sábado, 21 de maio de 2011

Dá Deus nozes...


Já o disse aqui muitas vezes, sou uma acérrima defensora do concelho do Seixal. Sei que há pessoas que gostariam que assim não fosse, pessoas que só conheceram o nome de Seixal quando para cá vieram tentar encher os bolsos ou com algum «tacho».
Mas eu vim para cá com poucas horas de vida, este foi o concelho que o meu pai (vindo do Alentejo) e a minha mãe (da Beira Baixa), escolheram para viver, casar, ter as suas filhas e, eventualmente, descansarem depois da sua vida (pelo menos a campa do meu pai já foi comprada na Arrentela, pelo que se nada mudar, ali espero vir um dia a ser também enterrada).
Mas esta conversa algo mórbida vem a propósito das praias completamente desaproveitadas deste concelho.
Na passada semana, sexta-feira 13 de Maio, dia de aniversário da minha velhota, fomos até à Ponta dos Corvos. Algumas mudanças do que me lembrava, uma esplanada que podia ser um ex-libris do concelho e que não passa de uma tasca (sem o lado positivo deste termo, porque até os caracóis que ali comemos não valiam em nada os seis euros pagos).
Mas foi com agrado que vi que decorrem obras nos antigos chuveiros. Aqui e ali, envergonhadamente, lá fui vendo uns equipamentos para churrascos... ruínas, essas muitas, dos armazéns de seca de peixe. Uma memória perdida para sempre, digam o que disserem em frequentes estudos de recuperação e valorização de uma das baias mais lindas do mundo.
Esta sexta-feira, então, fomos um grupo até à praia da Velha, ou seja, a nova praia da Velha, porque a antiga ficava onde está agora o cais da Transtejo (só para situar alguns “estrangeiros” que sei que lêem atentamente este blogue).
Costumo ir ali sempre ou então junto ao Instituto Hidrográfico, seja em verão ou inverno, porque o Belchior adora o local e eu também. Quem é que nos dias de hoje se pode gabar de estar a alguns minutos de uma praia, onde pode ouvir o mar e passear com um cachorrão como é o Belchior?
Adiante.
Ontem, o calor e a maré cheia convidava para um banho de mar. E lá fomos. Mas começa logo no acesso aquele pequeno recanto. Quase parece que alguém se andou a entreter a cavar buracos na pequena estrada...
Depois a sujidade, ok, parte dela trazida pelas marés, mas mesmo em pleno verão só ali se encontram dois ou três caixotes de lixo, limpos de quando em vez. Ora isto não é por desconhecimento, porque se os colocam ali, sabem que é preciso retira-los também. E temos o completo abandono deste espaço.
Um espaço que deveria ser aproveitado, que deveria ser usado como um parque de merendas à semelhança do que se faz em todo o arco ribeirinho, com apoios de praia, etc.
Tenho viajado para vários pontos do país e em qualquer pequeno bosque ou regato se encontram parques de merendas. Aqui temos todos estes quilómetros de areia e mar e nada.
Não me venham dizer que a culpa é da qualidade da água, porque esta água (agora muito mais limpa, a ponto de os pescadores já ali apanharem espécies que há muito não apareciam aqui), é a mesmíssima água que banha o Barreiro, o Gaio-Rosário, o Samouco, etc. E estes concelhos apostaram forte nas praias que têm e que posso afirmar, não chegam aos calcanhares das “nossas”.
E exemplo disso é a quantidade de pessoas que as frequentam. Ontem, tarde de trabalho, estavam mais de cinquenta pessoas por ali, hoje não passei por lá, mas deve estar a abarrotar. Não devia isto servir de sinal para aquilo que a população realmente quer ou precisa neste concelho?
Realmente, é caso para dizer e repetir até à exaustão: Dá Deus nozes a quem não tem dentes.

Post-Scriptum: a foto é "roubada" do blogue A-Sul.
Sinceramente, com o que vi em ambas as praias, fiquei sem vontade de as fotografar.

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