quarta-feira, 30 de novembro de 2011

E mais uma!!!!

É verdade, sou maluquinha por tatuagens. E também é verdade que quem faz a primeira já não pára.
Eu, por mim, já vou na sexta. E embora tenha feito esta ontem, já estou a congeminar sobre a próxima.
Para quem se queira atrever, aqui ficam alguns momentos e o resultado final. O artista é o Bruno, da Guri Tattoos, do Centro Comercial de Amora.


O produto final: o meu lado selvagem, a equilibrar a tatuagem da outra perna, essa uma pantera negra.
Só dois recados à navegação para quem nunca fez: 1.º é viciante e 2.º nunca por nunca façam apenas porque é bonito. Uma tatuagem tem de ter sempre uma questão pessoal por detrás, ou ficarão a odiá-la ao fim de alguns meses.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Greves e grevistas

Em dia de “Greve Geral”, tem havido algumas discussões interessantes pelo mundo da blogosfera e ainda mais pelo do facebook, que frequento.
Uma delas esteve em torno dos grevistas (alguns) não darem a outros o direito à não greve.
Lembro-me, quando o meu pai estava na Siderurgia Nacional e passou para a Lusosider, de ter ficado seis meses em greve pelos direitos que já tinha adquirido ao longo dos anos que trabalhou para a primeira, e que seriam perdidos com a passagem para a nova empresa.
Seis meses esses que incluíram Dezembro, sem que lá em casa houvesse praticamente dinheiro para comprar ovos para as filhoses, quanto mais para prendas. O que nos valeu foram os vizinhos. Nunca a minha mesa foi tão rica quanto nesse ano, com pratos de filhoses de todas as variedades, dados pelos vizinhos do meu prédio, que estavam a par da situação difícil que vivíamos.
E também não esqueço a prenda que a minha mãe lá nos conseguiu comprar: dois pequenos telefones de brincar verdes.
Mas vem isto a propósito das greves. Na altura, lembro-me que o meu pai dizia que uns quantos «fura-greves» não quiseram aderir e tudo faziam para impedir o protesto, mas depois da situação resolvida, foram os colegas que não os aceitaram de volta, tendo estes que pedir transferência para outros serviços.
Neste caso, ou porque os olhos que viam esta realidade fosse diferentes, tinha um ódio de morte aos «fura-greves», aos que não alinhavam com o protesto.
Mais tarde, como sindicalista, viria a sentir na pele o que é lutar pelos direitos de todos e sofrer as represálias como o despedimento, sem sequer um obrigado por parte daqueles que eu pensava estar a ajudar.
Tudo isto, e o facto de ter agora a minha própria empresa, me leva a encarar a greve como uma «palhaçada». E que me desculpem os de cravo vermelho ao peito (que a todos fica bem, como dizia o Zeca), mas ficar em casa a brincar no facebook ou ir passear para o Centro Comercial mais próximo não é protesto.
Protesto era irem todos até Lisboa, gritar bem alto à porta de S. Bento o que lhes vai na alma, entupirem os acessos à tal «Casa do Povo», e assustarem assim os senhores que ali ganham o seu sustento.
Isso era protesto.
Já agora, sou absolutamente contra os piquetes de greve. Se todos têm o direito de fazer greve, TODOS têm também o direito de não a fazer, mais não seja por não concordarem com os preceitos pela qual é feita. 

E esses piquetes também estiveram ou vão estar hoje no Rio Sul Shopping e no Almada Fórum e no Barreiro Retail Park a insultar os empregados e os empregadores?

P.S. - Não fiz greve nem ninguém na minha empresa, porque as pessoas sabem que as coisas não estão fáceis e se não trabalharem não recebem, não porque eu não lhes pague, mas porque se não "produzirem" não haverá dinheiro para que eu lhes possa pagar os ordenados, já de si baixos.
Se calhar, este seria um bom tema de reflexão para quem tão alto grita sobre Direitos...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Anúncio de emprego


Já aqui há uns tempos falei de alguns anúncios de emprego que vão surgindo, onde pedem jornalistas com carteira de clientes, ou estagiários com mais experiência que a minha nesta área.
O texto que se segue foi-me enviado por email, mas peço que reparem bem na "experiência em programas" deste jovem!!

«Este anúncio foi publicado num famoso site de procura e oferta de trabalho nacional. Um jovem recém-licenciado na área leu-o e achou que devia responder à letra!
A Revista Visão de 16 de Julho publica um artigo sobre o jovem que deu esta resposta!
"A XXXXXXXXXX está a aceitar candidaturas para estágio na área de Design Requisitos Académicos: Finalista ou recém-licenciada(o) em Design Competências pessoais:
* Poder de comunicação;
* Iniciativa;
* Auto-motivação;
* Orientação para resultados;
* Capacidade de planeamento e organização;
* Criatividade
Competências técnicas:
Conhecimentos nos seguintes programas/linguagens
® Adobe Photoshop,
® InDesign,
® Illustrator (FreeHand e Corel Draw) Flash,
® Dreamweaver,
® Premiere,
® AfterEffects,
® SoundBooth,
® SoundForge,
® AutoCad,
® 3D StudioMax
® HTML (basic),
® ActionScript 2.0 (basic),
® CSS,
® XML.
Remuneração: Estágio Remunerado - Duração: 6 meses, com possibilidade de integração na equipa.

Portanto, e resumindo, esta empresa quer um recém-licenciado que saiba de origem 13 softwares e 4 linguagens de programação. Isto é o país em que vivemos.
Não me ficando atrás perante esta pérola, decidi responder no mesmo estilo. Eis o que lhes respondi:
«Boa noite,
Estou a entrar em contacto para responder ao anúncio colocado no site Carga de Trabalhos para a posição de estagiário em Design.
Chamo-me André Sousa, tenho 25 anos e sou um recém-licenciado em Design de Equipamento (Fac. Belas Artes de Lisboa). Sou extremamente comunicativo, transbordo iniciativa e auto-motivação, estou constantemente orientado para os objectivos como uma bússola para o Norte (magnético), sou mais planeado e organizado que o Secretário de Estado de Planeamento e Organização e sou um diamante da criatividade como já devem ter percebido e como vão poder comprovar nas próximas linhas.
Quanto aos conhecimentos técnicos: Sou um mestre em Adobe Photoshop. Conheço o InDesign por dentro e por fora. O Illustrator, Freehand, Corel e o Flash são os meus brinquedos do dia a dia, faço o que quiser com eles. Nem me ponham a falar do Dreamweaver, até de olhos fechados... Premiere... Até sonho com ele! AfterEffects tem um lugar especial no meu coração. Faço umas coisas bem maradas com o SoundBooth e o SoundForge. Com o Autocad e o 3d Studio Max até vos faço duvidar dos vossos próprios olhos. Html, Action Script 2.0, CSS e XML são as linguagens do meu mundo. Mas sejamos francos, qualquer estudante de 1º ano sabe de cor e salteado qualquer um destes 13 softwares e 4 linguagens de programação...
Eu sou um recém finalista. E como tal tenho muito mais para oferecer:
Tenho conhecimentos de Cinema 4D, Maya, Blender, Sketch Up e Paint ao nível de guru.
Tenho conhecimentos mega-avançados de C+, C, C++, C+ ou -, Java, JavaScript, Ruby on Rails, Ruby on Skates, MySQL, YourSQL, Everyone'sSQL, Action Script 3.0, Drama Script 3.0, Comedy Strip 3.0 e Strip Tease 2.5, Ajax, Vanish Oxi Action, Oracle, Sonasol, XHTML, Batman e VisualBasic.
Conheço o Office todo de trás pra frente assim como o Microsoft WC. Domino o Flex ao nível do Bill Gates e mexo no Final Cut Pro melhor que o Steven Spielberg.
Tenho ainda conhecimentos de grande amplitude em 4 softwares que estão a ser desenvolvidos por grandes marcas e também de 3 outros softwares que ainda não foram inventados.
Falo 17 línguas, 5 das quais já estão mortas e 6 dialectos de povos indígenas por descobrir.
Com estes conhecimentos todos estou super interessado num estágio porque acho que ainda tenho muito para aprender e experiência para ganhar. Espero que ao fim de 6 meses tenha estofo suficiente para poder fazer parte da vossa equipa e quem sabe liderá-la.
Fico ansiosamente à espera de uma resposta vossa.
Embora tenha uma oportunidade de emprego na NASA e outra no CERNespero mesmo poder fazer parte da vossa equipa.

Cumprimentos,
A. S.

PS: Com um anúncio desses, a pedir o que pedem a um recém-licenciado, é uma resposta destas que merecem. Peço desculpa se feri susceptibilidades mas não me consegui conter.»

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Afinal, há mais...


Há uns anitos que o jornal que dirijo anda às bolandas com a autarquia cá do burgo sobre a inserção de publicidade institucional e obrigatória (Lei das Autarquias Locais (artigo 91.º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro).
Uma “guerrilha” que deu origem à já célebre barrinha negra (tão, mas tão entalada que ainda anda por aí) onde contávamos os dias sem que a dita autarquia inserisse a dita publicidade no nosso jornal, (já agora, sem periodicidade superior a quinzenal, com mais, muito mais do que 1500 exemplares de tiragem embora, em rigor da verdade, seja distribuído gratuitamente, mas podem dizer-me qual é o jornal local daqui que não o é?).

Eis senão quando deparo com mais esta disposição da ERC – Entidade Reguladora da Comunicação Social relativa ao mesmissimo assunto na Câmara de Lagos, numa queixa apresentada pela Comissão Concelhia de um partido político.
A defesa da autarquia de Lagos levou a ERC a dar-lhe razão, «não obstante ser criticável, do ponto de vista regulatório, o recurso à figura do ajuste directo para a impressão/distribuição do boletim autárquico bem como a aquisição e distribuição de edições da imprensa regional, em moldes que possam comprometer a livre concorrência no sector da imprensa regional e influenciar os seus conteúdos editoriais.»
É interessante também ler a defesa da autarquia.
«A Visada questiona se a Autarquia deve apoiar órgãos de comunicação social, uma vez que “as autarquias locais não têm competências em matéria de regime de incentivos à comunicação social”».
Perante isto, a ERC refere que «As autarquias locais são dos principais consumidores de espaço publicitário dos órgãos de comunicação local e regional, gerando-se uma dependência forte relativamente a um único anunciante. Ora, as autarquias estão conscientes de que os cortes que façam em algum órgão de comunicação materializam uma forte penalização para as receitas do título. Por outro lado, as autarquias acabam por figurar no centro das suspeitas dos jornais não contemplados nas aquisições de publicidade.” (cf. Deliberação 2/CONT-I/2011, de 11 de Janeiro de 2011).»
Em suma, perante os factos, a ERC deliberou que «Considerando que a Autarquia está vinculada a um conjunto de princípios, obrigações e procedimentos no que toca à aquisição de bens e serviços que visam garantir equidade e transparência no exercício da actividade autárquica, no entanto a configuração dos dados apurados não permite dar como verificada a existência de situações de flagrante e abusivo tratamento favorável de umas publicações periódicas em desfavor de outras.»

A finalizar, referir que a queixa apresentada não foi feita por qualquer órgão de comunicação social da área, antes pela Comissão Concelhia de um partido político.
Neste concelho, perante a clara concuspiciência entre a autarquia e um jornal e as rádios locais, só alguns elementos de partidos políticos levantaram, muito ao de leve, o assunto das disparídades na atribuição da publicidade, assunto que sempre recebeu como resposta o silêncio e que depressa passou para segundo plano.
Apesar deste desabafo, quero dizer que felizmente temos ultrapassado todos os obstáculos e provámos a tudo e todos que não precisamos da dita publicidade instituicional para viver, o que também nos permite, ao contrário de alguns que para aí debitam as encomendadas notícias/reportagens e entrevistas, a andar de cabeça bem erguida e publicar aquilo que entendemos que temos de publicar, sem ter que pedir autorização a donos e senhores.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma esperança da desesperança

Este poema de José Mário Branco retrata bem o profundo desalento e desilusão que vivemos em Portugal.
Mas ao mesmo tempo, depois de o ler, dá-me esperança, porque quem como nós já passou por tanto, iremos na certa conseguir passar por mais uma destas desventuras.
Afinal, porra, somos ou não o povo de Abril?
Aqui fica, para reflectir:

Eu vim de longe

Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
Então entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou

Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha na outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar

Com o que temos pra nos dar
E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos cantei
Foram feitos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão

Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei pra ti
E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou

Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi pra esta força que apontou

E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

Quando eu finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
Então eu entendi
É um lindo sonho para viver
Quando toda a gente assim quiser

Tenho esta viola numa mão
Tenho a minha vida noutra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel para o ajudar

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E agora eu olho à minha volta
Vejo tanta raiva andar a solta
Que já não hesito
Os hinos que repito
São a parte que eu posso prever
Do que a minha gente vai fazer

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei prá aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

terça-feira, 8 de novembro de 2011

«Boa noite, Carminha»


Ontem chegava a minha casa, ou melhor, à casa da mãe, ali para os lados do Cavadas, quando me cruzei com uma vizinha, que logo disparou um «Boa noite, Carminha».
Sorri e respondi à saudação.
Mas este breve momento fez-me pensar nestes tempos tão agitados, onde a maior parte das pessoas caminha de olhos postos no chão, quase no receio de que o seu olhar se cruze com alguém conhecido e tenha de parar e perder dois ou três minutos com a tal «conversa de conveniência».
Mais do que isso, perdeu-se este sentimento de quase pertença, de ouvirmos os vizinhos tratar-nos pelo nome de criança, a Carminha, a Luzinha, a Aninhas, o Carlitos.
Perdeu-se mas ainda se mantém em locais como o «meu» Cavadas.
Tive um colega de trabalho que morava para os lados de Telheiras e me dizia que nem os vizinhos do mesmo andar conhecia.
Acho isto de uma frieza brutal. 
Será a vida de hoje assim tão febril que nem tempo há para vermos, ao menos no elevador, quem são os que habitam debaixo do mesmo telhado?

E lembrei-me também de como ainda continuam diferentes as ligações entre as pessoas. Recentemente voltei ao Pedrógão de S. Pedro, Penamacor, passar um fim-de-semana na casinha que lá temos e apanhar azeitonas no pequeno «chão» herdado dos avós.
Agora já não me incomoda, mas há uns bons vinte anos, quando comecei a ir até lá com frequência, estranhava que as pessoas parassem no meio da rua e sem mais delongas me viessem perguntar «a quem pertenceis?».
Tenho levado lá amigos a passar uns dias, e já os avisei disso, e expliquei que quando assim interpelados, devem responder que estão com a filha da Angélica, irmã da Ana Mocas. E os transeuntes ficam assim com a sua curiosidade satisfeita, porque têm necessidade de ligar uma cara desconhecida a alguém familiar.
È este sentimento de pertença que se perde a cada dia que passa, e que creio, nunca irá ser recuperado num tempo em que parece ser mais importante o tamanho do carro que se conduz do que a família ou aldeia de onde se provém.
Quanto a mim, de cada vez que me saudarem com um «Olá Carminha», vou ficar extremamente feliz, porque sei que estou em «casa».

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Censura, jornalismo e lacaios

 Estava ontem a preparar a minha próxima aula para a Universidade Sénior (é verdade, estou a leccionar na Unisseixal a disciplina de «Iniciação ao Jornalismo», mas sobre isso falarei noutro post), quando deparei com um texto sobre a censura.

Este é um tema muito caro para mim, como jornalista, porque no meu percurso profissional de quase vinte anos, já me apercebi que muito ainda há a fazer para acabar com pseudo-reizinhos que julgam poder exercer censura sobre os meios de comunicação que não controlam financeiramente, habituados que estão a decidir sobre as notícias boletinizadas que devem ser publicadas ou sobre quem pode ou não escrever opiniões nesses folhetos pagos em ajustes e outros bens.
Mas adiante.
Nuno Crato fala, naquele que é uma das "bíblias" do jornalismo, depois do Livro de Estilos do Público (e cuja leitura tão bem faria a alguns jornaleiros), sobre um dos períodos mais negros da história do jornalismo em Portugal, a censura no Estado Novo.
E fala sobre as formas de luta dos jornalistas perante essa censura e a imposição de regras por parte do Regime, desde os espaços em branco deixados nos jornais em 1918 (um pouco semelhante a uma barrinha negra que já foi utilizada pelo meu jornal e que ainda continua bem entalada num certo local em algumas pessoas), até ao «mutismo culposo e absurdo», conforme refere uma circular da então Direcção dos Serviços de Segurança, em 1931, perante a recusa dos jornais em publicar o que consideravam como propaganda do Regime.
Longe, muito longe das capas gritantes dos dias de hoje, da liberdade de colocar uma simples barra negra com contagem dos dias, (e repito, que tão entalada anda ainda por aí, que já deu origem a editoriais em folhetos e até em revistinhas desportivas, por gente que já se esqueceu que foi nesse mesmo jornal que vieram, a determinada altura, carpir mágoas por falta dos mesmos apoios da mesma entidade que a tal barrinha visava. Mas enchida que é a barriguinha, ei-los a bajular quem paga, criticando quem defende).
Mais uma vez, disperso-me.
Longe, dizia, mas ainda tão perto, quando temos um primeiro-ministro que critica publicamente e leva ao afastamento de uma jornalista televisiva, ou advogados avençados que abrem processos contra jornais quando não concordam com a forma como são descritos em notícias.
Nuno Crato fala também da «auto-censura» imposta pelos próprios jornalistas, «tão gravosa como o regime que lhe deu origem, que favorece a ilusão de paz doméstica, e obriga o jornalista a uma ética de comedimento e equilíbrio, que produz os seus frutos podres: a cobardia, o receio do desagrado e o medo ao afrontamento, ainda hoje patentes em muita imprensa».
Não podia concordar mais, perante a abjecta defesa, que toca o histerismo, que alguns jornaleiros fazem de certos poderes instituídos, numa medíocre tentativa de se elevarem aos olhos dos mandantes, imiscuindo-se inclusive nos temas que os outros jornais abordam, temas que esses jornaleiros nunca teriam a ousadia de abordar, com medo de perder as migalhas que recebem das mãos daqueles de quem eles e os seus negócios dependem.
O positivo é que esses devaneios continuam a ficar-se pelo éter virtual e não chegam ao papel impresso.
A terminar, como dizia António Ferro, director do Secretariado da Propaganda Nacional e braço direito de Salazar no campo da comunicação, uma frase para reflectir:
«Politicamente só existe o que se sabe que existe».

P.S. – Para os que não conhecem Nuno Crato e a obra que refiro, o livro tem por título «Comunicação Social – A Imprensa», e anda a precisar de ser lido por muita gente.