Estes dois dias rumei de novo até Pedrogão de S. Pedro,
para mais dois dias de bricolagem e ares puros.
Como sempre, paragem obrigatória em Castelo Branco, ou
melhor, no seu mercado, para comprar bicas de azeite, borrachões e os queijos
babados que só ali se encontram ao melhor preço.
E como desta vez, até lá encontrei um vizinho do meu prédio aqui do Cavadas em compras para levar para o Ladoeiro.
As bancas para todos estes produtos são sempre as mesmas,
e com isso acabamos por criar alguns laços com as pessoas, como a padeira que
pergunta sempre como está Lisboa e recorda a vez que veio a um casamento à Igreja
de Arrentela, ou a senhora dos queijos, de quem acompanhamos o casamento da
filha e alguns momentos menos bons de saúde.
Sem sabermos sequer nomes próprios, os laços vão-se
firmando.
E lá fomos em nova romaria.
Só que desta vez um choque
nos esperava.
Ao perguntar à senhora da banca dos queijos como ia, a
resposta veio rápida: "tenho o mal da morte".
Não queria acreditar nos meus ouvidos e perguntei de
novo.
"Tenho o mal da morte…"
E passou a explicar que os médicos só agora, aos 69 anos
é que viram que tinha um tumor maligno no peito, que iria ser removido, mas que
já se alastrara para o braço… que iria começar a quimioterapia, mas que não estava
sem grandes esperanças e por isso estava a passar o negócio para outra pessoa
que a acompanhava nestes dias.
O choque deixou-me sem fala, embargada pelas lágrimas.
Pensar que nos preocupamos com tanta coisa, gritamos,
ofendemos, sofremos e de repente podemos ser apanhados pelo «mal da morte».
Confesso que o queijo que comprei desta vez trás um travo
amargo… muito amargo.
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