Como se já não bastasse a «guerra» que por vezes estes têm necessidade de travar entre si, quando se implementam numa mesma área geográfica, quando se trata da conquista de mercado publicitário, na maior parte das vezes o seu único sustentáculo, como se vêm ainda na eminência de lutar contra “jornais” suportados por partidos políticos ou grupos económicos.
Como se também já não bastasse a falta de respeito e de reconhecimento das autarquias locais que entendem que o jornalismo regional deve ser aquele que apenas retrata as cerimónias de «corta-fitas», à boa moda dos velhos tempos, enfrenta agora a comunicação social regional um outro estorvo.
Vem isto a propósito de um jornal editado por uma cadeia de supermercados, que se iniciou como um meio de divulgar as promoções nas respectivas lojas e agora se apresenta praticamente como um jornal regional em vários distritos do país.
Não haveria problema se o mesmíssimo jornal, além dos seus produtos, e das tais notícias regionais, não estivesse também, literalmente, a roubar mercado publicitário aos jornais já ali implementados.
Perante um grande grupo económico, com fundos estrangeiros, que vende espaço publicitário ao «preço da chuva», que hipóteses podem ter os restantes jornais?
Mas a culpa é também dos investidores, que na sua maior parte procuram os jornais regionais para divulgarem as suas iniciativas, mas depois adjudicam a sua publicidade a este tipo de “jornais”, que lhes oferecem um preço baixo e têm meios para realizarem uma tiragem mais elevada e uma distribuição mais alargada.
Sabemos que várias queixas foram apresentadas à Entidade Reguladora da Comunicação Social sobre este tipo de «tubarões» que desta forma parecem pretender acabar com a imprensa local e regional.
No entanto, mais uma vez, parece que os «Grandes», os que dominam tudo e todos, não estão abrangidos por este «braço» da autoridade no campo da comunicação social. Afinal, a ERC parece mais interessada em receber as taxas anuais dos jornais e em exigir que sejam publicados direitos de resposta em casos que, levados a tribunal, este órgão superior considera completamente descabidos de publicação.
Mas é muitíssimo mais fácil punir os pequenos.
Face ao conhecimento que tenho das queixas que aquela entidade recebeu relativamente ao tal pseudo-jornal, espero ainda que a mesma tenha a hombridade de actuar ou de delegar a actuação em quem de direito, não atrasando a sua actuação até que seja já tarde demais para salvar ou proteger os órgãos de comunicação social locais e regionais.
No entanto, perante certos “silêncios” ficamos a pensar se não haverá mesmo segundas intenções.
P.S: Mais uma das minhas crónicas no Diário do Distrito.
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