Um documentário sobre uma família da Roménia de Ceausescu e o livro «O Pavilhão dos Cancerosos», de um autor russo.
O que é que estas duas coisas têm em comum?
Ambos se passam em países de regimes comunistas.
«Somos todos vítimas de um regime que nos obrigou a virar-nos
uns contra os outros» diz a filha do “dissidente político” de que fala este documentário,
que vivia na pequena aldeia de Draganet.
O documentário passou hoje na BBC World News sobre uma família
perseguida pelo regime comunista na Roménia. O marido, reparador de televisões e rádios, iniciou um percurso semelhante aos resistentes comunistas em Portugal, durante a ditadura, espalhando panfletos sobre a situação em que viviam, que obrigava a filas de horas para comprar um pão, enquanto Cheuseuco vendia a produção de cereais do país ao estrangeiro.
Foram perseguidos, presos e torturados. A família foi perseguida, telefones sob escuta, relatórios infindáveis sobre o que faziam no dia-a-dia, amigos e familiares sob pressão para não falarem com eles ou ajudarem de que forma fosse, incluindo com comida, cartas abertas e copiadas para os relatórios, perda de emprego e de oportunidades.
Em relação ao livro que estou a ler, passando o choque
inicial do título, vão surgindo histórias de vários homens com cancro, mas
também de homens que viveram a revolução socialista na Rússia, e os anos
sucessivos de formas diferentes.
E vai surgindo um quadro do que foram esses anos. Dos que
obtiveram emprego, carro e casa denunciando vizinhos e camaradas e dos que foram
denunciados e perderam a juventude e a vida num campo de trabalho, dos que acreditavam com todas as suas forças no regime em que viviam, nos que queriam pensar e não podiam, quase todos no
final com o mesmo destino forçado pela doença. No entanto, se não viveram o passado, podem agora seguir o que acontece em certos regimes ditatoriais através do que é divulgado para o mundo.
Mas não, essas mesmas vozes entoam bem alto que aquilo que, e cá vamos nós, a comunicação social passa para o mundo não é a verdade.
Que os que lutam contra certos e determinados regimes são terroristas, pagos por outros países ou afins. Que toda a gente vive e sempre viveu feliz nestes regimes.
Que afinal, só a democracia (porque elege sempre os mesmos) é que é uma verdadeira chatice.
Acredito que essas pessoas adorariam viver num país onde,
pela sua cobardia e falta de escrúpulos, pudessem submeter os restantes à pressão
de ditadorzinhos que não deixariam de ser, sobretudo se com isso ganhassem
estatuto, dinheiro ou bens e privilégios que nunca escasseavam
para a elite ou para membros mais “protegidos” dos regimes.
Fica bem a alguma gentalha a farda de bufo.
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