A romaria anual das férias nunca ficaria completa sem uma ida (rápida, porque senão os meus quatro patas não me perdoam) até à Beira Baixa. Pedrogão de S. Pedro, Penamacor, para ser mais exacta.
Terra da minha mãe, de onde se avista a Serra da Estrela e Monsanto, dois dos locais mais emblemáticos de Portugal.
Uma ida ali é sempre agridoce.
Por um lado, respirar aqueles ares (este ano com fumo devido aos criminosos incêndios), ver aquele céu azul pontuado pelo cinzento das pedras com que as casas foram construídas é algo de maravilhoso.
Sentir aquele ambiente, em que é de obrigação dar a saudação a todas as pessoas idosas por quem passamos, e na volta ouvir a pergunta; "Então menina, a quem pertenceis?". E lá vou respondendo que sou a sobrinha da Ana Mocas e a neta do Manuel Cabeças.
É um viver diferente, feito de outros vagares, mas de muito trabalho, de quem se levanta cedo para ir até ao «chão para dar de comer ao vivo», e depois goza as sombras e o fresco das pedras nas horas de calor tórrido.
Agridoce também porque cada vez estão mais velhos os meus tios, mais doentes, e vão partindo.
Agridoce também porque cada vez há mais casas vazias, menos gente, excepto por esta altura e pelo Natal. Mesmo os meus primos optaram quase todos por partir para França, na senda do que os seus pais já haviam feito na década de sessenta. Agora, as casas grandes, as tais «feitas por emigrantes» para cá passarem a velhice e para os filhos, estão vazias a maior parte do tempo.
Por cá vão ficando alguns que criaram um negócio, como o meu primo Luís, construtor civil, mas que viu a tempo a crise e abriu um café na aldeia. Os outros, quando falo com eles, dizem-me: "o que é que fico aqui a fazer? Apanhar tomate ou tabaco? Só há esse serviço e só duas vezes por ano... em França sempre me amanho."
É assim este interior...
Por outro lado, há ainda coisas a saudar. Mesmo sendo zonas do interior, há ali pessoas de visão. E é muito bom ver, por exemplo, o equipamento de piscinas de Castelo Branco, onde centenas de pessoas vão durante os verões abrasadores. Este ano dei uma volta maior, fui visitando alguns locais e fui muito interessante ver o aproveitamento de pequenas ribeiras para fazer espaços de lazer, tal como as piscinas das Aranhas, ou ainda a Ribeira da Brava, (Comenda-Ponte de Sôr) onde junto a um regato fizeram um parque de merendas, com churrasco e lavatórios para a louça, uma piscina e chuveiros, wc, e ainda um café restaurante (e onde se encontrava mesmo uma excursão de espanhóis a refrescar-se).
São muitos os exemplos destes parques, locais de lazer para uma tarde bem passada em pontos onde muitos veriam apenas montes e mato.
São visões como esta que melhoram o nosso país quer para quem cá está, quer para quem nos visita.
Talvez porque estas autarquias "visionárias" não estejam restringidas por entidades como a APL...
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