Ontem, o Correio da Manhã trazia uma notícia interessante: um deputado alemão, Marco Wanderwitz, dizia numa entrevista, que os gordos deveriam pagar um imposto para pagar os gastos de saúde resultantes do seu excessivo peso corporal. Segundo o deputado do Partido Cristão-Democratico, «quem tem voluntariamente uma vida pouco saudável deve assumir a responsabilidade financeira dessa sua escolha. Os custos não devem ser assumidos pelo Sistema de Saúde».
Estou perfeitamente de acordo e assino por baixo.
Com um senão.
Então, que todos aqueles que são responsáveis pelo declínio da sua saúde que paguem igual imposto.
Neste caso, coloco os alcoolicos e, principalmente, os fumadores, que além de terem «uma vida pouco responsável», contribuem de igual modo para perturbar a saúde de quem com eles lida.
Há alguns anos atrás, as companhias aéreas propuseram uma sobretaxa para os obesos, que lhes permitia viajar em dois lugares, em vez de um.
Já viajei para Madrid com um senhor com uns respeitáveis duzentos quilos ao meu lado, e sei como cheguei completamente amassada. Também sei que quando viajo ao lado de alguém, essa pessoa pode ir incomodada. E sei que a visão da minha obesidade também pode afectar a sensibilidade de alguns. Toda a minha vida vi isso, os olhares de escárnio e até as bocas.
Mas agora, também teria o direito de pedir uma indemnização a todos os com quem trabalhei ou lidei e que me fizeram ser uma fumadora passiva.
É que em relação ao excesso de peso (sei perfeitamente que afecta a minha saúde) mas também sei que sempre pratiquei desporto, que não tenho colesterol quaisquer problemas de problemas de saúde, até sendo dadora de sangue).
Então porque é que hei-de eu pagar para o sistema de saúde daqueles que fumam?
É que segundo dados médicos, o cancro dos pulmões mata ainda mais, no caso das mulheres, que o cancro da mama, e no caso dos homens, que o da próstata.
Mas eu, que optei «voluntariamente por uma vida saudável» no que respeita ao tabaco, não devo ter de pagar pelos outros.
Sobre o tema do tabaco, lembro-me de uma situação que aconteceu na sessão de Câmara do Seixal, há uns anos, antes de entrar em vigor a lei anti-tabaco. O presidente Alfredo Monteiro e alguns vereadores fumavam durante a sessão. A determinada altura, falou-se das Cidades Saudáveis e da lei do tabaco, e a vereadora Corália Loureiro (com um excelente sentido de oportunidade) propôs que o Seixal desse o exemplo, e se começasse logo ali com a proibição de fumar dentro da sala, proposta que foi de imediato aceite.
E este foi um excelente exemplo de respeito para com os outros.
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