Quando iniciei a minha carreira como jornalista, já lá
vão perto de vinte anos, havia algo que me causava uma certa inveja.
Era a forma como outros jornalistas, já conhecidos na
‘praça’, eram reconhecidos e tratados pelas entidades presentes nos eventos
onde ia. Recordo-me sobretudo de, durante uma campanha eleitoral, um político nacional bem conhecido chegar ao local da conferência e perguntar em tom de brincadeira a uma jornalista de uma televisão «Oh senhora, onde está o resto de si?», porque esta tinha perdido bastante peso.
Secretamente, sempre desejei que um dia chegasse e também me tratassem assim. E esse dia já chegou há algum tempo, felizmente.
Chegar a certos locais, sobretudo no último ano, e as pessoas
recordarem-se de mim e do meu trabalho no Rostos e na Popular FM, é sempre um
certo aconchego ao nosso ego profissional.
Foi muito engraçado o ano passado, também durante a
campanha eleitoral, ter deputados como Nuno Melo a cumprimentar-me e a dizer no
meio da comitiva: «Há muito tempo que não a via», ou Nuno Magalhães a fazer uma
enorme festa quando soube que era eu quem o aguardava para falar em Cacilhas,
recordando à frente de outros jornalistas os almoços que teve no Seixal comigo
e com o então presidente da concelhia, João Noronha.
Ainda há dias, num evento no Seixal, um senhor me dizia: ‘ah,
já não se deve lembrar, mas passamos uma situação caricata aquando da
inauguração do Bairro da Cucena, estava a senhora na Rádio Baía’ e vá de me
contar a peripécia, da qual confesso já não tinha a menor ideia, decorridos que
estão perto de dezasseis anos.
Hoje em dia é raro ir a algum local sem que alguém me
cumprimente e troque dois dedos de conversa. Confesso que sinto o meu ego
bastante «inchado» com tais demonstrações.
Vem isto a propósito de, recentemente, numa das minhas
reportagens ao serviço do Diário do Distrito, uma senhora com um cargo numa
autarquia ter vindo ter comigo e de forma bem engraçada me dizer: «Tirando
alguns quilinhos a mais, os anos parece que não passam por si!».
Este carinho por parte das pessoas, e até dos colegas,
não tem preço.
Como também não tem preço, como já disse no meu anterior
texto, a quantidade de votos de felicidades neste meu novo começo na minha vida
profissional, alguns deles feitos de forma pública e registados em acta (LOL),
e vindos até de pessoas de quem não esperava.
Por isso, da próxima vez que me olhar no espelho e achar assim a modos que ‘pró
gorda’, já sei que a 'vastitude' não se fica a dever ao peso mas sim ao ego.