Notícia de hoje do Diário de Notícias/Lusa, mas que para muitos meios de comunicação passou quase despercebida.
«Arábia Saudita
Mulheres desafiam proibição de conduzir
Várias mulheres sauditas responderam hoje ao apelo lançado por activistas para desafiar a proibição das mulheres conduzirem na Arábia Saudita, de acordo com mensagens nas publicadas nas redes sociais na Internet.
Um grupo de mulheres sauditas desafia hoje décadas de opressão sobre a proibição de conduzir e pediu às cidadãs do país que possuam carta de condução para aderirem ao protesto.
A campanha Women2drive, lançada há dois meses nas redes sociais Facebook e Twitter, deverá manter-se "até à publicação de um decreto real que autorize as mulheres a conduzir", refere a página do Facebook dos organizadores.
Num comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional apela as autoridades sauditas para "pararem de tratar as mulheres como cidadãos de segunda e abrir os caminhos do reino "às mulheres condutoras".
"Não permitir às mulheres conduzirem é um entrave imenso à liberdade de movimentos e limita a capacidade de realização de atividades quotidianas, como ir ao supermercado ou levar as crianças à escola", adianta a Amnistia Internacional.
Nenhuma lei proíbe as mulheres sauditas de conduzirem, mas as autoridades baseiam-se num decreto religioso («fatwa») e invocam a oposição dos poderosos religiosos e de meios conservadores para manter a interdição.
Devido à proibição, as mulheres são forçadas a contratar um motorista ou, se não tiverem meios, a depender dos membros masculinos da família.
Campanha da Woman2drive
A campanha de hoje inspira-se em Manal al-Charif, uma jovem informática, libertada a 30 de junho depois de ter estado detida durante duas semanas por ter desafiado a proibição de conduzir e ter posto no «site» Youtube um vídeo que a mostrava ao volante.
As autoridades de Riade adotaram medidas drásticas após algumas mulheres com cartas de condução internacionais terem promovido diversas ações para desafiar essa proibição.
Em Maio, as autoridades da cidade de Al Khobar prenderam Manal al Sharif, uma assessora de segurança informática de 32 anos, que optou por conduzir o seu veículo por diversas vezes e exortou outras mulheres a adotarem a mesma atitude através de um vídeo colocado na rede YouTube.
As autoridades desta cidade do leste da Arábia Saudita obrigaram Manal al Sharif a assinar um documento onde se comprometia a não voltar a conduzir, e foi libertada após 13 dias na prisão.
Após este incidente, várias mulheres foram detidas por conduzirem em diversas regiões da Arábia Saudita, que acabaram por ser libertadas após assinarem compromissos semelhantes.
2 comentários:
A religião quando aplicada à medida dos homens tem sempre destes resultados. Espero que estas mulheres tenham de facto a coragem para levar esta mudança de mentalidade na sua sociedade. É nestas ocasiões e apesar de todos os nossos problemas nacionais, que acho que vivemos por comparação num paraíso…Imaginar que não poderia arrancar com um filho acidentado para o hospital, apenas porque não tinha nenhum homem da família a acompanhar? As mulheres são mais sensatas do que os homens e espero que lenta e discretamente, mas de um modo persistente, que consigam mudar uma sociedade que aparentemente tem dificuldade em deixar o tempo das cruzadas no passado. Será que toda a população feminina terá que assinar esse documento?
Cara Susana, é bem verdade.
E nós, como mulheres, por vezes nem nos apercebemos da luta de milhares de outras mulheres, porque estamos muito ocupados por vezes com coisas comezinhas.
No campo da religião, o que me choca ainda mais é a utilização do Corão como desculpa para estas atitudes machistas que nada têm de ver com o verdadeiro islamismo, mas são apenas medidas de homens cobardes com medo do poder real das mulheres.
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