sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Pelourinho

À beira dos quarenta, é impressionante como há coisas que ainda me surpreendem.
Ontem, assisti à sessão de câmara semanal.
E qual não é o meu espanto quando ouvi algo como isto à vereadora Corália Loureiro, sobre a manifestação organizada por moradores do Pinhal de Frades.
“Quem se aproveita dessa situação para enganar a população, devia ser punido publicamente”.
Ao ouvir algo como isto, só me surge uma imagem na mente: os antigos pelourinhos usados nas aldeias para punir os ladrões e outros.
Não quero pensar que num concelho que se diz democrático, seja assim que a maioria eleita pela população pense de quem discorda.
Como jornalista estive presente na reunião que deu origem à tal manifestação.
Como jornalista, não tenho de me pronunciar sobre as razões das pessoas que fizeram o tal protesto.
Mas o que sei dizer é que tal protesto poderia, talvez, ter sido evitado se na mesma reunião no jardim do Centro Social de Pinhal de Frades tivesse estado presente alguém da Câmara Municipal que ali esclarecesse os presentes sobre a situação.
Tal como se fez representar ali um vereador da oposição.
Como munícipe que reside no concelho há perto de quarenta anos, cujos pais também escolheram o Seixal para residir ainda há mais tempo, choca-me ouvir alguém dizer que quem faz um protesto público “merecia ser punido publicamente”.
Soa-me a ameaças.
Num concelho de Abril.
No entanto, Corália Loureiro sabe bem o poder das palavras, uma vez que na mesma sessão, quando Samuel Cruz lhe chamou «Rainha da Demagogia», logo o avisou para ter “cuidado com aquilo que diz, em especial em relação à minha pessoa”.

Outro ponto ‘engraçado’ desta reunião, foi Joaquim Santos referir, em relação à questão levantada por Paulo Edson sobre os ajustes directos apenas com um jornal local, que “não há nada a esconder”...
Pois, esqueceu-se foi que há cerca de três sessões atrás, fez o discurso da «igualdade e equidade» nos apoios dados à comunicação social.
Uma igualdade e equidade com uma pequenina diferença de algumas valentes centenas de euros.

6 comentários:

hkt disse...

Caríssima, terá certamente dereconhecer o tratamento de igualdade dado à imprensa local. O que acontece, neste "concelho de Abril", é que se cumpre à risca a velha máxima da "quinta orwelliana": uns são mais iguais que os outros. E como sabe, nem todos podem fazer-se ouvir, apenas aqueles que triunfam...

Maria do Carmo disse...

Ou como diz o poema de Sophia de Mello Breyner:
«Porque uns calam e tu não».

Mas acredito que o triunfo dos porcos será de pouca duração. Ou então a esperança numa liberdade conquistada à 36 anos já teria morrido.
Obrigado pela visita.

Ponto Verde disse...

É espantoso.

Daqui se deduz o óbvio , que não é necessário ter o mínimo de bom senso ou o de inteligência para desempenhar o cargo de vereador de uma autarquia que representa perto de 200 MIL habitantes e gerir um dos mail elevados orçamentos do país.

O autoritarismo dessa cidadã investida de responsabilidade pública é conhecido, e até já a ouvi ameaçar com a prisão quem em reunião de câmara requeria informação ou explicação como neste caso.

É bem possível que sobre "enganar a população" se estivesse a referir às inúmeras obras com prazo anunciadas por si e seus camaradas, antes das últimas eleições e não cumpridas, sobre o anunciado alargamento da ponte da fraternidade, os 87 fogos de realojamento prometidos para Vale de Chícharos, as construções também prometidas para reealojamento na Cucena, ou o terreno prometido também para habitação social na Quinta do Cabral.

Ou se se refere à Flor da Mata, talvez queira dizer que é "enganar a população", como a câmara está a fazer, referir que o corte de pinheiros está a ser feito ao abrigo do IC 32 e se trata de corte de lenha queimada, o que é diferente da verdade que é o corte de pinheiros saudáveis.

Uma coisa é certa, essa senhora devia fazer uma leitura da constituição, pode até ser uma versão infantil ilustrada .

Exegível seria explicar quem é que está a enganar quem...mas a veemência com que essa senhora quer julgar cidadãos que lhe pagam hà muito , o imerecido salário, podemos deduzir quem é. Com esse comportamento a Dona Corália engana a Democracia e o poder autárquico.

Maria do Carmo disse...

Obrigada pela sua visita.
Digo apenas aqui que no meu percurso profissional já assisti a sessões camarárias em vários concelhos, Lisboa incluida.
E, infelizmente, apenas aqui no Seixal tenho assistido a cenas e frases que não dignificam em absoluto os eleitos.
Não há sessão, e já as acompanho há vários anos, onde o nível de discussão não desça, onde a democracia e a educação não sejam "atropeladas".
A quem assiste, muitas vezes só apetece «mandar um berro» e dizer para aprenderem a ter maneiras.

Acho que é por tudo isto que os marioneteiros de uma determinada personagem foram aos arames quando se falou de, a exemplo da Câmara de Palmela, emitir online as sessões.
É que depois coisas como esta iriam estragar a "fotografia"...

Já para não falar que é o concelho onde os jornalistas nunca tiveram qualquer apoio durante as sessões.
Vá lá, temos agora uma mesita...
O oposto total de sessões como em Sesimbra, Barreiro, Moita, Palmela ou no Montijo.
Nesta última todos os documentos que ali são discutidos estão à disposição dos jornalistas, e hámesmo um serviço de apoio para nos tirar cópias, se precisarmos, enquanto decorre a sessão.
No Seixal, nicles...

Anónimo disse...

Quem faz e fará a diferença são e serão sempre as pessoas.
É óbvio também que a atitude de denúncia comporta riscos, nalguns casos elevados, como bem sabemos. Mas, são riscos que só na aparência são maiores do que os benefícios que a sociedade pode deles colher.
Provavelmente, é também uma questão geracional que pode muito bem ter a ver com o facto de a nossa Democracia ter atingido a idade adulta sem nunca ter passado pela idade dos porquês. “
Relativamente a algumas reacções dos “eleitos” perante as reais responsabilidades para com o eleitorado,essas surgem da parte dos autarcas quando os cidadãos por sua conta e risco começam a criar mecanismos de autodefesa, e denunciam actos e concluíos , que não podem de deixar de ser consideradas negociatas dos que investidos nesses cargos, pelas suas acções e omissões só podem ser tomados como cúmplices e parceiros.
Diria então, que se trata de um simples salvar a pele.
Mas todos já sabemos que por muito que queiram encenar a fotografia da indignação, ameaçem com processos e outras formas de intimidação,( para os quais dispõem de advogados pagos por todos nós), nunca os concretizam pois ...não vá, ou pela certa o munícípe vai precisamente provar aquilo que afirma.
Todos sabem quem é quem, e que as denúncias “...não são feitas por cobardes anónimos mas sim por autêntica tropa de infantaria que anda por esse País fora literalmente a oferecer o peito às balas da arrogância e da prepotência de autarcas e funcionários mal preparados, numa actividade que é digna dos maiores louvores pois, na maior parte dos casos, actuam na protecção de interesses difusos.”

Maria do Carmo disse...

É lamentavel que num país que passou por uma terrivel ditadura, sejam os que se afirmam como descendentes dos que lutaram pela liberdade que tomam atitudes que se configuram a quem assiste como de prepotência.
Mas como diz o povo, na sua sabedoria, estas ficam sempre com quem as pratica.

p.s. - aos marioneteiros da personagem Flamingo: no meu blogue não publicarei comentários vossos porque, pegando nos termos usados por Alfredo Monteiro, não dou aqui espaço a «cobardes». E agora processem-me! Já o disse, teria muita graça ver quem assina a queixa e quem a irá defender.
E não se esqueçam: se fizerem mais uma montagem, não usem de novo a fotografia das vossas mães.
Não fica bem às pobres senhoras serem assim expostas.