domingo, 20 de março de 2011

Pais

Ontem foi dia do Pai. E não falei sobre isso aqui, não por esquecimento, mas porque assim o entendi.
Para mim, e isto é um cliché, mas dia do Pai e da Mãe são todos os dias.
A cada dia que passa, a cada passo que dou na minha vida, são eles que estão por detrás de mim a apoiarem-me, não digo fisicamente, mas através daquilo que me transmitiram durante estes quase, quase, quarenta anos de vida.
O meu pai faleceu há 14 anos, não chegou a ver-me alcançar um dos meus grandes objectivos, o de terminar o meu curso de comunicação social na universidade.
Infelizmente, nos últimos anos de vida, mercê de muitas coisas, a nossa relação não era das melhores. Mercê também de termos feitios demasiado idênticos.
Há uma coisa que acho muita piada, e que a minha mãe me conta: que quando ela estava grávida sempre quis meninos, mas o meu pai sempre dizia que iam nascer meninas. Isto antes de se ouvir falar de ecografias. E acertou das duas vezes.
Como a mais velha, sempre tive mais “obrigações”, mas também estive sempre um pouco mais próxima, em termos das coisas que gostávamos. Uma delas eram (e são) as armas. Nunca fui caçadora, porque não concordo em matar animais, mas fiz com ele tiro aos pratos, disparei a primeira vez com uma caçadeira (a Dyane com que fiz questão de ficar depois da sua morte) com 11 anos, em Terena, no Alentejo. Quando fiz 10 ofereceu-me um punhal de cabo de marfim, o primeiro da minha colecção, e aos 13 anos, uma pressão de ar.
Sou do Sporting porque ele era. Acredito que não tenho de me calar perante nada, porque ele assim me ensinou. Herdei também dele a veia forreta e organizada. Os provérbios que uso quase todos os dias para todas as ocasiões, foram ouvidos da boca dele.
Nunca esqueci o sabor do bolo de morango com chantilly que ele me comprou no meu 16 aniversário.
Apesar de tudo o que passámos, em grande parte devido ao alcoolismo dele, não é segredo, continuo a dizer que me deixou uma enorme herança, não em dinheiro (dava muito jeito, dava), mas na forma como me ensinou a encarar a vida.
Honestidade, verdade, e rigor, mas sempre, sempre “sem nunca deixares que te ponham as patas em cima”.

P.S. - Há ainda uma recordação para mim muito interessante sobre o dia do Pai. Foi num dia do Pai que conheci o meu avô Francisco Torres, aquele que mostro no vídeo aqui no meu blogue. Nunca esqueci isso, porque fizemos uma celebração na casa de uns tios meus, e foi a primeira vez que o vi.
Além de ter encontrado o tal video por pura sorte, há ainda um outro pormenor, segundo me disse entretanto uma prima minha a quem o mandei. É que naquela altura ele já morava na Quinta do Conde, e só ia muito esporádicamente a Cuba, pelo que foi mesmo um golpe de sorte alguém ter estado naquela tarde a filmar na tal taberna de Cuba.

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