Por um lapso meu, não publiquei este comentário, no texto sobre a imagem do cão no presépio, mas pela sua relevância, creio que merece um post por si mesmo.
«EOS disse...
A qualidade de vida de uma sociedade tem como possivel indicador, aliás deveras preciso, a avaliação da forma como uma sociedade trata aquilo que se apelidam de franjas etárias (ou escalões etários), por outras palavras, os mais novos da sociedade e os mais velhos. Classes etárias claramente desprotegidas na nossa sociedade e em que a evolução nestes governos socialistas, foi de para os mais novos, retirarem o direito a nascer (IVG) e para os mais velhos estuda-se a possibilidade da Eutanásia... Foi isto que ganhamos com os "modernos" governos socialistas.
Alguns liberais, camuflados de esquerdistas, dirão que esta minha opinião é demasiado extremista. Mas pensem como se fossem de um outro "mundo", que nos viessem a visitar, um encontro de civilizações, em que mostravamos a nossa e eles a deles, o que ele diriam quando soubessem que nos matamos os nossos "nascituros" (bebés)?? Que raio de civilização é a nossa que tiramos o direito a de uma vida brotar, nascer? Que raio de sociedade é a nossa quando a única saída que damos aos nossos idosos é um "armazén/lar" ou a eutanásia? Serei eu que estarei mal?»
Sobre o tema em si, eu sou a favor do aborto (nunca como forma de contraceptivo, mas sim em situações em que a mulher não tenha qualquer outra hipótese e aqui só a própria poderá julgar, não necessitando do julgamento de uma sociedade que se descarta também da educação e protecção de uma criança - 570 crianças foram abandonadas o ano passado, segundo o Diário de Notícias).
Sou também a favor da eutanásia, quando o sofrimento em caso de doença é mais do que aquilo que uma pessoa pode suportar.
Mas não posso deixar de concordar com EOS sobre a forma como armazenamos os nossos idosos, porque o valor de uma sociedade é medida pela forma como trata os seus idosos, e já agora, os seus animais.
E a nossa está muito, muito podre.
6 comentários:
Olá boa tarde.
Gostaria apenas de fazer algumas considerações e levantar algumas questões, de forma construtiva, de molde a que se consiga discutir com elevação.
570 crianças foram abandonadas o ano passado, mas já tinhamos a IVG?
Pelo menos tiveram a oportunidade de viver, e com alguma sorte de encontrar um lar. Basta que nesse número de 570, exista uma que consiga viver, que consiga uma família e...
Sabe quantas crianças no ano passado "não tiveram autorização para nascer"? Mais de vinte mil. Quantas tiveram uma palavra a dizer sobre a sua própria vida? Zero.
A vida é única.
A oportunidade de nascer é única. Não pode ser adiada, nem interrompida, pois não se trata de uma interrupção, mas de um ponto final.
"Não tenho o filho agora, pois é muito cedo... tenho depois".
Não é o mesmo. Pode ser filho do mesmo pai e da mesma mãe mas não é o mesmo.
Não defendo a repressão. Precisamos muita de educação, formação cívica, de cultura, de apoios para as mulheres que se encontrem, nessa situação descrita por si como sendo "aflitiva"(o adjectivo é meu, é a minha leitura, e que concordo consigo em que realmente há situações muitíssimo complicadas), que possam decidir em ter a criança, nem que seja para ser conduzida para adopção, que possam ser apoiadas a todos os níveis.
Quanto aos mais idosos, existe algo que custa muito dinheiro ao Estado, que se chama cuidados paliativos... isso custa muito dinheiro, a eutanásia é muito mais barata. É o banalizar da vida... que por acaso só temos uma.
Por último só gostaria de agradecer o facto de demonstrar preocupação por estas questões. Muito obrigado por poder dispor da sua atenção.
Caro EOS,
Agradeço a sua colaboração no meu blogue porque também considero que este tipo de espaços, além de alguns devaneios, deve servir para falarmos abertamente de certas questões.
Pertenço a esse número dos que refere, do "não ter filhos agora, terei mais tarde", e esse dia ainda não chegou.
Felizmente, também ainda nunca estive na posição de ter de fazer um aborto.
Mas conheço, de perto, quem o tenha tido de fazer.
E posso dizer-lhe que não é uma tomada de posição fácil de qualquer mulher.
Há muita angústia, muito choro, muito «Porquê?». E muita dor moral e física. Logo, não é nunca um mero método contraceptivo.
Quando se fala de aborto, não se pode fazer um julgamento leve.
No entanto, creio que será muito mais dificil a uma mulher abandonar um filho do que fazer um aborto.
Mas ambos são decisões muito, muito dificeis. E por vezes, que têm de ser tomadas sozinhas.
Claro que concordo que hoje em dia a informação, as pílula gratuitas e a pilula do dia seguinte deveriam fazer diminuir o número de abortos. É falta de informação ou de formação? Não sei.
O que é um facto é que continuam a existir, e também quem faça dinheiro com isso.
Quanto aos idosos, é o resultado de uma sociedade sem respeito. Mas um dia todos iremos pagar por isso.
Só dois apontamentos:
primeiro se trabalhasse no HGH teria de mudar de ideias sobre a IVG não estar a ser tratada como método contraceptivo. Temos mulheres que se dirigem mais de 4 vezes por ano a este mesmo hospital para efectuar uma ivg...
Quanto a algo que afirmou : "No entanto, creio que será muito mais dificil a uma mulher abandonar um filho do que fazer um aborto.
Mas ambos são decisões muito, muito dificeis. E por vezes, que têm de ser tomadas sozinhas." - é sem dúvida verdade, mas só no ponto de vista da futura mãe, pois no ponto de vista da criança é totalmente diferente. tenho pena que poucas vezes se pense na pequena diferença que é poder viver e não ter o direito a viver. No ponto de vista da criança é tão grande a diferença entre poder viver e ser-lhe retirado esse direito. Pois sempre que se faz uma IVG é muito dificil para a mulher, mas para a criança é uma condenação prévia.
Vejo que foca apenas o sofrimento da mulher... e da criança??? Não tem uma oportunidade de viver?? Como pode ser defensora dos animais que não se podem defender por si, no entanto qunto tratamos de algo ainda mais indefeso...
Pois eu sei que é dificil, é a difrença entre ter a vida alterada/estragada por uma criança e não ter qualquer vida...
Cara Viviana, obrigado pelo seu comentário que lamento só ter publicado agora.
Sobre o IGV como método contraceptivo, bem, não sei que lhe diga. Com tudo o que existe hoje em dia como as pílulas gratuitas ou a do dia seguinte. Por isso, e do meu ponto de vista, só por alguma estupidez ou masoquismo, se usa o IGV como método contraceptivo continuado...
Realmente tem razão, só me foco no sofrimento da mulher, porque é esse o que conheço.
Dizer que uma criança sofre por perder o direito à vida por se fazer um aborto, para mim não faz sentido. Lamento.
Um embrião, porque é disso que se trata, não pode ter o mesmo sofrimento que um bebé que é deixado dentro de um caixote do lixo.
Ou que uma criança que é entregue a uma instituição como a Casa do Gaiato.
Não será isso também uma condenação prévia, o não ter um colo de mãe ou apoio de uma família?
Dizer para deixar nascer uma criança, mas depois a sociedade entrega-a a instituições e dificulta em tudo a sua adopção ou até que tenha uma familia de acolhimento, (eu sei, já tentei e não consegui) não é também hipocrisia e nao é também negar um futuro a uma criança?
O especialista, que foi um dos maiores defensores da aprovação da lei em 2007, está desiludido com os resultados. "Tomam-se medidas pontuais, mas não se tomam medidas de acompanhamento. Não há políticas preventivas e, assim, o aborto vai continuar a ser usado como um método de não concepção."
E, mais do que com os resultados, está desiludido com as mulheres: 354 foram reincidentes e fizeram mais do que um aborto em 2008 e 2009. "Fui ingénuo. Tenho pena que não tenham estimado uma lei feita para salvaguardar a sua saúde: era para protegê-las das complicações dos abortos clandestinos, não para fazerem dois ou três em dois anos."
Fica aqui o Link:
http://www.ionline.pt/conteudo/94963-ha-53-abortos-legais-todos-os-dias-em-portugal
PS: vejo em si alguma tristeza e amargura, mas pouca iniciativa e muita resignação ao que é mais fácil.
Caro anónimo, realmente não sei que diga sobre essas mulheres reincidentes.
Como disse antes, não se justifica o aborto como método de não concepção com tudo o que existe disponível.
Nem o facto de se rasgar um preservativo porque a pilula do dia seguinte já está disponivel há anos.
Será falta de informação? Não sei, mas duvido com toda a informação que está disponível até pela internet.
Mas se calhar aí a iniciativa terá de partir de outros. Talvez dos próprios médicos, porque fazer um aborto legal não só chegar ao hospital e deitar-se na marquesa.
Se há mulheres reincidentes, há algo que não está a ser bem feito.
Mas dizer que o aborto é a solução mais fácil, é colocar uma questão muito complexa de uma forma infantil.
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