segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Que giro!


Quem me conhece sabe da minha paixão por banda desenhada.
Desde os tempos da escola preparatória, quando um dos meus colegas comprava os livros da Marvel, e que durante o caminho para casa iam sendo lidos, parando nas portas dos prédios para ler avidamente as aventuras dos X-Men, do Wolverine, bem, sabem de que falo.
E depois há os canais de televisão, com as suas séries animadas, desde aquelas mais infantis no canal Panda, aos Marretas (querida, querida Miss Piggy) a outras mais "adultas" como o Family Guy.
E ontem descobri uma dentro desse género, e com uma personagem que adorei. Falo do American Dad, que na sua estupidez desmascara também algumas coisas da sociedade americana.
E o Roger, um alienigena, então, é uma delícia, pelas multiplas personagens que ele próprio cria de si mesmo.
A sua cara e o seu transformismo é-me vagamente familiar...
Mas a série é boa para dar umas boas gargalhadas, nestes tempos de embustes.

sábado, 28 de agosto de 2010

Valham-me todos os santinhos!

Eu meto-me em cada uma. Realmente.
E não, não estou a falar aqui no tal encontro que ainda estou à espera, mas isso é outra conversa.
Agora falo de mim e da minha mania de que sou capaz de fazer um pouco de tudo.
Mas comecemos pelo princípio, ou seja, a preguiça do meu pai. Pois, era uma pessoa porreira, mas muito preguiçoso. E assim que começou a ver que eu até achava piada em mudar candeeiros, pintar paredes ou andar com um berbequim nas mãos (sempre achei que ficava sexy com um), vá de me ensinar a fazer isso tudo.
E claro, depois vem também a minha teimosia em entender que se há forma de fazer aquilo, eu posso. É cá uma forma de ser.
E ainda mais claro, é o facto de cá em casa não haver agora mais ninguém para fazer as coisas, e menos ainda fundos para mandar vir cá alguém para mudar um candeeiro ou pintar uma sala.
E foi isso mesmo que ontem andei a fazer, a pintar uma sala na casa da minha mãe. Depois da odisseia de férias que foi limpar os tectos, agora deu-me para pintar a sala. Há dois anos pintei os móveis em madeira, mas isso foi uma brincadeira comparado com isto.
Cruzes.
Posso dizer que a tinta barata do Continente até é muito boa e limpa-se bem. Felizmente. É que nem com jornais (daqueles que só servem mesmo para isso, como os do supermercado passadas as promoções, claro, de quais é que havia de estar a falar?) espalhados pelo chão me livrei de salpicar tudo. Mas um pano húmido e o assunto ficava resolvido.
Pior mesmo foi ter dado cabo do estore ao puxar tudo para cima, e lá vai mais meia hora a resolver a situação (felizmente mais uma das aulas do meu pai).
E pior ainda foi ter partido o candeeiro da sala. Sim e logo daqueles de vidro preto, com faisões a imitar a louça chinesa, que já estiveram na moda, mas agora será impossível encontrar um novo para substituir. Aqui nem todas as aulas ou cola da loja chinesa podia resolver o assunto. Ai, ai.
E depois vá de pegar no rolo e na trincha e, como se diz em bom português, «lá vai alho».
A sala ficou bonita. E eu também. É que nem todos os exercícios no ginásio nos preparam para isto. Rolo acima, rolo abaixo, trincha para todos os lados, e o resultado foi uma dor nas costas terrível, e as mãos inchadas.
Mas também a satisfação do dever cumprido. E mais uma das coisas a fazer que tiro da minha lista. Mas palavra que para a próxima, vou ver se compro uma pistola de tinta e despacho a coisa. É que isto dói e de que maneira.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Caim e Saramago

Se o valor de um artista se mede pelo preço das suas obras, então José Saramago está em alta em Espanha.
Um amigo meu passou por lá e numa livraria ficou pasmo pelos preços que os livros deste autor atingem.
Pasmo porque ali ao lado havia outras obras bem conhecidas por cinco ou dez euros, ao passo que os livros de Saramago chegavam a ultrapassar os trinta euros.
E também porque dias antes tínhamos visto ambos os preços dos mesmos livros numa livraria num espaço comercial aqui no Seixal, e não chegavam aos 15 euros.
E o interesse desse amigo em Saramago devia-se ao facto de eu lhe ter recomendado vivamente o livro «Caim».
Emprestaram-me este livro um destes fins-de-semana, e não consegui parar de ler, quer à noite, quer até na praia, deixando para segundo plano os meus muito apreciados banhos de mar.
Não tão profundo como outros, mas de uma enorme sabedoria popular.
“Uma mistura entre a série «Quantum Leap» e um alentejano” foi a forma que encontrei para o descrever a esse amigo.
Quem não se lembra da série com Scott Bakula, do Passageiro no Tempo? Pois tenho a certeza que Saramago se baseou um pouco nessa personagem para o seu Caim. O resto, bem, este Caim é um autêntico alentejano.
Passo a explicar, e como tenho uma costela (ou costeleta, como alguns diriam logo) alentejana, conheço a forma de pensar destas gentes.
Uma fé profunda na natureza e num deus que acreditam não ser benigno, e por isso mesmo repudiam, mas do qual não se conseguem afastar. É uma fé sem fé, de gente sofrida que viu muito e que não aceita nem se verga a injustiças nem deixa de agir quando acha que tem razão.
Assim é este Caim de Saramago.
Devo dizer que ri muito.
Em especial no fim do livro. Acho mesmo que é o mais cómico livro de Saramago, porque é assim que deve ser encarado, como uma alegoria, onde se mistura muita da sabedoria popular do povo português.
E se me tinha rido com a conversa entre Jesus, Deus e o Diabo no «Evangelho Segundo Jesus Cristo», quase chorei de riso com a cena final deste livro, que inclui o fim do mundo e a arca de Noé (e não, não é por causa do dilúvio...).
Vale a pena ler, em especial por pessoas que se levam demasiado a sério.

Post Sriptum: Só para dizer que as obras de José Saramago para mim não têm preço, pela sua profundidade explicada de forma popular, pelas suas histórias, enfim, até por não nos cansar com pontos, virgulas e afins.
«A Caverna», «Ensaio sobre a Cegueira», «O evangelho» e a «Bagagem do Viajante» sempre foram os meus favoritos. Agora acrescento «Caim». Obrigado, Saramago.

domingo, 22 de agosto de 2010

Até ver o padeiro

Há coisas que, neste nosso mundo urbano e mundano, ainda nos parecem incríveis quando as ouvimos ou presenciamos. E não por serem admiráveis ou extraordinárias, mas apenas porque já as consideramos como sendo do passado.
Isto tudo para falar sobre a Adega Silveira em Nafarros.
Pois é, já há algum tempo que não falava aqui de restaurantes (e confesso que estou em falta por não ter ainda falado da prata da casa aqui no concelho, onde temos muitos e bons restaurantes, mas isso lá chegará).
E por isso, hoje falo aqui da Adega Silveira, em Nafarros, bem junto à Serra de Sintra.
De uma taberna de caçadores, a um pequeno espaço de comidas e petiscos, é hoje um enorme restaurante com duas salas e cerca de duas dezenas de empregados, entre os quais os filhos e netos do Sr. Silveira.
Do alto dos seus mais de oitenta anos, é ele que rege a dança das mesas, quem levanta os pratos e quem troca algumas palavras com os clientes. E se descobre que gosta de caça, então a conversa está feita para a tarde.
Os pratos típicos são o cozido (infelizmente tenho de dizer que já comi melhor) e o cabrito assado, e uma mesa de sobremesas feitas na casa que são um regalo. Tudo isto levam a que, se não chegar antes do meio-dia ou marcar mesa, se pode preparar para esperar por uma mesa bastante tempo, além de se arriscar a ter de estacionar longe.

Mas o que me levou a escrever as palavras de introdução são dois pequenos pormenores.
Pode até chegar às onze horas ao restaurante, mas esqueça se pensa que se irá sentar antes de... chegar o padeiro.
É verdade. O restaurante aceita as marcações das pessoas que vão chegando, mas as salas apenas abrem ao público depois de chegar a carrinha do padeiro, sempre ao meio-dia. Isto porque nas mesas é sempre colocado um cesto de quente pão caseiro de mistura e uma tigela de manteiga caseira. Uma delícia.
O outro pormenor é que se quiser pode também colocar-se na fila e comprar o pão quente ao padeiro. E logo ali ao lado pode também comprar legumes de uma ou mais senhoras que ali vendem tomates, cebolas, alhos, feijão verde e debulhado (que dizer fora da casca), pepinos e o que a horta de cada uma der na altura.
Tudo isto com a serra de Sintra como paisagem.
São estas pequenas coisas que ainda nos espantam pela positiva.
E claro, depois do almoço aproveite para fazer a «volta saloia», sem deixar de passar pela foz do Arelho, Ericeira, Seixal, Pinhal dos Frades, (é verdade, estão as duas aldeias mesmo ali lado a lado), Sobreiro (com a vila saloia em miniatura a lembrar os velhos tempos e as obras de arte em barro de José Franco) e Mafra, parando depois para lanchar as trouxas da Malveira.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quem luta por eles?

Este post de hoje é derivado de um comentário lido, e respondido, no Facebook, acerca dos direitos dos animais.
Mas a verdade é que em todo o lado, e por tudo, encontramos gente estúpida. Há dias conversava com uma pessoa com quem não estava há oito anos, e ela dizia-me que tinha lido a notícia de uma criança que morrera ao cair de um barco, e logo no fórum da notícia apareceu gentinha a culpar os pais e etc. e tal.
Neste caso de hoje, tem a ver com um pedido de uma associação, ou melhor, de uma rapariga, que achou um gatinho muito doente e procurava quem pudesse ficar com ele.
Claro que a maioria das pessoas congratulava-a pelo seu gesto, dava indicações e até procurava encontrar uma casa para o animal.
E eis que surge um indivíduo a acusar tudo e todos pela situação dos animais, dizendo que se estão assim é porque todos ali teriam votado no PSD, PS ou CDS-PP.
Além da óbvia estupidez do comentário num local como aquele, é preciso também realçar alguma ignorância.
Não posso deixar de estar mais de acordo que os sucessivos governos PSD, PS (e em certa parte CDS-PP) nunca fizeram nada em defesa dos animais, tirando a aprovação da lei conta os animais nos circos.
Mas já agora, e o Partido Ecologista Os Verdes?
É que, como respondi a esse “comentador”, ecologia não é apenas fazer protestos contra a incineração na Arrábida (pese embora a importância disso) ou pedir esclarecimentos a Ministérios sobre Biotérios. É também levar a defesa dos animais mais longe. E confesso que, para que não me chamem depois ignorante, procurei na Internet sobre as acções em defesa dos Animais por parte de Os Verdes. E não encontrei, tirando a questão dos animais no circo em 2009, que também é interessante referir.
Nesta, existiam três propostas: o PCP propunha o fim gradual dos animais nos circos, com a entrega voluntária e gradual dos animais, mediante o pagamento de uma indemnização aos seus proprietários, proibir a comercialização e a reprodução dos mesmos, a par da esterilização daqueles que se mantiverem durante mais tempo na posse dos circos e a criação de um cadastro nacional.
O partido Os Verdes propôs a proibição imediata das espécies selvagens, estabelecendo para as domésticas um período de transição de cinco anos e que a Direcção-Geral de Veterinária efectuasse inspecções periódicas no mínimo de três em três anos.
E neste caso, não posso deixar de destacar, pela negativa, a proposta do BE.
Isto porque preferiu apresentar uma proposta de recomendação ao Governo, ao invés de um projecto-lei, porque a alteração da legislação no campo dos direitos dos animais obrigaria, segundo Alda Macedo, a "ir mais a montante e alterar o próprio Código Civil de maneira a acabar com a inclusão dos animais no campo dos objectos alvo de propriedade".

Precisamente. É necessário alterar o Código Civil para que os animais deixem de ser considerados como um mero bem, igual a uma cadeira, e passem a ter personalidade jurídica, de forma a que as autoridades possam realmente actuar em casos de brutalidade ou abandono.
Neste momento, a Lei n.º 92/95 de 12 de Setembro não chega. Já se viu, até pelos apelos que recebo todos os dias das Associações de apoio aos animais, que a chipagem não chega, que as (poucas, muito poucas) campanhas contra o abandono, também não cumprem o seu papel. É preciso, urgentemente, mudar a lei.
E só pergunto, porque é que esse projecto de lei e de alteração do Código Civil ainda não foi apresentado pelo único partido que em Portugal tem toda a legitimidade, ou melhor, a obrigação para o fazer?

Post Scritptum: Pelo facto de não ter encontrado na Internet propostas de Os Verdes na defesa dos animais, não quer dizer que estas não existam.
Portanto, se estou errada, agradecia que me corrigissem aqui neste fórum (antes que venham depois a “exigir-me” desculpas ou fazer as típicas montagens...). É que ao contrário de certas pessoas, eu não sou dona da verdade absoluta.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

«Porque no te calas?!»

Quando um Governo não consegue resolver uma situação, quem são os primeiros a ser censurados?
A Comunicação Social, claro.
Em Portugal, José Sócrates atacou televisões, jornais e jornalistas quando achou que as coisas andavam a dar para o torto. E neste Jardim à beira mar plantado, alguns conhecidos tiranetes tentam fazer localmente o mesmo, quando as noticias não lhes agradam.
De fora vêm também os exemplos como o de Hugo Chavez.
Incapaz de terminar com a crescente violência no país, então a solução é: proibir durante um mês essas imagens, numa decisão do Tribunal de Mediação e Proteção de Crianças e Adolescentes após um pedido do Ministério Público, onde se refere que «os jornais venezuelanos devem abster-se de publicar imagens violentas, sangrentas ou grotescas que fragilizem a integridade psíquica e moral dos jovens venezuelanos».
Para o presidente, mostrar essas imagens é «pornografia» e pretende com essa proibição «defender a juventude do país». No cerne da questão estão fotos publicadas por dois jornais, de corpos seminus ou totalmente nus, ensanguentados e amontoados nas mesas da morgue, publicadas na sexta-feira pelo "El Nacional" e na segunda-feira pelo "Tal Cual".
Isto depois da Comissão de Defesa da Assembleia Nacional da Venezuela confirmar que no país existem entre 8 a 10 milhões de armas ilegais. E quando vão decorrer as eleições legislativas em Setembro.
Pelos vistos, imagens de mortos numa edição de um jornal perturbam mais «a integridade psicológica e moral dos jovens venezuelanos» do que uma taxa média de 48 homicídios por cada 100 mil habitantes, uma das mais altas da região, registada desde 2008.
Em Caracas, há cerca de 50 mortes violentas a cada fim-de.semana e em todo o país registaram-se 16.000 assassinatos em 2009, segundo dados extraoficiais.
O governo Chávez não divulga números sobre a violência na Venezuela há anos, sendo a  imprensa que apresenta todas as semanas estatísticas baseando-se na quantidade de corpos que chegam às morgues.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sem comentários

Dias atrás falei aqui do facto de as vítimas de acidente que perecerem no hospital vão passar a contar para as estatísticas de mortes na estrada.
Referi também que nesse mesmo dia tinha visto vestígios de um brutal acidente na recta de Coina.
Hoje passei pelo local.
Ali, à berma da estrada onde ocorreu o acidente, um ramo de flores...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Maravilhas de Portugal

A romaria anual das férias nunca ficaria completa sem uma ida (rápida, porque senão os meus quatro patas não me perdoam) até à Beira Baixa. Pedrogão de S. Pedro, Penamacor, para ser mais exacta.
Terra da minha mãe, de onde se avista a Serra da Estrela e Monsanto, dois dos locais mais emblemáticos de Portugal.
Uma ida ali é sempre agridoce.
Por um lado, respirar aqueles ares (este ano com fumo devido aos criminosos incêndios), ver aquele céu azul pontuado pelo cinzento das pedras com que as casas foram construídas é algo de maravilhoso.
Sentir aquele ambiente, em que é de obrigação dar a saudação a todas as pessoas idosas por quem passamos, e na volta ouvir a pergunta; "Então menina, a quem pertenceis?". E lá vou respondendo que sou a sobrinha da Ana Mocas e a neta do Manuel Cabeças.
É um viver diferente, feito de outros vagares, mas de muito trabalho, de quem se levanta cedo para ir até ao «chão para dar de comer ao vivo», e depois goza as sombras e o fresco das pedras nas horas de calor tórrido.
Agridoce também porque cada vez estão mais velhos os meus tios, mais doentes, e vão partindo.
Agridoce também porque cada vez há mais casas vazias, menos gente, excepto por esta altura e pelo Natal. Mesmo os meus primos optaram quase todos por partir para França, na senda do que os seus pais já haviam feito na década de sessenta. Agora, as casas grandes, as tais «feitas por emigrantes» para cá passarem a velhice e para os filhos, estão vazias a maior parte do tempo.
Por cá vão ficando alguns que criaram um negócio, como o meu primo Luís, construtor civil, mas que viu a tempo a crise e abriu um café na aldeia. Os outros, quando falo com eles, dizem-me: "o que é que fico aqui a fazer? Apanhar tomate ou tabaco? Só há esse serviço e só duas vezes por ano... em França sempre me amanho."
É assim este interior...

Por outro lado, há ainda coisas a saudar. Mesmo sendo zonas do interior, há ali pessoas de visão. E é muito bom ver, por exemplo, o equipamento de piscinas de Castelo Branco, onde centenas de pessoas vão durante os verões abrasadores. Este ano dei uma volta maior, fui visitando alguns locais e fui muito interessante ver o aproveitamento de pequenas ribeiras para fazer espaços de lazer, tal como as piscinas das Aranhas, ou ainda a Ribeira da Brava, (Comenda-Ponte de Sôr) onde junto a um regato fizeram um parque de merendas, com churrasco e lavatórios para a louça, uma piscina e chuveiros, wc, e ainda um café restaurante (e onde se encontrava mesmo uma excursão de espanhóis a refrescar-se).
São muitos os exemplos destes parques, locais de lazer para uma tarde bem passada em pontos onde muitos veriam apenas montes e mato.
São visões como esta que melhoram o nosso país quer para quem cá está, quer para quem nos visita.
Talvez porque estas autarquias "visionárias" não estejam restringidas por entidades como a APL...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ontem e hoje

Mais uma pérola enviada por email (tou de férias e com alguma preguiça para escrever, por isso, obrigada Tó!)

Vejamos como mudaram os tempos, e os jornalistas...
Situação: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.

Ano 1978:
O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.
Ano 2008:
 A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.

Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.
Ano 1978:
Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.
Ano 2008:
A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.

Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.
Ano 1978:
Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.
Ano 2008:
Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.

Situação: O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este.
Ano 1978:
O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
Ano 2008:
Prendem o pai do Luís por maus-tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís  começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.

Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. Asua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.
Ano 1978:
Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.
Ano 2008:
A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.

Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro.
Ano 1978:
Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.
Ano 2008:
A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação: Fazias uma asneira na sala de aula.
Ano 1978:
O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito'.
Ano 2008:
Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

As duas faces do Facebook

Como em tudo na vida, há sempre duas formas de encarar as coisas ou dois modos de as mesmas nos afectarem. Hoje falo do Facebook.

Face negativa:
Há alguns dias, a CNN apresentou uma reportagem bastante interessante sobre a rede social o Facebook.
Uma senhora escreveu na sua página que numa determinada noite iria assistir a um espectáculo musical. Nessa mesma noite foi assaltada. No entanto, como tinha câmaras de vigilância em casa, conseguiu filmar os assaltantes, e ao ver as imagens, coloco-as no seu facebook. Dias depois, uma pessoa da sua rede identificou o assaltante. Era um dos membros da sua rede, que ela adicionara por ter sido um colega de escola quinze anos antes, mas com o qual não mantinha contacto.
Os especialistas avisaram então as pessoas para evitar ao máximo adicionar pessoas que não conhecem e/ou colocar este tipo de informação de ausência de casa ou de férias na sua rede.
É que podemos saber quem são os nossos amigos, mas não sabemos quem são os amigos dos amigos...

Face positiva:
Um excelente exemplo de como as redes sociais podem aproximar os políticos e autarcas da população.
António Matos, vereador da Câmara Municipal de Almada eleito pela CDU, e que já ocupou o cargo de vice-presidente daquela autarquia, mantém a sua página do Facebook em constante actualização, quer com as actividades que desenvolve, quer até em conversas com os munícipes.
Já falei aqui de uma conversa que mantive com o vereador sobre a falta de estacionamento do Hospital Garcia de Orta, com uma resposta imediata à minha questão e uma explicação para o que se passava.
Isto sim, é uma forma aberta de lidar com os munícipes, e mais importante que tudo, com os eleitores que elegeram estes autarcas na convicção de que farão o melhor pela área onde residem.
Em vez de se esconder atrás de gabinetes e assessores, ou de usar a página apenas para se auto-promover, António Matos dá a conhecer de forma directa as suas actividades e da autarquia que representa, apresenta propostas e realiza discussões e debates que muito podem ajudar à gestão camarária. E mesmo assim não deixa de deixar, especialmente, boas opções de música.
Se em vez de brincarem às vedetas ou ao Farmville todos fizessem o mesmo...

domingo, 8 de agosto de 2010

Mortos na estrada sobem 30%

«Afinal, em Janeiro deste ano morreram 83 pessoas nas estradas portuguesas, mais 19 do que o que tinha sido anunciado até agora. De acordo com o novo método de contabilização da sinistralidade da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) – conhecido por ‘vítimas mortais a 30 dias’, uma vez que deixa de considerar como vítima mortal apenas quem morre no local do acidente ou a caminho do hospital –o aumento atinge os 30 por cento. Correio da Manhã»

Não posso dizer que fiquei contente com esta notícia, porque ninguém pode ficar, mas é muito positiva porque, sendo algo que sempre defendi, pode ser que abra os olhos a alguns que circulam nas estradas como doidos.

Ainda hoje vi um enorme acidente na recta dos Fuzileiros de Coina. Um individuo com um BMW, com a mulher e uma filha de alguns meses, embateu de frente com um Fiat, cerca das 11h00. O trânsito ficou parado mais de uma hora e demorou cerca de quatro horas até limparem tudo.
Causa? Uma ultrapassagem numa zona de curvas e fraca visibilidade.
Resultado: a esposa, que viajava no lugar do «morto», poderá ter perdido as duas pernas, pelo estado em que a desencarceraram do BMW, a criança ficou ferida, bem como os dois condutores.
Valeu a pena a ultrapassagem?

Sobre a notícia, como disse, é algo que defendo, tendo perdido três amigos em acidentes rodoviários, depois de entrarem no Hospital.
Mariana, atropelada na estrada onde estava parada por avaria do seu carro.
Paula, atropelada ao sair do carro de uma amiga, por um anormal que circulava bêbedo.
Ricardo, atropelado na sua mota devido a uma manobra de um velho jarreta a sair do lugar onde tinha parado na estrada para comprar batatas.
Todos entraram com vida no Hospital. Todos morreram lá.

Poderá ser que o aumento dos números assustem os «Fitipaldis» da estrada? Ou vamos continuar a ter gente que se esquece que de cada vez que liga o motor do carro, está a lidar com uma máquina que muito rapidamente se pode transformar numa máquina de morte?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Os estúpidos e os outros


Aqui há tempos escrevi sobre o facto de existirem pessoas que gostam de dizer aos outros o que pensam, achando que isso os coloca acima dos restantes, mas que depois ficam extremamente ofendidos quando ouvem o que não gostam.

Hoje, a conversa é sobre aqueles que acham que os outros são estúpidos.
São aqueles que praticam determinadas acções, convencidos que essas mesmas acções vão passar por actos de boa-fé, quando a sua intenção não é mais do que «gozar o pagode».
Suponham, apenas mesmo isso, uma suposição, que uma pessoa de quem não têm noticias há um ano e alguns meses entra em contacto convosco.
Essa mesma pessoa, que durante esse ano e alguns meses não disse nada, quer agora oferecer-vos algo.
Entretanto, e como estamos em Agosto, vocês já fizeram saber a todos os vossos amigos, conhecidos e afins, através das maravilhas da Internet, que vão de férias a partir de uma determinada data.
Ora neste mero «suponhamos», essa pessoa de quem não têm notícias há um ano e alguns meses, pretende agora oferecer-vos esse tal «algo».
Mas, segundo a pessoa de quem não têm notícias há um ano e alguns meses, terá de ser numa determinada data.
Precisamente a data em que não vão estar por cá, e que, graças à Internet, já fizeram saber a amigos, conhecidos e afins, que estão de férias.
Explicando essa situação, a tal pessoa de que de quem não têm notícias há um ano e alguns meses parece ficar muito surpreendida com a vossa «falta de interesse» em receber aquilo que ela, ao fim de um ano e alguns meses, tem tanto, mas tanto interesse em vos dar.
E por isso mesmo informa-os que assim sendo, fica sem efeito a tal “oferta”.
Ora como de estúpidos não tereis nada, só fica uma conclusão: é que não há nada para dar, e que a tal pessoa queria apenas desviar as atenções do facto de que há um ano e alguns meses não vos dizer nada.
Ou por outras palavras, fazer-vos de estúpidos.
Talvez para o ano, por esta mesma altura, a tal pessoa de quem não tiveram noticias então há dois anos e alguns meses, vos contacte de novo, para vos dar uma nova “oferta”.
Mas claro, tudo dentro da área do «supúnhamos»...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Uma noticia, vários pontos de vista

Por vezes é interessante fazer análises como esta. Comparar as várias formas como uma mesma situação é encarada por vários jornais. Não vou fazer comentários sobre a notícia em si, apenas ao verbo que é utilizado para dar a informação nos títulos.
Ao ler os diferentes títulos, as sensações do leitor vão desde pensar que Fidel está a implorar algo ao presidente americano, que está a lançar um aviso ou que exige algo quase de forma ditatorial.
Lendo as diferentes (e única) notícias, sinto-me inclinada, como jornalista, a escolher o título do Diário de Notícias. Mas também sei que se calhar o título da AFP venderia muito mais...

Fidel Castro pede a Obama, em nome dos cubanos, que evite guerra ... ‎- EFE

Fidel dá ultimato a Obama para que evite guerra nuclear‎ - Vermelho

Fidel intima Obama a evitar apocalipse nuclear‎ - AFP

Cuba: Fidel Castro alerta Obama contra intervenção militar no Irão‎ - Diário de Notícias

O texto é baseado no artigo assinado por Fidel Castro e divulgado no site oficial "Cubadebate":
"Nesta ocasião, dirijo-me pela primeira vez na vida ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama: o senhor deve saber que nas suas mãos está oferecer à humanidade a única possibilidade real de paz. Só numa ocasião poderá o senhor fazer uso das suas prerrogativas ao dar a ordem de atirar."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ele há coisas...

Agora, estava aqui muito sossegada a descansar depois de algumas limpezas de Verão na casa da minha mãe (sim, porque uma pensão de velhice à qual tiram por mês mais de trinta euros de IRS, se calhar com medo que ela não chegue ao final do ano para o pagar como até agora, não dá para contratar serviços de limpeza), quando esta me vem chamar para ir à janela.
Uma perseguição policial a um veículo-frigorifico de transporte de mercadorias. Claro que mesmo em férias, sou sempre jornalista e ver tudo de uma posição elevada, era um “pitéu”.
Então dois carros patrulha da PSP e um Fiat Punto fizeram o motorista encostar com muitos toques de sirene e fazendo mesmo outros motoristas encostar. Em alta velocidade e poucos minutos depois, chega mais um carro patrulha.
Tudo muito rápido, dois agentes sobem à zona de carga e...
Abalam todos poucos minutos depois. O motorista, esse ficou ainda uns momentos parado, a beber água, recompondo-se na certa.
Esta não é a primeira vez que tal acontece aqui. E sempre, pelo menos que eu tenha assistido, mandando seguir depois o condutor. E sempre em horário diurno.
Mas não é isso que me leva a escrever.
Na rua onde mora a minha mãe é prato do dia andarem uns “meninos” a praticarem rally a altas horas da noite. Chama-se a PSP, e aparecem aqui uma hora depois, quando aparecem.
Há uns anos atrás, o café aqui da rua foi assaltado.
Eram 3h00 da manhã e de imediato liguei para a PSP da Torre da Marinha, avisando que o assaltante ainda lá estaria dentro. Quarenta e cinco minutos depois, como ainda ninguém tinha vindo, liguei de novo, e perguntei se estavam de greve.
Resposta: iam ver se podia vir aqui porque estavam sem carros disponíveis.
Um assalto a decorrer, uma denúncia, e não há carros patrulha disponíveis??
Mas pelos vistos há carros patrulha disponíveis para fazer encostar motoristas de carros comerciais durante o dia.
Não quero criticar as forças policiais, que já sofrem o bastante, porque vêem os seus poderes e direitos limitados, e os meliantes que apanham a ser soltos ainda antes de eles terem terminado os relatórios, mas também ver coisas assim, em que até se colocam em perigo outros condutores, não fica nada bem.
Será mais importante a fiscalização de veículos comerciais (já guiei alguns e sei que são alvos fáceis a ponto de ter tido uma multa de excesso de velocidade por circular a mais de 2km/hora do que o indicado), mas não será ainda mais importante a segurança dos cidadãos? Três carros patrulha e um veiculo civil não serviriam melhor noutro local?