sábado, 27 de setembro de 2014

«Não aceito insinuações»

Esta foi uma frase proferida por Joaquim dos Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal, à intervenção de uma munícipe na última reunião de Câmara.
Completamente de acordo.
Só é pena que este edil não siga aquilo que ele próprio defende.
Já aqui falei no passado nas insinuações que ouvia constantemente nas reuniões camarárias e assembleias municipais, as chamadas «indirectas» à comunicação social, quer nacional, quer local, que demoraram algum tempo a deixar de existir, mercê da sua referência em editoriais assinados por mim, ou nas reportagens que escrevi.
Durante algum tempo, pareceu ter terminado esse tipo de comportamento, que sinceramente não abona a favor de ninguém, mas as acções ficam com quem as pratica.
Com a chegada de um novo presidente da autarquia, quer no cargo quer em idade, pensei que este tipo de situação era coisa do passado, que uma nova forma de actuar e até de lidar com a comunicação social, iria finalmente acontecer.
Engano.
As «bocas» continuam. Desde o «já li coisas as coisas mais disparatadas, verdadeiras pérolas, na comunicação social», ao «tenho de falar com clareza para que a comunicação social não interprete mal o que digo», e até à tentativa de fazer passar por mentira aquilo que foi afirmado por escrito, tenho ouvido de tudo.
E para quem tiver dúvidas sobre estas afirmações do edil, relembro que, como gosta de dizer uma vereadora, tudo isto está gravado. Ou deveria estar.
E apenas afloro a quase total falta de apoio aos meios de comunicação social locais (no caso do meu jornal, sem qualquer inserção publicitária durante vários anos, totalmente direccionada para um certo folheto de campanha mascarado de jornal e já extinto, tal a sua qualidade).
Poder-se-ia afirmar que no caso do Seixal, a sua autarquia considere que não são necessários mais jornais, tendo em conta o dinheiro que a mesma gasta quinzenalmente no seu Boletim Municipal. Poder-se-ia, se esse Boletim realmente transmitisse o que acontece no concelho, o que não é o caso, como vários vereadores da oposição já o disseram, a ultima vez das quais precisamente na reunião que decorreu na quarta-feira, na qual um vereador da oposição fez ver a diferença entre o que o meu jornal reportou e aquilo que o boletim apresentou, sobre a reunião descentralizada anterior, onde foram literalmente omitidas todas as intervenções dos munícipes e dos vereadores da oposição, com destaque unicamente para os eleitos da maioria.
É triste assistir a isto em pleno séc. XXI e quando se celebram quarenta anos sobre o fim da ditadura negra que oprimiu Portugal.
Pior ainda, vindo de pessoas com cargos da máxima responsabilidade e oriundas de um partido que viu morrer e serem torturados tantos dos seus defensores, lutando por essa mesma liberdade de expressão e de imprensa.
Infelizmente na minha longa experiência como jornalista neste meu concelho, de que muito me orgulho, tenho ouvido isto demasiadas vezes. E pelo andar da carruagem, parece que vou continuar a ouvir.
Ou até que a paciência se me esgote.

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