sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Parcerias e ‘salsichas’


 Toda a gente já ouviu falar em ‘fontes’, no que ao jornalismo diz respeito. São normalmente pessoas dentro de um determinado meio, que ajudam o jornalista no seu trabalho, quer ao nível da investigação, quer ao nível da informação de que precisa no dia-a-dia.
Existe um filme muito interessante, «Os Homens do Presidente», de 1976, com Dustin Hoffman e Robert Redford, onde este tema das fontes é soberbamente abordado, quando deparam com o «Garganta Funda», a fonte que lhes permitirá investigar o caso Watergate.
Por algum motivo a legislação de muitos países protege o sigilo das fontes do jornalista.
Mas não pense o leitor que essas fontes são sempre homens misteriosos, que se encontram com os jornalistas em parques de estacionamento, e defendem ferozmente a sua identidade.
Por acaso, é precisamente o contrário. As nossas fontes são muitas vezes o vizinho da rua, o comerciante, o amigo ou conhecido, e até os próprios colegas.
Esse é precisamente um dos aspectos que defendo sempre nesta profissão, o respeito e a inter-ajuda que existe entre os verdadeiros jornalistas.
Claro que qualquer um de nós sonha com aquele «furo», aquela reportagem que mais ninguém tem, e se estamos a trabalhar em algo assim, tentamos manter o segredo, porque afinal este é o segredo do negócio.
Onde quero chegar é à interajuda que sempre (ou quase sempre) tenho encontrado neste meio, da troca de uma informação, de uma dica ou até de uma foto necessária num aperto.
E disso nunca tive razão de queixa das pessoas que tenho encontrado.
Ao ponto de até fazer uma parceria entre o «Comércio do Seixal e Sesimbra» e o Diário do Distrito já lá vai cerca de um ano.
Uma parceria discreta, sem as apresentações públicas nem os pavoneamentos, que depois do champanhe bebido e do croquete comido, se revelam ocas e falhas de sentido.
Já a nossa singela e discreta parceria tem resultado em reportagens bastante dinâmicas, informativas e que têm até mudado alguma coisa em certos poderes instituídos e empedernidos.
Não é esse o nosso objectivo, não somos políticos para mudar o mundo, mas quando os políticos que o deviam fazer quer por terem sido eleitos para tal, quer por olharem para o lado nos seus lugares enquanto oposição, então podem crer que a comunicação social estará lá para informar e apontar o dedo.
Que há muitos que não gostam disso? É claro. As ditaduras nunca se deram bem com a comunicação social. Ninguém gosta de ver assuntos que gostariam de saber bem enterrados, a virem à tona, postos preto-no-branco em papel de jornal ou em imagem televisiva.
 Ninguém quer que aquele protocolo ou aquela promessa sejam lembrados vezes sem conta até que seja admitido que tudo não passava de uma falácia ou finalmente se possa fotografar a cerimónia de corte da fita inaugural.
 
Mas existe o reverso da medalha. É que se ao nível dos profissionais nunca tive problemas, já no que aos jornaleiros que por aí pululam, o caso é diferente.
Falo de personagens armados em baronetes do mundo da comunicação social que, não tendo produto comercial à altura dos verdadeiros jornais, procuram por outros meios fazer uma concorrência desleal e até ilegal.
Como, pergunta o leitor?
Criando folhetins como ‘salsichas’, a que chamam jornal, disseminando essas ‘salsichas’ a todo um distrito e usando de técnicas ordinárias para tentar «queimar» o mercado publicitário.
E se a minha área não é a publicidade, é certo que qualquer meio de comunicação social tem de viver desta, pelo menos os que não se dobram à subserviência de donos para terem garantido o subsídiozinho.
Mas quando, mesmo com anúncios grátis oferecidos, não conseguem manter os anunciantes, que depressa compreendem a falta de qualidade da ‘salsicha’, avançam para outra técnica.
Colocam anúncios sem qualquer autorização dos supostos anunciantes, com erros e até com dados incorrectos (indicando novas gerências em negócios que estão há vários anos com a mesma pessoa, abertura de espaços abertos há meses ou determinados serviços que já não são prestados).
E quando confrontados com isso, limitam-se a sacudir a água do capote e a empurrar as culpas para um empregado, um colaborador, quem sabe até o Governo…
Apesar disto tudo, eu sei, e o leitor também, que mesmo o melhor mentiroso do mundo nunca irá conseguir enganar toda a gente, durante o tempo todo.
 
Nota: Mais uma vez, o meu texto desta semana no Diário do Distrito, um tema que tenho a certeza, terá mais desenvolvimentos em breve...

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