesmo todos, devem ter o seu direito a usar o que pretendem, em especial quando em nome de uma religião. Afinal, não é um véu menos chocante do que alguns indivíduos que se desfeiam, para serem diferentes, com alterações corporais ou vestuário? Se esses podem marcar a sua diferença e as suas crenças, porque não o podem fazer as mulheres muçulmanas com os seus véus?

E não será isto um primeiro passo para outras proibições religiosas e até políticas?
A perseguição aos judeus começou por bem menos...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

«Levas um chapadão!!»

Quando pensamos que no séc. XXI atingimos a perfeição (ou quase) da humanidade, com todas as tecnologias disponíveis e com toda a informação que está ao alcance de um dedo, ainda há coisas que nos surpreendem.
Ontem, durante uma saída de tarde para tirar umas fotos deparei-me com duas situações interessantes e que não posso deixar de falar aqui.
Em plena Avenida Carlos Oliveira, na Arrentela, passeava calmamente um cavalo pela zona arrelvada junto à Quinta do Falcão. Atravessou inclusive a estrada, fazendo os carros e as pessoas pararem em pasmo. Depois, calmamente, seguiu de novo para a zona de mato e por ali ficou.
Um cavalo a passear calmamente numa zona de prédios aqui no concelho ainda me arranca sorrisos.

Depois, mantendo a mesma linha de pensamento, poderíamos ter a certeza que neste ano de 2010 as mentalidades dos mais jovens seriam diferentes, mais abertas, menos racistas ou homofóbicas.
Mas pelos vistos não.
Um pouco mais tarde, junto à biblioteca municipal, um casal de jovens de cerca de 16 anos, bem apessoados, discutia de forma acesa sobre se entravam ou não. Ela dizia que não queria, ele que sim. Entre frases repetidas em alta voz, eis que escapa ao rapaz um «Cala-te ou levas um chapadão!!». E ela calou-se. Não vi se entrou, porque fiquei com as entranhas em fogo e preferi arrancar com o carro.
Afinal, nesta época de desenvolvimento, parece que a educação e a igualdade entre géneros ainda é algo que não passa do papel e as mulheres, depois de tanto soutien queimado, ainda se calam à ameaça do «Levas um chapadão».

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Dossier Flamingo

Há dias assim, em que temos a certeza das nossas certezas. E hoje é um desses. Ao dar-me conta de mais um post do carissimo personagem "J.S. Teixeira", tive a prova que tal personagem só existe para atacar os que os seus patrões temem.

Neste seu novo post já dá não diz que o Dr. Paulo Edson Cunha é dono, senhor e patrão do jornal que dirijo, mas agora que o nosso representante legal! O que será a seguir? Senhorio?

Primeiro, além de ser falso, o que é que esta personagem, ou melhor, os seus bonequeiros têm a ver com isso? Será que também proibem um destacado deputado municipal da CDU, também ele advogado, de escrever para um outro jornal e prestar serviços legais ao mesmo? Se calhar não, porque esse jornal até tem contratos de adjudicação directa com a Câmara Municipal do Seixal (escusam de procurar, não estão publicados).

Durante 74 dias esperei que o personagem “J. S. Teixeira” marcasse o tal encontro comigo, no qual eu lhe pediria desculpas pessoalmente por acusar de ser “quem não é” e de o ameaçar com “os cinco mandamentos no focinho” (E até nem vale a pena referir aqui que, se ele alega que eu não o conheço, como poderia tal recado ser-lhe dirigido?).

Até prometi não levar os capangas que ele tanto temia, não revelar a sua identidade e ainda pedir desculpas no meu blogue, publicamente, por aquilo que tanto o “ofendeu”.
Antes disso, já tinha sido intitulada como «RAINHA», com outra imagem de uma porca (um pouco de falta de imaginação não acha, caro “J.S. Teixeira”?) porque alegadamente ofendi tão distinta personagem dizendo que ele queria escrever para o jornal que dirijo, o que provocou uma reacção tão ou mais indignada do que a de uma virgem ofendida na sua... “virgindade”.

Montagens que devo dizer são muito boas, e que eu conseguiria também se tivesse um gabinete de informática para me auxiliar.

Fui fazendo a contagem desde o dia em que coloquei no meu blogue pessoal o tal desafio. E reforço isto, BLOGUE PESSOAL, porque este personagem e os seus mandantes têm sempre, muito convenientemente, confundido o que digo aqui com o meu papel profissional como directora de um jornal que tinham esperanças que tivesse acabado em Outubro de 2009.

Mas temos então que alguém que tem tal coragem e arrojo na INTERNET, terá igual coragem para enfrentar e provar EM PESSOA as mentiras de que me acusa.
Seria então normal que o “J.S. Teixeira” a quem, como se vê, não falta a dita “CORAGEM”, aceitasse encontrar-se comigo.

Mas não.

Temos então que “J.S. Teixeira” não se pode encontrar comigo pura e simplesmente porque, como toda a gente com dois dedos de testa sabia desde o início dos seus ataques NÃO EXISTE.

É simplesmente uma PERSONAGEM inventada, bem coordenada e informada por certas ENTIDADES políticas do concelho do Seixal.

E sim, “caro J.S. Teixeira”, continuo a afirmar que a sua personagem tem sido interpretada por um coordenador de um gabinete camarário no Seixal, conforme você já se desmascarou e se tem desmascarado várias vezes e de tal forma nem disfarça, que chega a levar muitas vezes os ouvidos a arder.

AGORA O RECADO FINAL:
Aos coordenadores e mandantes da marioneta "J.S. Teixeira”:
Já não escondem a cobardia das vossas acções. Nem das vossas identidades.
Por isso podem continuar com montagens e inventando as mentiras que quiserem, derramando (uma das mentiras que foi lançada por esta personagem sobre o meu percurso profissional tem a ver com uma história que lhe foi (mal) contada por um dos seus orientadores/pagantes e que envolve o imposto de DERRAMA no Seixal) as histórias que quiserem.
Continuem a tentar desviar as atenções e as verdades através de montagens e mentiras, única forma por vós encontrada para combater quem neste concelho faz frente a poderes instituídos, algo a que não estão habituados e de que, infelizmente, a história no concelho tem demasiados exemplos.
A vossa resposta cobarde será mais uma montagem (uma baleia? porca? burra?) porque vos é impossível encarar de frente aqueles a quem temem e por isso odeiam.
A minha resposta será sempre a procura da verdade, que tanto vos perturba e por isso tentam atacar de todas as formas possiveis.

E claro, senhores coordenadores do caro “J. S. Teixeira”, se se sentirem ofendidos por tudo o que digo, avancem com um processo-crime por difamação.

Será mesmo muito interessante ver quem assinará a queixa, que provas vão apresentar e que advogados vão defender o vosso caso.