Já o escrevi no meu outro blogue sobre este assunto. Na altura dizia que era ridículo que o meu carro chumbasse porque tinha autocolantes no vidro traseiro. Claro, isto somado a outros pequenos pormenores, como o comando do meu lado não fechar o vidro do lado do passageiro. Obviamente, um problema que poderia vir a causar graves acidentes de trânsito... menos grave, muito menos grave, era o facto de o meu carro estar na mesma ocasião com uma fuga de água no depósito, como detectou entretanto o mecânico.
Mas isso não interessa para nada, porque não coloca em risco o carro (LOL), logo mesmo que detectada na inspecção, o alegre condutor não é dela informado.
Desta feita foi mais uma fantochada.
Na sexta-feira, depois de ter marcado pela internet a inspecção na Controlauto de Corroios, fui até lá. Paguei alegremente os 28 euros e qualquer coisa, e ala até à pista de inspecção.
Primeiro passo: a máquina medidora de gazes não fazia a leitura. E vá de acelerarem o meu «boguinhas». Até que eu intervim e perguntei o que se passava. A explicação lá veio meio atabalhoada, mas o carro lá avançou, mercê também dos muitos que aguardavam em fila. E pasme-se: cerca de dez minutos depois, para meu grande espanto, vejo-me com o papel verdinho nas mãos e nada a apontar. Incrédula, ainda pergunto ao inspector: “Mas o meu Boguinhas não tem mesmo nada?”. Resposta: “Está passado com distinção”.
Tudo muito certinho para qualquer carrinho que não o meu boguinhas. É um carro de 1998, com muito, muito uso, além do peso acrescido.
Sou de opinião que as inspecções servem para indicar o que está mal, e por isso, embora me aperceba de algum pequeno problema, espero sempre pela bendita inspecção para depois ir com ele ao mecânico. Desta vez, noto alguma coisa nos travões.
Mas se já me chumbaram o carrinho por ter uma fuga de óleo em amortecedores a ar, pelos tais autocolantes do Vitinho no vidro traseiro, por o comando de vidros não fechar em condições ou até por um problema de travões apontado por uma máquina, e que ninguém ainda descobriu qual era, ver esta semana assim o meu boguinhas passado, e com «distinção» é obra.
É obra mas não surpreende, numa inspecção que demorou menos de dez minutos, onde nem a buzina, os comandos dos vidros, os cintos e muita outra coisa ficou por ver. Estará a explicação no facto de ser sexta-feira à tarde?
Um blogue de uma jornalista que já viu um pouco de tudo, usado para falar de qualquer coisa.
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
Com os devidos "ajustes"...
Clara Ferreira Alves - "Expresso"
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
«Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa.»
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
«Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa.»
domingo, 20 de março de 2011
Pais
Ontem foi dia do Pai. E não falei sobre isso aqui, não por esquecimento, mas porque assim o entendi.
Para mim, e isto é um cliché, mas dia do Pai e da Mãe são todos os dias.
A cada dia que passa, a cada passo que dou na minha vida, são eles que estão por detrás de mim a apoiarem-me, não digo fisicamente, mas através daquilo que me transmitiram durante estes quase, quase, quarenta anos de vida.
O meu pai faleceu há 14 anos, não chegou a ver-me alcançar um dos meus grandes objectivos, o de terminar o meu curso de comunicação social na universidade.
Infelizmente, nos últimos anos de vida, mercê de muitas coisas, a nossa relação não era das melhores. Mercê também de termos feitios demasiado idênticos.
Há uma coisa que acho muita piada, e que a minha mãe me conta: que quando ela estava grávida sempre quis meninos, mas o meu pai sempre dizia que iam nascer meninas. Isto antes de se ouvir falar de ecografias. E acertou das duas vezes.
Como a mais velha, sempre tive mais “obrigações”, mas também estive sempre um pouco mais próxima, em termos das coisas que gostávamos. Uma delas eram (e são) as armas. Nunca fui caçadora, porque não concordo em matar animais, mas fiz com ele tiro aos pratos, disparei a primeira vez com uma caçadeira (a Dyane com que fiz questão de ficar depois da sua morte) com 11 anos, em Terena, no Alentejo. Quando fiz 10 ofereceu-me um punhal de cabo de marfim, o primeiro da minha colecção, e aos 13 anos, uma pressão de ar.
Sou do Sporting porque ele era. Acredito que não tenho de me calar perante nada, porque ele assim me ensinou. Herdei também dele a veia forreta e organizada. Os provérbios que uso quase todos os dias para todas as ocasiões, foram ouvidos da boca dele.
Nunca esqueci o sabor do bolo de morango com chantilly que ele me comprou no meu 16 aniversário.
Apesar de tudo o que passámos, em grande parte devido ao alcoolismo dele, não é segredo, continuo a dizer que me deixou uma enorme herança, não em dinheiro (dava muito jeito, dava), mas na forma como me ensinou a encarar a vida.
Honestidade, verdade, e rigor, mas sempre, sempre “sem nunca deixares que te ponham as patas em cima”.
P.S. - Há ainda uma recordação para mim muito interessante sobre o dia do Pai. Foi num dia do Pai que conheci o meu avô Francisco Torres, aquele que mostro no vídeo aqui no meu blogue. Nunca esqueci isso, porque fizemos uma celebração na casa de uns tios meus, e foi a primeira vez que o vi.
Além de ter encontrado o tal video por pura sorte, há ainda um outro pormenor, segundo me disse entretanto uma prima minha a quem o mandei. É que naquela altura ele já morava na Quinta do Conde, e só ia muito esporádicamente a Cuba, pelo que foi mesmo um golpe de sorte alguém ter estado naquela tarde a filmar na tal taberna de Cuba.
Para mim, e isto é um cliché, mas dia do Pai e da Mãe são todos os dias.
A cada dia que passa, a cada passo que dou na minha vida, são eles que estão por detrás de mim a apoiarem-me, não digo fisicamente, mas através daquilo que me transmitiram durante estes quase, quase, quarenta anos de vida.
O meu pai faleceu há 14 anos, não chegou a ver-me alcançar um dos meus grandes objectivos, o de terminar o meu curso de comunicação social na universidade.
Infelizmente, nos últimos anos de vida, mercê de muitas coisas, a nossa relação não era das melhores. Mercê também de termos feitios demasiado idênticos.
Há uma coisa que acho muita piada, e que a minha mãe me conta: que quando ela estava grávida sempre quis meninos, mas o meu pai sempre dizia que iam nascer meninas. Isto antes de se ouvir falar de ecografias. E acertou das duas vezes.
Como a mais velha, sempre tive mais “obrigações”, mas também estive sempre um pouco mais próxima, em termos das coisas que gostávamos. Uma delas eram (e são) as armas. Nunca fui caçadora, porque não concordo em matar animais, mas fiz com ele tiro aos pratos, disparei a primeira vez com uma caçadeira (a Dyane com que fiz questão de ficar depois da sua morte) com 11 anos, em Terena, no Alentejo. Quando fiz 10 ofereceu-me um punhal de cabo de marfim, o primeiro da minha colecção, e aos 13 anos, uma pressão de ar.
Sou do Sporting porque ele era. Acredito que não tenho de me calar perante nada, porque ele assim me ensinou. Herdei também dele a veia forreta e organizada. Os provérbios que uso quase todos os dias para todas as ocasiões, foram ouvidos da boca dele.
Nunca esqueci o sabor do bolo de morango com chantilly que ele me comprou no meu 16 aniversário.
Apesar de tudo o que passámos, em grande parte devido ao alcoolismo dele, não é segredo, continuo a dizer que me deixou uma enorme herança, não em dinheiro (dava muito jeito, dava), mas na forma como me ensinou a encarar a vida.
Honestidade, verdade, e rigor, mas sempre, sempre “sem nunca deixares que te ponham as patas em cima”.
P.S. - Há ainda uma recordação para mim muito interessante sobre o dia do Pai. Foi num dia do Pai que conheci o meu avô Francisco Torres, aquele que mostro no vídeo aqui no meu blogue. Nunca esqueci isso, porque fizemos uma celebração na casa de uns tios meus, e foi a primeira vez que o vi.
Além de ter encontrado o tal video por pura sorte, há ainda um outro pormenor, segundo me disse entretanto uma prima minha a quem o mandei. É que naquela altura ele já morava na Quinta do Conde, e só ia muito esporádicamente a Cuba, pelo que foi mesmo um golpe de sorte alguém ter estado naquela tarde a filmar na tal taberna de Cuba.
sábado, 19 de março de 2011
Seixal e Sesimbra
Alguém me pode explicar qual o interesse da Assembleia Municipal do Seixal para as pessoas de Sesimbra?
É que um escrevinhador há uns tempos atrás dizia-se muito espantado e criticava por existir um jornal como o «Comércio» que abrangia ambos os concelhos precisamente porque, dizia o escrevinhador, o que se passava nos Bombeiros de Sesimbra não tinha interesse para os leitores do Seixal.
Dias depois eis que o mesmo escrevinhador edita aquilo a que chama um jornal em que coloca de pernas para o ar ambos os concelhos.
Se calhar tratar assim os assuntos sérios de dois concelhos tem uma «cobertura jornalística» mais ajustada...
É que um escrevinhador há uns tempos atrás dizia-se muito espantado e criticava por existir um jornal como o «Comércio» que abrangia ambos os concelhos precisamente porque, dizia o escrevinhador, o que se passava nos Bombeiros de Sesimbra não tinha interesse para os leitores do Seixal.
Dias depois eis que o mesmo escrevinhador edita aquilo a que chama um jornal em que coloca de pernas para o ar ambos os concelhos.
Se calhar tratar assim os assuntos sérios de dois concelhos tem uma «cobertura jornalística» mais ajustada...
sexta-feira, 18 de março de 2011
“Ele há gente muito estúpida”
Devo dizer que concordo em absoluto com esta frase. Mas se a trago aqui é pelo contexto em que ouvi a mesma.
Foi à porta de um restaurante no passado Domingo (depois falarei dele, mas só digo que é em Setúbal, tem um excelente serviço e uns preços fantásticos).
Estacionava eu o meu Boguinhas como podia, no meio de uma urbanização relativamente nova, mas com uma estrada do ano de 1500, quando vi que nesse espaço se “ofereciam” os serviços dos tão famosos “arrumas”.
Enquanto eu fazia a manobra de estacionamento, lá fui ouvindo a conversa entre dois, em voz alta, não sei se dirigida aos meus ouvidos ou se simplesmente porque o fulano queria fazer valer a sua razão.
Então este “arruma” (não, não é arrumador, porque esses estão devidamente legalizados e identificados), dizia muito ofendido algo como isto: “sempre há gente muito estúpida, preferem não dar um euro a um tipo e ficar com um pneu furado”.
Assim, alto e bom som.
Ok, com uma atenuante: é o que o honesto trabalhador tinha ido tentar cobrar o fruto do seu labor e recebeu como resposta um “vai trabalhar que tens bom corpo”.
Ora como isso para um indivíduo de cerca de trinta anos, sem deficiências à vista excepto a de alguma dependência de substâncias mais ou menos lícitas (hoje em dia já nem se percebe bem) é chato, convenhamos. Muito chato.
É que um “vai trabalhar” a seco, para quem ali estava em plena hora de almoço de um Domingo a fazer uso das suas faculdades motoras para ajudar os menos hábeis a estacionar num parque de estacionamento não cai bem a ninguém.
E então, se uns fazem greves, outros manifestações para mostrar o seu desagrado, eis que este “arruma” faz uso dos meios que tem mais à mão e zás, ferra com um furo num pneu. E mais nada.
Brincadeiras à parte, gostava de saber afinal qual é a lei que legisla isto. É que também já verifiquei outros locais onde esta “profissão” é exercida, e o assunto até já foi alvo de um «Correio do Leitor» no «Comércio». Também já os vi, ali no parque do Pingo Doce, com agentes da PSP ali mesmo ao lado, a sacarem a moedinha.
Ora, será que esta actividade tem a mesma designação que o famoso «boneco» dos Gato Fedorento do Prof. Marcelo sobre o Aborto?
“Arrumadores são ilegais. Mas existem. Mas são ilegais. Mas existem. E ninguém faz nada.»
Foi à porta de um restaurante no passado Domingo (depois falarei dele, mas só digo que é em Setúbal, tem um excelente serviço e uns preços fantásticos).
Estacionava eu o meu Boguinhas como podia, no meio de uma urbanização relativamente nova, mas com uma estrada do ano de 1500, quando vi que nesse espaço se “ofereciam” os serviços dos tão famosos “arrumas”.
Enquanto eu fazia a manobra de estacionamento, lá fui ouvindo a conversa entre dois, em voz alta, não sei se dirigida aos meus ouvidos ou se simplesmente porque o fulano queria fazer valer a sua razão.
Então este “arruma” (não, não é arrumador, porque esses estão devidamente legalizados e identificados), dizia muito ofendido algo como isto: “sempre há gente muito estúpida, preferem não dar um euro a um tipo e ficar com um pneu furado”.
Assim, alto e bom som.
Ok, com uma atenuante: é o que o honesto trabalhador tinha ido tentar cobrar o fruto do seu labor e recebeu como resposta um “vai trabalhar que tens bom corpo”.
Ora como isso para um indivíduo de cerca de trinta anos, sem deficiências à vista excepto a de alguma dependência de substâncias mais ou menos lícitas (hoje em dia já nem se percebe bem) é chato, convenhamos. Muito chato.
É que um “vai trabalhar” a seco, para quem ali estava em plena hora de almoço de um Domingo a fazer uso das suas faculdades motoras para ajudar os menos hábeis a estacionar num parque de estacionamento não cai bem a ninguém.
E então, se uns fazem greves, outros manifestações para mostrar o seu desagrado, eis que este “arruma” faz uso dos meios que tem mais à mão e zás, ferra com um furo num pneu. E mais nada.
Brincadeiras à parte, gostava de saber afinal qual é a lei que legisla isto. É que também já verifiquei outros locais onde esta “profissão” é exercida, e o assunto até já foi alvo de um «Correio do Leitor» no «Comércio». Também já os vi, ali no parque do Pingo Doce, com agentes da PSP ali mesmo ao lado, a sacarem a moedinha.
Ora, será que esta actividade tem a mesma designação que o famoso «boneco» dos Gato Fedorento do Prof. Marcelo sobre o Aborto?
“Arrumadores são ilegais. Mas existem. Mas são ilegais. Mas existem. E ninguém faz nada.»
domingo, 13 de março de 2011
sábado, 12 de março de 2011
«Ode ao Seixal (ratón que lá vais ao longe)»
«Seixal, o berço de Portugal
Seixal, a origem de tudo o que é nacional
Seixal, que nos deste(s) autores, cantores e tudo de original
Mostra-nos agora que é de Espanha a tua alma real
Provando que foi por mero acaso banal
Que o destino te colocou deste lado do canal.
Cavadas ó terra lida
Cavadas ó terra amada
Só serias mais bela
Se um dia fosses tapada.»
"Pronto, passou-se de vez", devem pensar. Mas que raio de coisa é esta?
Pois é, trata-se de uma 'homenagem' que colegas meu da editora «Comunicar», em Lisboa, me fizeram.
Passava o tempo a gabar o Seixal, o que aqui existe, o que daqui veio (grupos como os Zimbro ou os Banza), quem aqui vivia, e estes meus colegas aproveitaram uma ocasião em que eu estava mesmo muito zangada com eles (o tal ratón que desapareceu, ou seja um brinquedo de borracha a imitar um rato de computador que numa brincadeira levou sumiço pela janela), para me dedicarem esta Ode.
Já tem vários anos, andei à procura do papel, estava muito bem guardado.
Mas cá fica para a posteridade.
A foto, minha, é uma visão rara da baía, num dia de grande tempestade, provando que por vezes aquilo que sempre se nos apresenta tranquilo, também tem os seus dias selvagens.
Seixal, a origem de tudo o que é nacional
Seixal, que nos deste(s) autores, cantores e tudo de original
Mostra-nos agora que é de Espanha a tua alma real
Provando que foi por mero acaso banal
Que o destino te colocou deste lado do canal.
Cavadas ó terra lida
Cavadas ó terra amada
Só serias mais bela
Se um dia fosses tapada.»
"Pronto, passou-se de vez", devem pensar. Mas que raio de coisa é esta?
Pois é, trata-se de uma 'homenagem' que colegas meu da editora «Comunicar», em Lisboa, me fizeram.
Passava o tempo a gabar o Seixal, o que aqui existe, o que daqui veio (grupos como os Zimbro ou os Banza), quem aqui vivia, e estes meus colegas aproveitaram uma ocasião em que eu estava mesmo muito zangada com eles (o tal ratón que desapareceu, ou seja um brinquedo de borracha a imitar um rato de computador que numa brincadeira levou sumiço pela janela), para me dedicarem esta Ode.
Já tem vários anos, andei à procura do papel, estava muito bem guardado.
Mas cá fica para a posteridade.
A foto, minha, é uma visão rara da baía, num dia de grande tempestade, provando que por vezes aquilo que sempre se nos apresenta tranquilo, também tem os seus dias selvagens.
terça-feira, 8 de março de 2011
Dia Internacional da Mulher
Falar em «Dia de» é por si só considerar que os direitos não são iguais, facto pelo que têm de ser recordados de alguma forma.
No entanto, este vídeo com Daniel Craig foca bem a importância que o Dia Internacional da Mulher continua a ter em pleno século XXI, e não apenas nos países que consideramos «incivilizados».
domingo, 6 de março de 2011
Porque é Carnaval e eu gosto mesmo!
Este video é o máximo.
Além do ritmo, a história e a letra são girissimas. E há dias em que realmente só com um F*** Y*** bem sonoro é que nos ouvem. E também porque é Carnaval e ninguém leva a mal.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Que os bombos não se calem
Uma das coisas que digo a todas as pessoas que trabalham comigo em jornalismo, é que esta é a melhor e a pior das profissões.
Lidamos com muitas pessoas, vimos muitas coisas, entramos em locais onde poucos entram, ouvimos e falamos sobre tudo.
E há a excitação da notícia.
Do sermos os primeiros a chegar a qualquer local, o arrepio que nos percorre o corpo quando ouvimos uma sirene, quando vemos fumo, quando sabemos que vamos fazer a reportagem de algo mas não sabemos bem o quê. E no meu caso também, o tentar sempre obter uma boa fotografia, seja em que condições for.
Mas por vezes há este reverso da medalha.
Quando a reportagem deixa de ser apenas algo frio sobre o que escrevemos e passa a ser algo quase pessoal.
Ontem foi um desses casos.
Seguia para Setúbal quando ouvi ambulâncias e vi fumo. Claro que foi logo accionado o «modo jornalista» e segui até ao fumo.
«Uma fábrica», pensei. Tentar saber tudo, se há feridos, o que arde, etc.
De repente olhei e vi afinal o que estava a arder.
Tocá Rufar.
Um nome que ninguém no Seixal e talvez no país desconhece.
A imagem de jovens ‘falando’ alegremente através dos bombos. Um projecto que conheço quase desde a sua génese, porque entrevistei Rui Júnior para o extinto «Repórter do Seixal» quando inauguraram a sua sede no Casal do Marco.
Quando o vi ali, impotente, a olhar o trabalho dos bombeiros, sabendo que nada podia salvar do trabalho de quase quinze anos, não fiquei com os olhos secos.
Falei com ele, fiz algumas perguntas, mas a voz embargava-se na garganta. Além da música, é uma parte da nossa história que ali estava e se perdeu.
Pelo que já li no site dos Tocá Rufar, não se vão calar os bombos.
E que o som destes cale da memória este momento.
Lidamos com muitas pessoas, vimos muitas coisas, entramos em locais onde poucos entram, ouvimos e falamos sobre tudo.
E há a excitação da notícia.
Do sermos os primeiros a chegar a qualquer local, o arrepio que nos percorre o corpo quando ouvimos uma sirene, quando vemos fumo, quando sabemos que vamos fazer a reportagem de algo mas não sabemos bem o quê. E no meu caso também, o tentar sempre obter uma boa fotografia, seja em que condições for.
Mas por vezes há este reverso da medalha.
Quando a reportagem deixa de ser apenas algo frio sobre o que escrevemos e passa a ser algo quase pessoal.
Ontem foi um desses casos.
Seguia para Setúbal quando ouvi ambulâncias e vi fumo. Claro que foi logo accionado o «modo jornalista» e segui até ao fumo.
«Uma fábrica», pensei. Tentar saber tudo, se há feridos, o que arde, etc.
De repente olhei e vi afinal o que estava a arder.
Tocá Rufar.
Um nome que ninguém no Seixal e talvez no país desconhece.
A imagem de jovens ‘falando’ alegremente através dos bombos. Um projecto que conheço quase desde a sua génese, porque entrevistei Rui Júnior para o extinto «Repórter do Seixal» quando inauguraram a sua sede no Casal do Marco.
Quando o vi ali, impotente, a olhar o trabalho dos bombeiros, sabendo que nada podia salvar do trabalho de quase quinze anos, não fiquei com os olhos secos.
Falei com ele, fiz algumas perguntas, mas a voz embargava-se na garganta. Além da música, é uma parte da nossa história que ali estava e se perdeu.
Pelo que já li no site dos Tocá Rufar, não se vão calar os bombos.
E que o som destes cale da memória este momento.
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