segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quarenta + um

Hoje, chegaram as quatro décadas e mais um!!! Venha o resto!!!

sábado, 26 de maio de 2012

Eu na feira


Se há coisa que esta menina adora mesmo, é andar pelas feiras de tralhas e antiguidades destas bandas e de outras. Azeitão, Costa da Caparica, Setúbal, Moita e Pinhal Novo, são as minhas paragens preferidas, passando ainda quando posso por Ponte de Sôr.
Agora, ficar do lado de lá da mesa para vender, isso era algo que estava longe de mim. Pelo menos até o senhor Fernando Reis me ter desafiado para participar numa «sociedade» e ir hoje de manhã à Feira da Troika em Fernão Ferro.
E às oito da manhã já estava a estender o meu «material», coisinhas que tinha juntado para doar a uma instituição de apoio aos animais para a sua própria feira de recolha de donativos, e por isso mesmo o pecúlio (não mais de 12 euros, infelizmente) irá reverter na totalidade para essa associação.
Mas também posso dizer que sou uma comerciante baratinha e que vendia três peças por 1 euro.  
No entanto, valeu também pela experiência de fazer alguma coisa diferente, de conversar com pessoas, ouvir as suas histórias, quer da parte dos visitantes, quer ainda dos «colegas», como imediatamente nos começaram a tratar.
Se é para voltar a fazer? Sem dúvida nenhuma!!! E lá vou eu começar a recolher coisas para a Feira, como fazia há uns anos atrás para as quermesses cá do burgo. E sempre que possível, com os valores a reverter para as muitas instituições de apoio aos animais abandonados que sigo no Facebook, porque nos dias que vivemos não basta apenas fazer um «Gosto».
E esta é mais uma coisa das que posso riscar das lista dos «A Fazer», para «Cumprida» e com muito, muito gosto.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Políticos e comunicação social

 Não, não vou comentar mais o tema que trouxe aqui ontem. Mas nem a propósito, a minha aula hoje de «Iniciação ao Jornalismo» na Unisseixal foi precisamente sobre o tema que defino no título.
Era um tema que eu pretendia tratar e para isso convidei um, primeiro amigo pessoal, e depois, político local, para palestrar sobre o assunto.
Paulo Edson Cunha, actual vereador da Câmara Municipal do Seixal, foi quem trouxe um toque de novidade para as campanhas políticas locais e nacionais, ao «colar» a sua campanha à imagem de Barack Obama.
A aula foi bastante interessante, porque foram focados temas como o «aproveitamento» político dos média, a diferentes formas de passar a mensagem política e ainda o que tal acarreta quer para os meios de comunicação social, quer ainda para o visado.
Esta será uma eterna discussão, mas pelo menos os meus alunos ficarão com uma visão de ambos os lados da «barreira».

terça-feira, 22 de maio de 2012

Onde é que eu já vi isto?

Realmente, onde é que eu já vi este tipo de pressões sobre jornalistas que são do «contra», que não dão a notícia mastigadinha como se quer, e que por isso os jornais onde trabalham perdem apoios, jornalistas que até são caluniados na sua vida pessoal e particular?
Devo estar enganada, estas coisas só acontecem no Governo...

sábado, 19 de maio de 2012

«Vai-se andando...»

Há uns anos atrás trabalhei com uma rapariga luso-brasileira que tinha vindo trabalhar para Portugal.
E há uma coisa que me lembro sempre de a ouvir dizer: "os brasileiros não entendem uma coisa nos portugueses. Quando você pergunta a um brasileiro como vai, a resposta é sempre: tudo em cima, cara.
Mas quando se pergunta a um português, que tem um clima excelente, uma vida sem grandes problemas (lembrem-se de que estou a falar de uns anos atrás...), não tem grandes problemas de segurança, como nós temos no Brasil, responde sempre: vai-se andando."
Ontem, ao sair do prédio cruzei-me com a minha vizinha que é brasileira e com quem converso sempre um bocadinho, e ao perguntar-lhe "como vai", a resposta dela foi "vai-se andando".
Não resisti e disse-lhe "você está a ficar cada vez mais portuguesa", e perante a surpresa dela, expliquei-lhe a história atrás.
A resposta não demorou: "tem razão, vizinha, nós sempre dizemos que está tudo em cima, está tudo bem, mas infelizmente agora com as coisas piorando como estão, só podemos mesmo dizer: vai-se andando, e um dia de cada vez".
De facto...

terça-feira, 15 de maio de 2012

"Acreditas em deus?"

Ele há coisas... durante toda a minha vida tenho lidado com crianças e adoro ter conversas com elas, porque se as escutarmos sem as conversas de bebé que muitas vezes somos tentados a fazer, aprendemos mais do que com muitos adultos.
Já me fizeram perguntas estranhas, e quando não sei a resposta digo isso mesmo.
Já me fizeram perguntas sobre sexo, que embora com algum «engolir em seco» lá vou tentando explicar, rementendo, em último caso, sempre a conversa para o papá ou a mamã.
Neste domingo, fui até à Beira Baixa, celebrar o aniversário da mãe na nossa casita, e levei o meu afilhado de 9 anos. Além de ter sido espectacular apresentar-lhe tudo aquilo, ainda fiquei de boca aberta quando ouvi a frase acima.
A minha mãe é religiosa e tem vários santos num pequeno oratório nessa casa. E o meu afilhado começou por apreciar as imagens, e de repente vira-se e pergunta-me se eu acredito em deus.
Fiquei embuchada... é que apesar de ser madrinha pela Igreja, não sou católica mas assumo o papel que esse "cargo" me atribui, não por um papel assinado e uma cerimónia, mas pelo carinho profundo que tenho por este rapaz.
Mas agora responder a isto?? E assim do nada? Além disso, para ele não basta uma resposta evasiva, porque ele sabe se não lhe estão a dizer a verdade, e merece apenas isso.
Como é que lhe podia dizer que não acredito num deus que promete castigos infernais para alguns e permite que esses mesmos andem cá pelo mundo a fazer sofrer os restantes? Num deus que permite que crianças sem pecado sofram enquanto os que exibem publicamente esses pecados condenados são beneficiados como Job? Num deus que permite que no seu próprio templo continuem os vendilhões? Num deus que permite que as doenças se perpetuem para as industrias farmaceuticas ganharem milhares com tratamentos em vez de fazerem a prevenção? Num deus que permite que alguns loucos continuem a maltratar e abandonar animais, aqueles que ele supostamente devia cuidar porque deles é o reino dos céus?
Como não suporto a mentira nem ele, disse que não, que não acreditava. Resposta pronta: Mas se não acreditas não estás protegida! E vi que ele ficou um pouco assustado.
Expliquei-lhe que deus tem muitos nomes e nem sempre temos de acreditar naquela imagem que a biblia dá. Que ao longo da vida nós vamos mudando de ideias e que por vezes é também a vida que nos leva a deixar de acreditar. Que ele podia acreditar (e aqui, confesso que menti), mas que como criança que era, como qualquer criança, estaria sempre protegido.
Fomos conversando ao longo do dia sobre o assunto, ele a perguntar-me coisas sobre Fátima (porque era 13 de Maio) e sobre Cristo e eu a responder-lhe com as versões biblícas que conheço.
Foi interessante ter uma conversa assim refrescante com uma criança, porque sinceramente nos dias que correm já me fartam as conversas de adultos.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ó pra mim!!!


Umas das coisas que mais gostei de fazer nesta vida de jornalista, foi a época em que trabalhei na área automóvel. Viagens, gente simpatiquissima, uma das únicas mulheres no ramo e, a cereja em cima do bolo, carrinhos com o depósito cheio para testar durante todo o fim-de-semana.
Agora as lutas são outras, mas não perco a ocasião de me "enfiar" num carrinho para testar sempre que posso.
E esta foto até pode vir a servir de publicidade à marca.
É que se eu caibo no twizy, qualquer pessoa cabe!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Limatória?? (ou mais "correctamente" - Liminatória)

E mais uma. Calinada? Como quem me enviou esta imagem, como a de baixo, começo também a ter as minhas dúvidas se é mera burrice ou algo mais.
É que no exemplo abaixo, trata-se de linhas que vão sendo escritas ao mesmo tempo que decorre o noticiario, ao passo que esta é uma peça, montada, com legendas, e como tal com a obrigação de ter sido «revista» antes de ir para o ar.
Com ordenados milionários a apresentadores, não haverá alguns euros para pagar a um revisor?
É que os erros são diários.
Numa televisão estatal. Pública.
Paga por todos nós.
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Pois, lá ficou «liminado» (liminatado)... acordo ortográfico para quê?


Obrigada, caro Fernando Mateus.

Anatomia de um golpe de Pedro Santos Guerreiro

Eu disse que não falaria sobre o assunto do Pingo Doce, mas foi-me enviado este delicioso texto, que merece ser partilhado.
Trata-se de um artigo de opinião de Pedro Santos Guerreiro no negocios.pt.

«Contado, toda a gente acredita: o Pingo Doce dá um super-desconto, a população adere em massa, é um golpe genial. Visto, é inacreditável: uma turba faminta amotina-se, espanca-se, enlouquece, encena uma pilhagem sórdida. É uma miséria de marketing. É um marketing da miséria. "O balanço é positivo, considerando-se a acção como conseguida".
Primeiro, o acessório: este 1º de Maio alterou o equilíbrio na distribuição em Portugal. Este não foi um episódio único, foi uma afirmação de poder da Jerónimo, que vem perdendo para as estratégias agressivas de descontos da concorrência. O Continente chega aos 75% em certos produtos e horas; o Lidl está a quebrar 33%; o Pingo Doce entrou no jogo em grande estilo. Arrumou o assunto com uma bomba de neutrões. Pôs o país a falar disso. Arruinou o mês à concorrência. E fê-lo provavelmente perdendo dinheiro, o que significaria que comprou mercado.
Dar um desconto de 50% num cabaz significa ter uma margem média de 100% para ganhar dinheiro. Margens médias de 100% na distribuição são como manadas de gazelas na Atlântida, não existem. Dir-se-á: e os clientes com isso? É concorrência e a concorrência é linda. Pois, mas esta é feia. Porque se é abaixo de custo, a do Pingo Doce ou a do Continente, não é concorrência, é anti-concorrência. É destruir concorrentes que não suportam predações. É aniquilar fornecedores que as subsidiam.
A distribuição não é para meninos. É um negócio de margens reduzidas, negociações complexas, de um conhecimento quase doentio dos hábitos dos clientes. Fazem-se promoções ao meio-dia porque quem está com fome compra mais. Perfuma-se o ambiente com pão quente porque se vende mais. Dispõe-se os alhos ao pé dos bugalhos, nivela-se as prateleiras pela criançada, desnivela-se a iluminação entre dois corredores, puxa-se o lustro à fruta. É assim. E a Jerónimo Martins é o melhor grupo português a fazê-lo. É a empresa mais valiosa em Bolsa. Vale mais que a Galp.
Agora, o Pingo Doce inicia uma mudança estratégica. Esta é uma campanha de "hard discount", um posicionamento mais "baixo" do que o actual desta cadeia. É por isso que esta operação não tem a mão de Alexandre, o patriarca, mas de Pedro, o sucessor, que carrega uma década de grande sucesso deste modelo na Polónia. Esta é a afirmação, surpreendente e bombástica, da sua gestão. Vem aí mais disto. "Hard discount" quer dizer desconto duro. Assim será: duro. Vale tudo menos arrancar olhos?
Também vale arrancar olhos. Assim foi neste 1º de Maio. Cenas lúgubres em todo o país. Os gestores viram um livro de marketing a ser implementado. Os economistas viram um livro com curvas de oferta e procura. Os juristas viram um livro de direito da concorrência. Eu vi um livro de Saramago a escrever-se sozinho.
Já foi escrito: a reacção dos clientes é racional, nada a apontar. Faltou escrever: quem organizou o circo romano sabia ao que ia. E orgulhou-se no dia seguinte. Ficámos a saber como está o país. A violência que não se vê nas manifestações de rua comprime-se no afã vidrado de uma fila de supermercado.
Esta não é uma questão entre direita e esquerda, entre idiotas e ideólogos, entre moralistas e pragmáticos, não é distracção, não se compara com saldos de trapos nem com liquidações de livros. Porque nenhuma dessas promoções provoca estes tumultos descontrolados. Talvez só uma oferta de gasolinas produzisse a mesma loucura.
Numa entrevista notável, a Teresa de Sousa, publicada no Público este domingo, Rob Riemen, que não tem medo de falar de fascismo, afirma: "O espírito da democracia quer dizer que a verdadeira democracia é o oposto da democracia de massas." Riemen refere-se a Tocqueville ou a Gasset. "Ou Espinosa, para quem uma verdadeira democracia significa que somos mais do que indivíduos, aspiramos a ser pessoas de carácter, que não somos apenas motivados pelo medo, pela ganância, pela estupidez, mas capazes de um pensamento e de escolhas".
Acicatar a voragem desumana, como se viu neste Maio, não faz parte dos valores que Alexandre Soares dos Santos construiu. De defesa de salários dignos, de criação de postos de trabalho, de assistência social aos funcionários em dificuldades. Nem serão os valores de Isabel Jonet, que gere no Banco Alimentar situações de pobreza extrema com tacto social e dignidade individual. Isto é uma manifestação de poder autoritário.
Disse Frei Fernando Ventura, nessa noite, na SIC Notícias: "Quando vi as imagens do Pingo Doce, fiquei triste e alarmado. Vi isto na Venezuela, com o Chavez, exactamente o mesmo tipo de reacção. Fiquei com esta imagem como um ícone, ou como um contra ícone, uma mensagem de sinal contrário daquilo que é uma das urgências a descobrir hoje". E disse mais: "Nós, em alguns arroubos místico-gasosos, ficamos muito alarmados e muito agitados interiormente com a multiplicação dos pães e dos peixes. Se nós percebêssemos o que está ali (…). Só houve multiplicação porque houve divisão. A solução tem que passar por aqui: é preciso dividir para multiplicar e é preciso somar sem subtrair nada a ninguém. O segredo está aqui. A chave está aqui. E por aqui pode construir-se a esperança. Por aqui pode criar-se redes de relações, por aqui pode dizer-se às pessoas que a esperança é possível. É preciso organizar esta esperança."
Para o Pingo Doce, os descontos do 1º de Maio terão sido um golpe de marketing ou um anúncio de uma nova estratégia. Mas para os portugueses, que reviram um país negado e renegado, foi mais do que isso. Foi uma humilhação. Como no "Rei Lear", de Shakespeare: "Esta é a praga deste tempo, quando os loucos guiam os cegos".
"quando os loucos guiam os cegos"»

Obrigada, caro Fernando Mateus

sábado, 5 de maio de 2012

Seres pensantes – seres acéfalos

Nestes últimos dias o tema de conversa em qualquer lado para onde me vire é o Pingo Doce.
Isto é mesmo à boa moda portuguesa que gosta de no dia seguinte ao «acontecimento», e juntamente com a conversa sobre o tempo, esmiuçar todos os pequenos pormenores, e quanto mais sangrentos melhor.
Houve alguém que se magoou na confusão? Excelente! Aquilo era um caos, a morderem-se e etc.
Alguém deixou de ver o filho por uns minutos? Até perderam as crianças na confusão!
Não conseguiu comprar bananas? Já se sabia, afinal aquilo era só para enganar.
Comprou tudo o que queria? Que maravilha de promoção!
Este é o nosso espírito. O espirito que não vê para além do que lhe dizem ou metem olhos dentro. Ou melhor, o que agora está na moda, é ver o posts actualizados no facebook e consoante o boneco mais giro, assim opinar.
Sobre o Pingo Doce mantenho a minha posição: houve gente a comprar creme para a barba e nunca terá feito a barba. E pronto.
Mas toda esta questão opinativa faz-me lembrar uma guerrilha que ocorreu recentemente na net, relativamente a uma acção de um grupelho protoiro, que no dia da marcha pelos direitos dos animais em Lisboa, no qual se inclui a luta contra as touradas, se lembrou (imaginem) de ir entregar 500 quilos de ração à União Zoófila. E com um jornal diário atrás. Quando os responsáveis da União recusaram a caridosa oferta pela claríssima tentativa de «publicidade», vieram para a Internet a dizer mal da sua vida e de uma associação que existe há mais tempo do que muitos desses betinhos têm de vida.
Mas mais do que a minha posição complemente contra as touradas (já agora, não falo de cor, porque durante vários anos estive numa relação com um ex-forcado, aficionado e apaixonado por touros, e vi muito do que de bom e de mau está por detrás deste negócio), do que aqui hoje falo é da crescente acefalia que se vê neste povo.
Vieram logo senhores e senhoras muitíssimo indignados por aquilo que lia no facebook do grupelho.
Então a União Zoófila estava tão rica que não queria aceitar esta dádiva?
Então os animais não têm direito a comer? Então… então. Tudo isto mexeu comigo e não deixei de dar a minha opinião (afinal, isso foi o que Abril nos permitiu) neste assunto.
Houve boas discussões, outras complemente estúpidas e idiotas, mas deu para perceber que muitas das pessoas que gritam e se insurgem contra algo, nem sabem do que estão realmente a falar, limitam-se a ver os bonecos que são colocados no facebook e depois acham que têm opinião.

Não procuram saber mais, não investigam, nada.
Tipicamente acéfalos.
Ontem gritavam contra a União Zoófila, amanhã contra o treinador do Sertajense só porque alguém, algures, se lembrou de colocar uma caricatura dele no facebook. Triste de um país de gente sem ideias e sem capacidade de raciocínio.
Já agora, depois dessa tentativa de descredibilização por parte do grupelho, a União Zoófila recebeu nesse mesmo dia uma quantidade exorbitante de doações, essas sim por anónimos e por pessoas que realmente se preocupam com os animais, o que me deixou com um bocadinho mais de esperança nas pessoas deste país.

terça-feira, 1 de maio de 2012

1.º de Maio, Dia do Trabalhador?

O 1.º de Maio sempre foi uma data com alguma importância para mim. Lembro-me que o meu pai se levantava sempre de madrugada, e por vezes ia-nos chamar à cama, em jeito de brincadeira, para nos levantarmos e não deixarmos «entrar o Maio pelo cu acima». Ainda hoje não sei o que isso significa, mas até falecer, o meu pai nunca deixou de cumprir este ritual. E depois era a ida até ao desfile, pela Avenida acima, a acompanhar as palavras de ordem gritadas pelos altifalantes. Também nunca me esqueci de um ano em que se gritava: «O Soares é um camelo, tem duas bossas e muito pelo»…  no ano seguinte, o nome mudava, mas a letra era sempre a mesma…Chegados à Fonte Luminosa, cumpria-se outro ritual: a bela da sardinha assada, a primeira da época, e depois, lá mesmo em cima, num local um bocado recôndito, uma gelataria com gelados caseiros, que faziam as delícias da malta. Depois era a descida da Avenida, por vezes com pessoas ainda a completarem o desfile, até aos barcos no Terreiro do Paço, e a viagem até Cacilhas, e mais tarde, já até ao Seixal.
Agora, há vários anos que não vou. Não tenho paciência para desfiles, e fiquei desiludida por terem tornado a chegada à Fonte Luminosa numa autêntica feira. Também acho que não é com manifestações e desfiles que se luta pelos direitos, cada vez menores.
E em especial quando hoje, quando acedi ao meu facebook, vejo pessoas a postarem fotos do seu «pesadelo» em compras nas grande superfícies, onde hoje, e só hoje (vá-se lá perceber porquê…) fazem as promoçõezinhas do «pague um e leve cinco».
E depois são os mesmos que, freneticamente, vêm dizer que é preciso lutar pelos direitos, que cada vez estamos piores, que isto assim não pode continuar. Só me dá vontade de mandar um daqueles palavrões bem cabeludos. Afinal querem a luta só clicando em Gostos e Partilhas, sentados no sofá???
Ou melhor, indo a correr à babugem das promoçõezinhas e dos pontinhos, esquecendo que aqueles que estão ali a pesar-lhes o fiambre e a passar as compras na máquina também são trabalhadores e que ainda têm os seus direitos mais desbaratados por este tipo de atitudes?
Pois claro, gritar pela mudança sim, clicar pela revolta sim, mas a luta, a lutazinha que custa, que a façam os outros.