As eleições europeias aproximam-se a passos largos. Neste
momento todos os partidos que concorrem andam num lufa-lufa de campanha,
apresentando os seus programas, as suas linhas orientadoras, as suas promessas.
Caravanas, panfletos, cartazes, fotografias, brindes,
jantares e convívios são alguns os meios escolhidos para essa campanha.
E claro, os sempre presentes emails para os meios de
comunicação social, no intuito que todas as suas iniciativas sejam divulgadas e
cobertas jornalisticamente, tal como define a Comissão Nacional de Eleições.
Da parte do meu jornal, já há alguns anos que optámos por
não divulgar qualquer campanha eleitoral.
Entendemos que um órgão de comunicação não pode servir
aos partidos políticos apenas quando há interesses de campanha.
Existem diversos problemas que os órgãos de comunicação
social enfrentam, não sendo deles o menor a questão económica, mas são poucos
ou nenhuns, os partidos políticos que se debruçam sobre o assunto.
E muitos deles até parecem querer entender que os órgãos
de comunicação social existem unicamente para lhes servir como meio de campanha
em qualquer altura, tendo de disponibilizar o seu espaço e jornalistas para
seguirem iniciativas que realizam ou para textos que entendem que devem ser
publicados.
Sim, há legislação sobre a divulgação da campanha, mas há
também legislação para que os partidos políticos possam ajudar sob a forma de
publicidade os jornais.
Refere a Comissão Nacional de Eleições que o Decreto-Lei
n.º 85-D/75, de 26 de Fevereiro, que regula o tratamento jornalístico que deve
ser dado às candidaturas, indica que durante o período da campanha «apenas
serão permitidos, como publicidade, os anúncios, que perfeitamente se
identifiquem como tal, de quaisquer realizações, não podendo cada um desses
anúncios ultrapassar, nas publicações diárias de grande formato e nas não
diárias que se editem em Lisboa e no Porto, de expansão nacional, e também de
grande formato, um oitavo de página, e nas restantes publicações, um quarto de
página».
Além disto, temos a discrepância entre o apoio estatal
que é dado à comunicação social.
Refere o Correio da Manhã: «Os tempos de antena no âmbito
da campanha para as eleições europeias do próximo dia 25 de Maio vão custar aos
cofres do Estado 2,1 milhões de euros, segundo dados do Ministério da
Administração Interna, onde se adianta que as televisões generalistas recebem
73% do montante atribuído com RTP, SIC e TVI a receberem um valor acumulado de
1,6 milhões, que serão depois divididos de acordo com as audiências registadas
no período da campanha. As rádios nacionais irão receber 500 mil euros e as
regionais 73 mil euros.»
Nisto tudo, onde ficam os jornais, sobretudo os
regionais? Os que têm de pagar as deslocações dos seus jornalistas? Os que têm
de pagar o papel, a impressão, a distribuição?
Pois. Por tudo isso, da parte do meu jornal, decidimos
não fazer campanha.
Se calhar, se esta atitude fosse tomada por todos, os
partidos políticos e o próprio Governo teriam de reformular a forma como
encaram a imprensa na comunicação social. É que os «amigos» não servem apenas
para as ocasiões, mas parece que poucos são os partidos políticos que em
campanha eleitoral se lembram deste pressuposto.
Ou não se querem lembrar.
Ps: artigo de opinião desta semana no jornal Diário do Distrito
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