domingo, 22 de agosto de 2010

Até ver o padeiro

Há coisas que, neste nosso mundo urbano e mundano, ainda nos parecem incríveis quando as ouvimos ou presenciamos. E não por serem admiráveis ou extraordinárias, mas apenas porque já as consideramos como sendo do passado.
Isto tudo para falar sobre a Adega Silveira em Nafarros.
Pois é, já há algum tempo que não falava aqui de restaurantes (e confesso que estou em falta por não ter ainda falado da prata da casa aqui no concelho, onde temos muitos e bons restaurantes, mas isso lá chegará).
E por isso, hoje falo aqui da Adega Silveira, em Nafarros, bem junto à Serra de Sintra.
De uma taberna de caçadores, a um pequeno espaço de comidas e petiscos, é hoje um enorme restaurante com duas salas e cerca de duas dezenas de empregados, entre os quais os filhos e netos do Sr. Silveira.
Do alto dos seus mais de oitenta anos, é ele que rege a dança das mesas, quem levanta os pratos e quem troca algumas palavras com os clientes. E se descobre que gosta de caça, então a conversa está feita para a tarde.
Os pratos típicos são o cozido (infelizmente tenho de dizer que já comi melhor) e o cabrito assado, e uma mesa de sobremesas feitas na casa que são um regalo. Tudo isto levam a que, se não chegar antes do meio-dia ou marcar mesa, se pode preparar para esperar por uma mesa bastante tempo, além de se arriscar a ter de estacionar longe.

Mas o que me levou a escrever as palavras de introdução são dois pequenos pormenores.
Pode até chegar às onze horas ao restaurante, mas esqueça se pensa que se irá sentar antes de... chegar o padeiro.
É verdade. O restaurante aceita as marcações das pessoas que vão chegando, mas as salas apenas abrem ao público depois de chegar a carrinha do padeiro, sempre ao meio-dia. Isto porque nas mesas é sempre colocado um cesto de quente pão caseiro de mistura e uma tigela de manteiga caseira. Uma delícia.
O outro pormenor é que se quiser pode também colocar-se na fila e comprar o pão quente ao padeiro. E logo ali ao lado pode também comprar legumes de uma ou mais senhoras que ali vendem tomates, cebolas, alhos, feijão verde e debulhado (que dizer fora da casca), pepinos e o que a horta de cada uma der na altura.
Tudo isto com a serra de Sintra como paisagem.
São estas pequenas coisas que ainda nos espantam pela positiva.
E claro, depois do almoço aproveite para fazer a «volta saloia», sem deixar de passar pela foz do Arelho, Ericeira, Seixal, Pinhal dos Frades, (é verdade, estão as duas aldeias mesmo ali lado a lado), Sobreiro (com a vila saloia em miniatura a lembrar os velhos tempos e as obras de arte em barro de José Franco) e Mafra, parando depois para lanchar as trouxas da Malveira.

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