QUE MELHOR FORMA DO QUE COM A MINHA BICHARADA??
Um blogue de uma jornalista que já viu um pouco de tudo, usado para falar de qualquer coisa.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Mas onde é que eu já vi isto???
Publicidade do Governo beneficia diário da Cofina
O Estado português investiu, nos primeiros nove meses de 2009, 8,8 milhões de euros em publicidade nos cinco principais jornais diários generalistas, revela um estudo da Marktest. O mesmo estudo adianta que metade dessa verba foi colocada em apenas um jornal: o «Correio da Manhã», do grupo Cofina.
Metade do investimento publicitário feito pelo Estado nos jornais diários de maior expansão em Portugal, entre Janeiro e Setembro de 2009, foi para o jornal Correio da Manhã (CM), de acordo com um estudo realizado pela Marktest, a pedido da Administração da Controlinveste.
De acordo com o estudo, entre inserções no caderno principal e no caderno de classificados, o diário do grupo Cofina arrecadou, até ao final do terceiro trimestre deste ano, cerca de 4,4 milhões de euros, a preços de tabela e sem contemplar os descontos praticados pelos meios de comunicação.
Os dados revelam que a segunda publicação que recebeu mais publicidade estatal foi o Jornal de Notícias (JN), propriedade da Controlinveste (também detentora do Diário de Notícias e do 24horas), com 2,4 milhões de euros de investimento, ou seja, cerca de 2 milhões de diferença do Correio da Manhã.
Por seu turno, o investimento no DN correspondeu a 1 milhão de euros, no Público (grupo Sonaecom) a 876 mil euros e no 24 Horas a 54 mil euros, um valor residual quando comparado com as demais publicações.
A análise dos dados mostra que os três títulos da Controlinveste, juntos, receberam menos investimentos publicitários do que o CM, em 2009 (não estando contabilizados outros títulos da Cofina como o Jornal de Negócios, o Record ou a revista Sábado).
Esta tendência verificava-se já em 2008 com 6,2 milhões de euros a serem investidos no diário da Cofina face aos 4,9 milhões de euros investidos nos mesmos três jornais da Controlinveste.
O estudo da Marktest revela ainda outros pormenores: o crescimento do investimento no caderno principal dos diários generalistas e a diminuição do investimento no caderno de classificados, embora este continue a ser o local preferencial para o Estado anunciar.
Os dados mostram também que o orçamento destinado ao caderno principal dos diários duplicou no caso do CM (mais 399 mil euros) e do DN (mais 174 mil euros), quase triplicou no Público (mais 138 mil euros) e cresceu menos de 1% no JN (mais 176 mil euros). Em contrapartida, diminuiu o investimento nos cadernos de classificados: menos 38% no CM, menos 51% no Público, menos 53% do DN e menos 35% no JN.
O estudo da Marktest surge no seguimento de informações avançadas pela revista «Sábado» (grupo Cofina), em meados do mês de Novembro, de que o Estado estaria a beneficiar o grupo Controlinveste no que respeita ao investimento publicitário.
A revista referia que o Estado estaria a desinvestir no jornal Público e Sol e a favorecer os títulos da Controlinveste, Diário de Notícias e Jornal de Notícias, mas nunca mencionou o dinheiro investido pelo Estado no jornal Correio da Manhã.
www.eusou.com/jornalista/
Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009
GOVERNO VAI CRIAR BANCO DE DADOS ON-LINE
"Vamos criar um banco de dados on-line para poder garantir o registo transparente de toda a publicidade do Estado", avançou Jorge Lacão durante a comissão parlamentar de Sociedade, Cultura e Ética que decorreu esta manhã.
Admitindo que actualmente não existe nenhum critério que defina a distribuição de publicidade do sector público pela imprensa, o ministro, que tutela a pasta da Comunicação Social, defendeu a necessidade de "criar critérios que assegurem a transparência".
A questão foi levantada por todos os partidos da oposição presentes na comissão parlamentar, na sequência de um artigo publicado em Novembro na revista Sábado que adiantava ter havido discriminação por parte do Governo e organismos públicos na distribuição de publicidade institucional a jornais nacionais.
Segundo a Sábado, o Governo (ministérios, organismos e empresas públicas) reduziu o investimento publicitário nos jornais que publicaram escândalos envolvendo o nome do primeiro-ministro, José Sócrates, apontando os casos concretos do Independente, Público e Sol. Ler aqui, no Diário de Notícias
Ana Isabel Silva - publicado por comunicaradireito às 12:48
O Estado português investiu, nos primeiros nove meses de 2009, 8,8 milhões de euros em publicidade nos cinco principais jornais diários generalistas, revela um estudo da Marktest. O mesmo estudo adianta que metade dessa verba foi colocada em apenas um jornal: o «Correio da Manhã», do grupo Cofina.
Metade do investimento publicitário feito pelo Estado nos jornais diários de maior expansão em Portugal, entre Janeiro e Setembro de 2009, foi para o jornal Correio da Manhã (CM), de acordo com um estudo realizado pela Marktest, a pedido da Administração da Controlinveste.
De acordo com o estudo, entre inserções no caderno principal e no caderno de classificados, o diário do grupo Cofina arrecadou, até ao final do terceiro trimestre deste ano, cerca de 4,4 milhões de euros, a preços de tabela e sem contemplar os descontos praticados pelos meios de comunicação.
Os dados revelam que a segunda publicação que recebeu mais publicidade estatal foi o Jornal de Notícias (JN), propriedade da Controlinveste (também detentora do Diário de Notícias e do 24horas), com 2,4 milhões de euros de investimento, ou seja, cerca de 2 milhões de diferença do Correio da Manhã.
Por seu turno, o investimento no DN correspondeu a 1 milhão de euros, no Público (grupo Sonaecom) a 876 mil euros e no 24 Horas a 54 mil euros, um valor residual quando comparado com as demais publicações.
A análise dos dados mostra que os três títulos da Controlinveste, juntos, receberam menos investimentos publicitários do que o CM, em 2009 (não estando contabilizados outros títulos da Cofina como o Jornal de Negócios, o Record ou a revista Sábado).
Esta tendência verificava-se já em 2008 com 6,2 milhões de euros a serem investidos no diário da Cofina face aos 4,9 milhões de euros investidos nos mesmos três jornais da Controlinveste.
O estudo da Marktest revela ainda outros pormenores: o crescimento do investimento no caderno principal dos diários generalistas e a diminuição do investimento no caderno de classificados, embora este continue a ser o local preferencial para o Estado anunciar.
Os dados mostram também que o orçamento destinado ao caderno principal dos diários duplicou no caso do CM (mais 399 mil euros) e do DN (mais 174 mil euros), quase triplicou no Público (mais 138 mil euros) e cresceu menos de 1% no JN (mais 176 mil euros). Em contrapartida, diminuiu o investimento nos cadernos de classificados: menos 38% no CM, menos 51% no Público, menos 53% do DN e menos 35% no JN.
O estudo da Marktest surge no seguimento de informações avançadas pela revista «Sábado» (grupo Cofina), em meados do mês de Novembro, de que o Estado estaria a beneficiar o grupo Controlinveste no que respeita ao investimento publicitário.
A revista referia que o Estado estaria a desinvestir no jornal Público e Sol e a favorecer os títulos da Controlinveste, Diário de Notícias e Jornal de Notícias, mas nunca mencionou o dinheiro investido pelo Estado no jornal Correio da Manhã.
www.eusou.com/jornalista/
Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009
GOVERNO VAI CRIAR BANCO DE DADOS ON-LINE
"Vamos criar um banco de dados on-line para poder garantir o registo transparente de toda a publicidade do Estado", avançou Jorge Lacão durante a comissão parlamentar de Sociedade, Cultura e Ética que decorreu esta manhã.
Admitindo que actualmente não existe nenhum critério que defina a distribuição de publicidade do sector público pela imprensa, o ministro, que tutela a pasta da Comunicação Social, defendeu a necessidade de "criar critérios que assegurem a transparência".
A questão foi levantada por todos os partidos da oposição presentes na comissão parlamentar, na sequência de um artigo publicado em Novembro na revista Sábado que adiantava ter havido discriminação por parte do Governo e organismos públicos na distribuição de publicidade institucional a jornais nacionais.
Segundo a Sábado, o Governo (ministérios, organismos e empresas públicas) reduziu o investimento publicitário nos jornais que publicaram escândalos envolvendo o nome do primeiro-ministro, José Sócrates, apontando os casos concretos do Independente, Público e Sol. Ler aqui, no Diário de Notícias
Ana Isabel Silva - publicado por comunicaradireito às 12:48
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Orçamento camarário do Seixal, publicidade e Jornais
Custa-me, palavra que me custa, vir aqui colocar estes posts, mas há coisas que não podem ficar caladas. E aqui fica a reprodução de mais um texto desta última edição do «Comércio do Seixal e Sesimbra», onde refiro a questão da aplicação da publicidade camarária nos "jornais", com palavras de Alfredo Monteiro, o presidente da autarquia e cujo texto podem conhecer na íntegra em http://content.yudu.com/Library/A1jzpm/Edio90/resources/index.htm?referrerUrl=http%3A%2F%2Fwww.yudu.com%2Fitem%2Fdetails%2F113407%2FEdi----o-90-
GOP e jornais
Na sessão de câmara de 16 de Dezembro houve ainda lugar para os presentes ficarem a saber que a Câmara Municipal “investe e sempre investiu na comunicação social local com rubricas específicas nas Grandes Opções do Plano”, conforme referiu Alfredo Monteiro.
A conversa veio à baila com a intervenção do vereador Samuel Cruz, que propôs que os editais das sessões camarárias fossem “publicadas nos órgãos de comunicação social local, como forma de informação ao público e de ajuda financeira a estes, uma vez que as Grandes Opções do Plano não prevêem um apoio à comunicação social”.
A isto, Alfredo Monteiro respondeu prontamente que “a informação acerca das reuniões da Câmara Municipal é divulgada no Boletim Municipal. Este é o modelo que temos, que não vamos mudar, e acrescento que o Boletim Municipal é o espaço mais lido no concelho”.
Nada de admirar, quando nas Grandes Opções do Plano para 2010 estão previstos 351.847 mil euros para o Boletim Municipal do Seixal (impressão, distribuição e mailing). Como Pequena e Média Empresa que somos, sem subsídios ou cobrança de impostos, é algo completamente impossível de atingir.
Acerca da reunião adiada para 2ª feira de manhã, e também respondendo à questão de Samuel Cruz sobre se esta seria aberta ao público, Alfredo Monteiro respondeu que “a comunicação social sempre teve lugar aqui. Mas o que o vereador Samuel Cruz referiu sobre as rubricas das GOP para a comunicação social é mentira!
Há rubricas que contemplam a comunicação social, como os protocolos com as rádios locais, e a publicação regular de anúncios e informações nos jornais locais.”
Nesse sentido, cabe aqui uma pequena reflexão.
Nas Grandes Opções do Plano de 2009 para o Seixal estavam previstos para publicidade:
- 20.000 euros para publicações da Assembleia Municipal;
- 15.000 euros para publicidade na rubrica Turismo;
- 15.000 euros para publicidade na rubrica Ambiente e Serviços Urbanos;
- 58.500 euros para publicidade na rubrica Desporto;
- 7.500 euros para publicidade na rubrica Património Histórico/ Ecomuseu;
- 8.000 euros para publicidade na rubrica Recursos Humanos;
- 50.000 euros para publicidade Obrigatória e Institucional;
- 15.000 euros para publicidade Obrigatória e Institucional / Regulamentos Municipais;
- 30.000 euros para publicidade na rubrica Órgãos de Apoio.
Total de 286.500 euros previstos para publicidade.
No Balancete das Grandes Opções do Plano por Objectivos e Programas, fica a informação que:
- Em inserção de publicidade Obrigatória e Institucional foram gastos 23.992 euros;
- Em inserção de publicidade Obrigatória e Institucional / Regulamentos Municipais foram gastos 1.954,89 euros;
- No sector da Cultura e Património foram gastos 5.918,40 euros;
- Na promoção e divulgação no sector do desporto foram gastos 35.915,00 euros (Seixalíada);
- Em campanhas de sensibilização para adopção de animais do Canil/Gatil foram gastos 4.190;
- A Assembleia Municipal não fez quaisquer gastos com publicidade;
Total de 71,239,29 euros aplicados em publicidade.
Total de publicidade investida no «Comércio» - 965 euros.
O «Comércio do Seixal e Sesimbra» não recebe publicidade da Câmara Municipal do Seixal desde 24 de Abril deste ano.
Como ainda acreditamos na palavra de Alfredo Monteiro sobre os apoios autárquicos aos jornais locais, e tendo em conta que na GOP para 2010 está prevista a aplicação de 51.236 mil euros para «Contratos para informação/divulgação» e 38.986 mil euros para «Inserção de publicidade obrigatória institucional», um total de 90.222 euros (não contabilizando outras áreas onde está prevista verba para «informação/divulgação», ficamos à espera que o ano de 2010 venha realmente a provar que os vereadores da oposição mentiram sobre a falta de apoios aos jornais pela autarquia.
GOP e jornais
Na sessão de câmara de 16 de Dezembro houve ainda lugar para os presentes ficarem a saber que a Câmara Municipal “investe e sempre investiu na comunicação social local com rubricas específicas nas Grandes Opções do Plano”, conforme referiu Alfredo Monteiro.
A conversa veio à baila com a intervenção do vereador Samuel Cruz, que propôs que os editais das sessões camarárias fossem “publicadas nos órgãos de comunicação social local, como forma de informação ao público e de ajuda financeira a estes, uma vez que as Grandes Opções do Plano não prevêem um apoio à comunicação social”.
A isto, Alfredo Monteiro respondeu prontamente que “a informação acerca das reuniões da Câmara Municipal é divulgada no Boletim Municipal. Este é o modelo que temos, que não vamos mudar, e acrescento que o Boletim Municipal é o espaço mais lido no concelho”.
Nada de admirar, quando nas Grandes Opções do Plano para 2010 estão previstos 351.847 mil euros para o Boletim Municipal do Seixal (impressão, distribuição e mailing). Como Pequena e Média Empresa que somos, sem subsídios ou cobrança de impostos, é algo completamente impossível de atingir.
Acerca da reunião adiada para 2ª feira de manhã, e também respondendo à questão de Samuel Cruz sobre se esta seria aberta ao público, Alfredo Monteiro respondeu que “a comunicação social sempre teve lugar aqui. Mas o que o vereador Samuel Cruz referiu sobre as rubricas das GOP para a comunicação social é mentira!
Há rubricas que contemplam a comunicação social, como os protocolos com as rádios locais, e a publicação regular de anúncios e informações nos jornais locais.”
Nesse sentido, cabe aqui uma pequena reflexão.
Nas Grandes Opções do Plano de 2009 para o Seixal estavam previstos para publicidade:
- 20.000 euros para publicações da Assembleia Municipal;
- 15.000 euros para publicidade na rubrica Turismo;
- 15.000 euros para publicidade na rubrica Ambiente e Serviços Urbanos;
- 58.500 euros para publicidade na rubrica Desporto;
- 7.500 euros para publicidade na rubrica Património Histórico/ Ecomuseu;
- 8.000 euros para publicidade na rubrica Recursos Humanos;
- 50.000 euros para publicidade Obrigatória e Institucional;
- 15.000 euros para publicidade Obrigatória e Institucional / Regulamentos Municipais;
- 30.000 euros para publicidade na rubrica Órgãos de Apoio.
Total de 286.500 euros previstos para publicidade.
No Balancete das Grandes Opções do Plano por Objectivos e Programas, fica a informação que:
- Em inserção de publicidade Obrigatória e Institucional foram gastos 23.992 euros;
- Em inserção de publicidade Obrigatória e Institucional / Regulamentos Municipais foram gastos 1.954,89 euros;
- No sector da Cultura e Património foram gastos 5.918,40 euros;
- Na promoção e divulgação no sector do desporto foram gastos 35.915,00 euros (Seixalíada);
- Em campanhas de sensibilização para adopção de animais do Canil/Gatil foram gastos 4.190;
- A Assembleia Municipal não fez quaisquer gastos com publicidade;
Total de 71,239,29 euros aplicados em publicidade.
Total de publicidade investida no «Comércio» - 965 euros.
O «Comércio do Seixal e Sesimbra» não recebe publicidade da Câmara Municipal do Seixal desde 24 de Abril deste ano.
Como ainda acreditamos na palavra de Alfredo Monteiro sobre os apoios autárquicos aos jornais locais, e tendo em conta que na GOP para 2010 está prevista a aplicação de 51.236 mil euros para «Contratos para informação/divulgação» e 38.986 mil euros para «Inserção de publicidade obrigatória institucional», um total de 90.222 euros (não contabilizando outras áreas onde está prevista verba para «informação/divulgação», ficamos à espera que o ano de 2010 venha realmente a provar que os vereadores da oposição mentiram sobre a falta de apoios aos jornais pela autarquia.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
O papel dos animais
Cá está, nem tudo é negativo na Internet. Através do Facebook fiquei a saber de um movimento que pede ao Governo que as despesas com animais de estimação sejam deduzidas do IRS. Aderi de imediato em
http://www.facebook.com/group.php?gid=188416119264&ref=nf
Mas acho que é preciso ir mais longe. Como dizia Ghandi, a grandiosidade de um país mede-se pela forma como os animais são tratados.
Em Portugal, são um mero bem material. E a culpa para isto são os sucessivos governos e os partidos da oposição, que mesmo quando dizem defender o ambiente e o mundo, se esquecem da defesa dos animais, mais preocupados em discutir o sexo dos anjos nas suas bancadas parlamentares.
Enquanto escrevo isto, tenho deitado aos meus pés (quase com o focinho em cima do ventilador quente) o Belchior.
Cachorrão em todo o sentido da palavra, trouxe-o para casa no dia de Reis, das mãos da Associação Bianca, já lá vão sete anos. Mas quem o vê, ainda me pergunta se é um cachorro, pelo seu ar e comportamento. (Ao fim de três meses na escola de treino, foi dispensado por comportamento infantil...)
Praticamente em cima de mim e do computador, tenho o Bruno Miguel, um gato lindo, que nasceu há quase seis meses na minha casa. Ali mais abaixo, estão a Sofia e a D. Ritinha (mãe dos dois malucos).
Também a D. Ritinha veio cá parar por azar. Um almoço em Setúbal, uma viragem para a direita, uma entrada no parque de um supermercado, decisão de ultima hora, e eis que vejo um novelo branco a subir para o motor de uma pick-up.
O coração aos saltos, aviso os donos do veiculo. O proprietário tem receio de ser arranhado, por isso ofereço-me para retirar de lá o animal. Ouço um miado e do motor retiro um gatinho com semanas de vida. Os olhos azuis fixam-me com confiança.
Como é possível que um gatito tão pequeno esteja assim, ali num parque de estacionamento de uma zona comercial de Setúbal?
Não resisto e entro no meu carro, chorando que nem uma louca, e ele passa a ser meu. Digo ele, porque até ao primeiro cio, pensávamos que era um gato, apelidado de Santiago. Só depois é que passou a ser Ritinha, e D. Ritinha quando foi mamã.
Mais um descuido. Um amigo a passar férias no Quénia e o gato dele, Jeremias, a passar as férias cá em casa. Sempre com muito cuidado para não se encontrarem, mas eis que parte para o céu dos gatos o Pantufa.
A Ritinha andava tão solitária e triste, por ter perdido o companheiro que tão bem a tinha recebido meses antes. «Bem, é tão pequinina, de certeza não haverá problema, vamos deixa-la brincar com o Jeremias».
O Jeremias foi para casa, e a Ritinha a engordar a olhos vistos. «Tá bonita a gata, tá gordinha...».
Sim, só quando os gatitos começaram a mexer na barriga é que vimos que aquilo era mais do que doses generosas de whiskas...
E no dia de S. António, eis que temos a surpresa ao chegar a casa de um dia de praia: Maria Joana, Sofia e Bruno Miguel. A primeira já está na sua casa nova, a fazer a cabeça em água aos donos, que a adoram acima de tudo.
O Bruno Miguel, assim baptizado pela minha irmã, suposta futura dona, é um gatarrão em todo o sentido da palavra, mas detesta gente nova.
A Sofia, bem, a Sofia é a coisa mais descarada que existe, se falasse ouvíamo-la andar sempre a perguntar: «o que estás a fazer? O que é isso? Posso ver? Posso mexer? Quero saber tudo!!!»
São eles que me fazem sorrir, mesmo depois de um dia onde só o choro me poderia aliviar. São eles para quem olho, quando quero inspirar-me ou ganhar forças. No coração estão ainda a Xana, o Miura, o Miki, o Alex, a Violeta, as duas Lassies, o Bobi, os vários hamsters sempre Alexandres e as Julianas.
Interessante, e como não posso separar o trabalho do meu lado pessoal, como também o «Comércio» é o único jornal do concelho (Boletim Municipal incluído) que tem semanalmente uma página dedicada aos animais abandonados.
Temos um canil/gatil gerido pela Câmara Municipal, um canil que é referência no país, mas em mais de trinta páginas de um Boletim quinzenal, não há um pequenino espaço, uma coluna que seja, onde se fale dos animais que procuram novas casas... Lamentável!
Para conhecer um país sem respeito pelos seus animais, aqui fica mais um link. Pode ser que todos juntos possamos fazer a diferença.
http://blogdaanimal.blogspot.com/
http://www.facebook.com/group.php?gid=188416119264&ref=nf
Mas acho que é preciso ir mais longe. Como dizia Ghandi, a grandiosidade de um país mede-se pela forma como os animais são tratados.
Em Portugal, são um mero bem material. E a culpa para isto são os sucessivos governos e os partidos da oposição, que mesmo quando dizem defender o ambiente e o mundo, se esquecem da defesa dos animais, mais preocupados em discutir o sexo dos anjos nas suas bancadas parlamentares.
Enquanto escrevo isto, tenho deitado aos meus pés (quase com o focinho em cima do ventilador quente) o Belchior.
Cachorrão em todo o sentido da palavra, trouxe-o para casa no dia de Reis, das mãos da Associação Bianca, já lá vão sete anos. Mas quem o vê, ainda me pergunta se é um cachorro, pelo seu ar e comportamento. (Ao fim de três meses na escola de treino, foi dispensado por comportamento infantil...)
Praticamente em cima de mim e do computador, tenho o Bruno Miguel, um gato lindo, que nasceu há quase seis meses na minha casa. Ali mais abaixo, estão a Sofia e a D. Ritinha (mãe dos dois malucos).
Também a D. Ritinha veio cá parar por azar. Um almoço em Setúbal, uma viragem para a direita, uma entrada no parque de um supermercado, decisão de ultima hora, e eis que vejo um novelo branco a subir para o motor de uma pick-up.
O coração aos saltos, aviso os donos do veiculo. O proprietário tem receio de ser arranhado, por isso ofereço-me para retirar de lá o animal. Ouço um miado e do motor retiro um gatinho com semanas de vida. Os olhos azuis fixam-me com confiança.
Como é possível que um gatito tão pequeno esteja assim, ali num parque de estacionamento de uma zona comercial de Setúbal?
Não resisto e entro no meu carro, chorando que nem uma louca, e ele passa a ser meu. Digo ele, porque até ao primeiro cio, pensávamos que era um gato, apelidado de Santiago. Só depois é que passou a ser Ritinha, e D. Ritinha quando foi mamã.
Mais um descuido. Um amigo a passar férias no Quénia e o gato dele, Jeremias, a passar as férias cá em casa. Sempre com muito cuidado para não se encontrarem, mas eis que parte para o céu dos gatos o Pantufa.
A Ritinha andava tão solitária e triste, por ter perdido o companheiro que tão bem a tinha recebido meses antes. «Bem, é tão pequinina, de certeza não haverá problema, vamos deixa-la brincar com o Jeremias».
O Jeremias foi para casa, e a Ritinha a engordar a olhos vistos. «Tá bonita a gata, tá gordinha...».
Sim, só quando os gatitos começaram a mexer na barriga é que vimos que aquilo era mais do que doses generosas de whiskas...
E no dia de S. António, eis que temos a surpresa ao chegar a casa de um dia de praia: Maria Joana, Sofia e Bruno Miguel. A primeira já está na sua casa nova, a fazer a cabeça em água aos donos, que a adoram acima de tudo.
O Bruno Miguel, assim baptizado pela minha irmã, suposta futura dona, é um gatarrão em todo o sentido da palavra, mas detesta gente nova.
A Sofia, bem, a Sofia é a coisa mais descarada que existe, se falasse ouvíamo-la andar sempre a perguntar: «o que estás a fazer? O que é isso? Posso ver? Posso mexer? Quero saber tudo!!!»
São eles que me fazem sorrir, mesmo depois de um dia onde só o choro me poderia aliviar. São eles para quem olho, quando quero inspirar-me ou ganhar forças. No coração estão ainda a Xana, o Miura, o Miki, o Alex, a Violeta, as duas Lassies, o Bobi, os vários hamsters sempre Alexandres e as Julianas.
Interessante, e como não posso separar o trabalho do meu lado pessoal, como também o «Comércio» é o único jornal do concelho (Boletim Municipal incluído) que tem semanalmente uma página dedicada aos animais abandonados.
Temos um canil/gatil gerido pela Câmara Municipal, um canil que é referência no país, mas em mais de trinta páginas de um Boletim quinzenal, não há um pequenino espaço, uma coluna que seja, onde se fale dos animais que procuram novas casas... Lamentável!
Para conhecer um país sem respeito pelos seus animais, aqui fica mais um link. Pode ser que todos juntos possamos fazer a diferença.
http://blogdaanimal.blogspot.com/
domingo, 6 de dezembro de 2009
Justiça à portuguesa
Este foi o título de uma notícia que fez capa no «Comércio». Foi uma história que me tocou pessoalmente.
Resumindo uma longa história, o meu cunhado foi assaltado em plena hora de almoço, por dois pretos que fazem da sua vida o assalto a distribuidores de bebidas no concelho.
Ele resistiu e foi ferido por um dos assaltantes, a mesma bala que lhe atravessou a coxa direita atingiu o outro assaltante no pé. Depois de uma perseguição ele e outras pessoas conseguiram apanhar o assaltante ferido.
Foram os dois para o hospital e o assaltante passou a noite na prisão. No dia seguinte foi presente a tribunal e saiu com termo de identidade e residência. À hora de almoço, ele e o pai e outro preto estavam frente ao café Milénio, na Amora a ameaçar os clientes e o dono, porque tinham sido clientes do café que o apanharam na véspera.
Isto aconteceu em Setembro. Os assaltos têm continuado, alguns deles com catanas, em pleno dia, como aconteceu em Paio Pires.
No dia 3 de Dezembro, ele teve de ir ao tribunal do Seixal, fazer uma peritagem (acho que se diz assim) com o médico. Estava marcada para as 13h30. Às 15h30 disseram-lhe para se ir embora porque o médico afinal não vinha. E que se preparasse porque agora ia ser uma verdadeira saga, uma vez que, a conselho de um advogado, irá pedir indemnização.
No sábado, celebramos o seu aniversário (e de um amigo). Não queríamos falar neste caso, mas foi o dono da Petisqueira I quem puxou o assunto, como cliente e amigo que é dele, recordando a todos os presentes na sala que esta noite poderia não ser de festejo mas de luto e saudade.
Só me pergunto que justiça é esta que liberta um ladrão em horas, e que faz os cidadãos cumpridores esgotarem a sua paciência e tempo nos tribunais, deixando-os à mercê destes tipos.
Já dissemos ao meu cunhado que se ponha a pau, porque se calhar terá de ser ele a pagar uma indemnização ao assaltante, porque além de o impedir de cumprir a sua «função laboral», ainda lhe retirou os meios de a conseguir, porque na ocasião do assalto ele conseguiu sacar a arma ao outro assaltante.
Segundo ele, felizmente a arma só tinha a bala que o atingiu, porque ele (ex-militar) ainda fez pontaria para um dos assaltantes. Se lhe acertasse, hoje seria ele que estava preso, na certa.
São estes governantes que temos, quando o PS propõe um código de processo penal destes, apoiado pelo PSD. Confesso que agora estou de alma e coração com o Paulo Portas, é preciso mesmo mudar isto.
Resumindo uma longa história, o meu cunhado foi assaltado em plena hora de almoço, por dois pretos que fazem da sua vida o assalto a distribuidores de bebidas no concelho.
Ele resistiu e foi ferido por um dos assaltantes, a mesma bala que lhe atravessou a coxa direita atingiu o outro assaltante no pé. Depois de uma perseguição ele e outras pessoas conseguiram apanhar o assaltante ferido.
Foram os dois para o hospital e o assaltante passou a noite na prisão. No dia seguinte foi presente a tribunal e saiu com termo de identidade e residência. À hora de almoço, ele e o pai e outro preto estavam frente ao café Milénio, na Amora a ameaçar os clientes e o dono, porque tinham sido clientes do café que o apanharam na véspera.
Isto aconteceu em Setembro. Os assaltos têm continuado, alguns deles com catanas, em pleno dia, como aconteceu em Paio Pires.
No dia 3 de Dezembro, ele teve de ir ao tribunal do Seixal, fazer uma peritagem (acho que se diz assim) com o médico. Estava marcada para as 13h30. Às 15h30 disseram-lhe para se ir embora porque o médico afinal não vinha. E que se preparasse porque agora ia ser uma verdadeira saga, uma vez que, a conselho de um advogado, irá pedir indemnização.
No sábado, celebramos o seu aniversário (e de um amigo). Não queríamos falar neste caso, mas foi o dono da Petisqueira I quem puxou o assunto, como cliente e amigo que é dele, recordando a todos os presentes na sala que esta noite poderia não ser de festejo mas de luto e saudade.
Só me pergunto que justiça é esta que liberta um ladrão em horas, e que faz os cidadãos cumpridores esgotarem a sua paciência e tempo nos tribunais, deixando-os à mercê destes tipos.
Já dissemos ao meu cunhado que se ponha a pau, porque se calhar terá de ser ele a pagar uma indemnização ao assaltante, porque além de o impedir de cumprir a sua «função laboral», ainda lhe retirou os meios de a conseguir, porque na ocasião do assalto ele conseguiu sacar a arma ao outro assaltante.
Segundo ele, felizmente a arma só tinha a bala que o atingiu, porque ele (ex-militar) ainda fez pontaria para um dos assaltantes. Se lhe acertasse, hoje seria ele que estava preso, na certa.
São estes governantes que temos, quando o PS propõe um código de processo penal destes, apoiado pelo PSD. Confesso que agora estou de alma e coração com o Paulo Portas, é preciso mesmo mudar isto.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Liberdade de imprensa
Liberdade de expressão dos jornalistas não pode ser coarctada, diz o sindicato dos Jornalistas sobre uma mensagem enviada aos jornalistas da RTP pelo director de Informação.
Recomendações do director de informação da RTP aos jornalistas da empresa sobre a participação em redes sociais estão a suscitar apreensão no sector. Em causa está o facto de tais recomendações ameaçarem invadir a esfera privada dos jornalistas e pôr em causa a sua liberdade de expressão.
Em comunicado divulgado hoje, 27 de Novembro, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) alerta para o facto de, cabendo aos directores de informação "definir, dentro dos limites da Lei e da deontologia profissional, a orientação editorial dos serviços informativos que dirigem e mesmo das contas de redes sociais tituladas pelos órgãos de informação nas quais os jornalistas aceitem colaborar", importa ter presente que a "sua autoridade não se estende às iniciativas pessoais dos jornalistas nem à sua vida privada".
É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado do SJ:
SJ defende liberdade de expressão dos jornalistas
O director de informação da RTP distribuiu há dias um conjunto de "recomendações de bom senso, que os jornalistas devem observar" nas redes sociais*, referindo-se específica e assumidamente aos jornalistas ao serviço da RTP que utilizem também as suas contas pessoais em serviços de blogues, no Twiter, Facebook, etc., e não apenas às contas associadas a programas do operador. A iniciativa parece estar a recolher apoios e está a suscitar a suspeita de que tal recomendação seja transformada em ordem de serviço na RTP e possa mesmo vir a ser adoptada por outros órgãos de comunicação social. Impõe-se, por isso, que a Direcção do Sindicato dos Jornalistas, sem prejuízo de outras medidas, tome, desde já, a seguinte posição:
1. O jornalista José Alberto de Carvalho tem o direito de expressar livremente a sua opinião designadamente sobre os problemas que as novas ferramentas de comunicação levantam aos jornalistas, mas não pode transformar as suas opiniões em orientações ou recomendações sobre matéria que ultrapassa a sua competência.
2. Os directores de informação devem velar pela observância das normas de orientação dos órgãos de informação que dirigem, mas tal poder-dever incide exclusivamente no âmbito a esses órgãos e jamais pode invadir a esfera privada dos jornalistas ao seu serviço nem questionar a plena fruição da liberdade de expressão das pessoas enquanto cidadãos.
3. Aos directores de informação cabe definir, dentro dos limites da Lei e da deontologia profissional, a orientação editorial dos serviços informativos que dirigem e mesmo das contas de redes sociais tituladas pelos órgãos de informação nas quais os jornalistas aceitem colaborar, mas a sua autoridade não se estende às iniciativas pessoais dos jornalistas nem à sua vida privada.
4. A liberdade de expressão em Portugal constitui uma conquista de várias gerações de jornalistas e outros criadores, que se bateram e sofreram por ela, em momentos diferentes, em circunstâncias muito dramáticas, sendo um bem precioso especialmente protegido pelos instrumentos jurídicos internacionais e pela Constituição da República Portuguesa.
5. O SJ está disponível para participar no debate público sobre os problemas que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) colocam aos jornalistas e ao jornalismo, mas rejeita liminarmente quaisquer posições visando limitar a liberdade dos cidadãos que são jornalistas ou quaisquer restrições aos seus direitos fundamentais.
Lisboa, 27 de Novembro de 2009
As recomendações do director de Informação da RTP são do seguinte teor:
1) Nada do que fazemos no Twitter, Facebook ou Blogues (seja em posts originais ou em comentários a posts de outrem) deve colocar em causa a imparcialidade que nos é devida e reconhecida enquanto jornalista.
2) Os jornalistas da RTP devem abster-se de escrever, "twitar" ou "postar" qualquer elemento - incluindo vídeos, fotos ou som - que possa ser entendido como demonstrando preconceito político, racista, sexual, religioso ou outro. Essa percepção pode diminuir a nossa credibilidade jornalística. Devem igualmente abster-se de qualquer comportamento que possa ser entendido como antiético, não-profissional ou que, por alguma razão, levante interrogações sobre a credibilidade e seriedade do seu trabalho.
3) Ter em conta que aquilo que cada jornalista escreve, ou os grupos e "amigos" a que se associa, podem ser utilizados para beliscar a sua credibilidade profissional. Seguindo a recomendação do "NY Times", por exemplo, os jornalistas - deverão deixar em branco a secção de perfil de Facebook ou outros equivalentes, sobre as preferências políticas dos utilizadores.
4) Uma regra base deve ser "Nunca escrever nada online que não possa dizer numa peça da RTP".
5) Ter particular atenção aos "amigos" friends do Facebook e ponderar que também através deste dado, se pode inferir sobre a imparcialidade ou não de um jornalista sobre determinadas áreas.
6) Enunciar, de forma clara, no Facebook e/ou nos blogues pessoais que as opiniões expressas são de natureza estritamente pessoal e não representam nem comprometem a RTP.
7) Meditar sobre o facto 140 caracteres de um twit poderem ser entendidos de forma mais deficiente (e geralmente é isso que acontece!) do que um texto de várias páginas, o que dificulta a exacta explicação daquilo que cada um pretende verdadeiramente dizer.
8) Não publicar no Twitter ou em qualquer plataforma electrónica documentos ou factos que possam indicar tratamento preferencial por parte de alguma fonte ou indiciem posição discriminatória sobre alguém ou alguma entidade.
9) Ter presente que todos os dados eventualmente relevantes para fins jornalísticos devem ser colocados à consideração da estrutura editorial da RTP, empresa de media para a qual trabalham.
Recomendações do director de informação da RTP aos jornalistas da empresa sobre a participação em redes sociais estão a suscitar apreensão no sector. Em causa está o facto de tais recomendações ameaçarem invadir a esfera privada dos jornalistas e pôr em causa a sua liberdade de expressão.
Em comunicado divulgado hoje, 27 de Novembro, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) alerta para o facto de, cabendo aos directores de informação "definir, dentro dos limites da Lei e da deontologia profissional, a orientação editorial dos serviços informativos que dirigem e mesmo das contas de redes sociais tituladas pelos órgãos de informação nas quais os jornalistas aceitem colaborar", importa ter presente que a "sua autoridade não se estende às iniciativas pessoais dos jornalistas nem à sua vida privada".
É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado do SJ:
SJ defende liberdade de expressão dos jornalistas
O director de informação da RTP distribuiu há dias um conjunto de "recomendações de bom senso, que os jornalistas devem observar" nas redes sociais*, referindo-se específica e assumidamente aos jornalistas ao serviço da RTP que utilizem também as suas contas pessoais em serviços de blogues, no Twiter, Facebook, etc., e não apenas às contas associadas a programas do operador. A iniciativa parece estar a recolher apoios e está a suscitar a suspeita de que tal recomendação seja transformada em ordem de serviço na RTP e possa mesmo vir a ser adoptada por outros órgãos de comunicação social. Impõe-se, por isso, que a Direcção do Sindicato dos Jornalistas, sem prejuízo de outras medidas, tome, desde já, a seguinte posição:
1. O jornalista José Alberto de Carvalho tem o direito de expressar livremente a sua opinião designadamente sobre os problemas que as novas ferramentas de comunicação levantam aos jornalistas, mas não pode transformar as suas opiniões em orientações ou recomendações sobre matéria que ultrapassa a sua competência.
2. Os directores de informação devem velar pela observância das normas de orientação dos órgãos de informação que dirigem, mas tal poder-dever incide exclusivamente no âmbito a esses órgãos e jamais pode invadir a esfera privada dos jornalistas ao seu serviço nem questionar a plena fruição da liberdade de expressão das pessoas enquanto cidadãos.
3. Aos directores de informação cabe definir, dentro dos limites da Lei e da deontologia profissional, a orientação editorial dos serviços informativos que dirigem e mesmo das contas de redes sociais tituladas pelos órgãos de informação nas quais os jornalistas aceitem colaborar, mas a sua autoridade não se estende às iniciativas pessoais dos jornalistas nem à sua vida privada.
4. A liberdade de expressão em Portugal constitui uma conquista de várias gerações de jornalistas e outros criadores, que se bateram e sofreram por ela, em momentos diferentes, em circunstâncias muito dramáticas, sendo um bem precioso especialmente protegido pelos instrumentos jurídicos internacionais e pela Constituição da República Portuguesa.
5. O SJ está disponível para participar no debate público sobre os problemas que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) colocam aos jornalistas e ao jornalismo, mas rejeita liminarmente quaisquer posições visando limitar a liberdade dos cidadãos que são jornalistas ou quaisquer restrições aos seus direitos fundamentais.
Lisboa, 27 de Novembro de 2009
As recomendações do director de Informação da RTP são do seguinte teor:
1) Nada do que fazemos no Twitter, Facebook ou Blogues (seja em posts originais ou em comentários a posts de outrem) deve colocar em causa a imparcialidade que nos é devida e reconhecida enquanto jornalista.
2) Os jornalistas da RTP devem abster-se de escrever, "twitar" ou "postar" qualquer elemento - incluindo vídeos, fotos ou som - que possa ser entendido como demonstrando preconceito político, racista, sexual, religioso ou outro. Essa percepção pode diminuir a nossa credibilidade jornalística. Devem igualmente abster-se de qualquer comportamento que possa ser entendido como antiético, não-profissional ou que, por alguma razão, levante interrogações sobre a credibilidade e seriedade do seu trabalho.
3) Ter em conta que aquilo que cada jornalista escreve, ou os grupos e "amigos" a que se associa, podem ser utilizados para beliscar a sua credibilidade profissional. Seguindo a recomendação do "NY Times", por exemplo, os jornalistas - deverão deixar em branco a secção de perfil de Facebook ou outros equivalentes, sobre as preferências políticas dos utilizadores.
4) Uma regra base deve ser "Nunca escrever nada online que não possa dizer numa peça da RTP".
5) Ter particular atenção aos "amigos" friends do Facebook e ponderar que também através deste dado, se pode inferir sobre a imparcialidade ou não de um jornalista sobre determinadas áreas.
6) Enunciar, de forma clara, no Facebook e/ou nos blogues pessoais que as opiniões expressas são de natureza estritamente pessoal e não representam nem comprometem a RTP.
7) Meditar sobre o facto 140 caracteres de um twit poderem ser entendidos de forma mais deficiente (e geralmente é isso que acontece!) do que um texto de várias páginas, o que dificulta a exacta explicação daquilo que cada um pretende verdadeiramente dizer.
8) Não publicar no Twitter ou em qualquer plataforma electrónica documentos ou factos que possam indicar tratamento preferencial por parte de alguma fonte ou indiciem posição discriminatória sobre alguém ou alguma entidade.
9) Ter presente que todos os dados eventualmente relevantes para fins jornalísticos devem ser colocados à consideração da estrutura editorial da RTP, empresa de media para a qual trabalham.
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