Existe um filme muito interessante, «Os Homens do
Presidente», de 1976, com Dustin Hoffman e Robert Redford, onde este tema das fontes
é soberbamente abordado, quando deparam com o «Garganta Funda», a fonte que
lhes permitirá investigar o caso Watergate.
Por algum motivo a legislação de muitos países protege o
sigilo das fontes do jornalista.
Mas não pense o leitor que essas fontes são sempre homens
misteriosos, que se encontram com os jornalistas em parques de estacionamento,
e defendem ferozmente a sua identidade.
Por acaso, é precisamente o contrário. As nossas fontes
são muitas vezes o vizinho da rua, o comerciante, o amigo ou conhecido, e até
os próprios colegas.
Esse é precisamente um dos aspectos que defendo sempre
nesta profissão, o respeito e a inter-ajuda que existe entre os verdadeiros
jornalistas.
Claro que qualquer um de nós sonha com aquele «furo»,
aquela reportagem que mais ninguém tem, e se estamos a trabalhar em algo assim,
tentamos manter o segredo, porque afinal este é o segredo do negócio.
Onde quero chegar é à interajuda que sempre (ou quase
sempre) tenho encontrado neste meio, da troca de uma informação, de uma dica ou
até de uma foto necessária num aperto.
E disso nunca tive razão de queixa das pessoas que tenho
encontrado.
Ao ponto de até fazer uma parceria entre o «Comércio do
Seixal e Sesimbra» e o Diário do Distrito já lá vai cerca de um ano.
Uma parceria discreta, sem as apresentações públicas nem
os pavoneamentos, que depois do champanhe bebido e do croquete comido, se
revelam ocas e falhas de sentido.
Já a nossa singela e discreta parceria tem resultado em
reportagens bastante dinâmicas, informativas e que têm até mudado alguma coisa
em certos poderes instituídos e empedernidos.
Não é esse o nosso objectivo, não somos políticos para
mudar o mundo, mas quando os políticos que o deviam fazer quer por terem sido
eleitos para tal, quer por olharem para o lado nos seus lugares enquanto
oposição, então podem crer que a comunicação social estará lá para informar e
apontar o dedo.
Que há muitos que não gostam disso? É claro. As ditaduras
nunca se deram bem com a comunicação social. Ninguém gosta de ver assuntos que
gostariam de saber bem enterrados, a virem à tona, postos preto-no-branco em
papel de jornal ou em imagem televisiva.
Ninguém quer que
aquele protocolo ou aquela promessa sejam lembrados vezes sem conta até que
seja admitido que tudo não passava de uma falácia ou finalmente se possa
fotografar a cerimónia de corte da fita inaugural.
Mas existe o reverso da medalha. É que se ao nível dos
profissionais nunca tive problemas, já no que aos jornaleiros que por aí
pululam, o caso é diferente.
Falo de personagens armados em baronetes do mundo da
comunicação social que, não tendo produto comercial à altura dos verdadeiros
jornais, procuram por outros meios fazer uma concorrência desleal e até ilegal.
Como, pergunta o leitor?
Criando folhetins como ‘salsichas’, a que chamam jornal,
disseminando essas ‘salsichas’ a todo um distrito e usando de técnicas
ordinárias para tentar «queimar» o mercado publicitário.
E se a minha área não é a publicidade, é certo que
qualquer meio de comunicação social tem de viver desta, pelo menos os que não
se dobram à subserviência de donos para terem garantido o subsídiozinho.
Mas quando, mesmo com anúncios grátis oferecidos, não
conseguem manter os anunciantes, que depressa compreendem a falta de qualidade
da ‘salsicha’, avançam para outra técnica.
Colocam anúncios sem qualquer autorização dos supostos
anunciantes, com erros e até com dados incorrectos (indicando novas gerências
em negócios que estão há vários anos com a mesma pessoa, abertura de espaços
abertos há meses ou determinados serviços que já não são prestados).
E quando confrontados com isso, limitam-se a sacudir a
água do capote e a empurrar as culpas para um empregado, um colaborador, quem
sabe até o Governo…
Apesar disto tudo, eu sei, e o leitor também, que mesmo o
melhor mentiroso do mundo nunca irá conseguir enganar toda a gente, durante o
tempo todo.
Nota: Mais uma vez, o meu texto desta semana no Diário do Distrito, um tema que tenho a certeza, terá mais desenvolvimentos em breve...
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