Esta semana, ao ler a rubrica «Pimenta na Língua», achei curiosas algumas referências que eram feitas em termos de jornalismo.
Alertada para tal, embora sem receio que as mesmas me fossem dirigidas porque o autor daquela rubrica não embarca em recados ou manda dizer por terceiros, fui pesquisar algumas coisas que saíram nas últimas semanas em termos locais.
E eis senão quando fico completamente estupefacta. Então não é que o meu modesto bacharelato em Comunicação Social da Escola Superior de Educação de Setúbal, me ensinou tudo mal?
Mas vamos por partes.
Leio então num quinzenário(?) local uma explicação dada por uma jornalista (engraçado, o seu nome não consta na lista da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, mas estou em crer que não passará de um lapso desta instituição), sobre alguns pontos que eu, simples bacharel e com carteira profissional de jornalista há apenas treze anos desconhecia por completo.
Temos então que os presentes em qualquer evento são «personagens».
Que pena eu não saber disto há mais tempo. As horas que perdi em busca de sinónimos para usar: presentes, visitantes, vereadores, edis, deputados, etc. etc. ... apesar disso, alguma coisa no recôndito do meu cérebro dizia que «personagens» são as das histórias, logo não reais.
Mas não. É como diz o povo, se vem no jornal é porque é verdade.
Em seguida, temos que, se as «personagens» estão num local e não são apresentadas com as devidas honras aos jornalistas presentes, os mesmos não têm qualquer obrigação em saber quem são e o que ali estão a fazer.
De novo, que alívio.
Nunca mais vou ter de andar a pesquisar ou a questionar envergonhadamente os presentes, perdão, personagens, que se encontrem em determinado local para saber quem são os outros convivas, perdão, personagens.
Devo antes esperar sossegadamente que os mesmos me venham a ser apresentados e se expliquem sobre a sua presença.
Por fim, fico a saber que só preciso de usar o nome próprio e apelido de alguém, antecipado do Dr., Eng. ou outro título nobiliárquico «quando o indivíduo (estranho, deixou de ser personagem? Mas não deve passar de um lapsus linguae) está em determinado local no exercício dessas funções». E tudo isto, fazendo referencia a manuais de Jornalismo.
Outro enorme alívio.
Agora, quando andar aflita a cortar texto, já posso deixar de usar o sobrenome, tratando familiarmente o presidente Alfredo Monteiro por Alfredo, e por aí fora, e até deixando de parte o Presidente ou Dr. se ele não estiver no exercício das suas funções.
Se calhar, tudo isto foi dado nalguma aula de teoria de Jean Piaget à qual eu faltei. E assim, tenho andado a escrever mal todos estes treze anos (mais dois de estágio).
Obrigada por esta importante lição de jornalismo.
2 comentários:
Volta e meia gosto de 'dar uma volta' pelo que se escreve sobre, e na minha terra e tropecei desta vez neste texto. E fez-se Luz… Não sendo jornalista, mas boa leitora e apreciadora de uma bom artigo, a curiosidade levou-me a investigar e a deparar-me com um nome que o meu instinto já pressentia. De facto, foi esta senhora que elaborou um artigo com base numa carta que eu havia escrito ao seu jornal, referente aos problemas que afligiam a nossa escola primária e de cuja associação de pais faço parte. Quando vi o que foi publicado, constatei que havia ido bem mais além da reportagem, empregando adjetivos que enegreciam o que eu havia escrito, o que provavelmente levou a Sra. Vereadora da Educação a não ter uma boa opinião sobre mim. Gosto de escrever e gosto de ser construtiva no que faço e tive pena de na altura não ter dito a essa senhora, que pelo menos me tivesse contactado para saber se estaria de acordo ao não com o que iria publicar. O que acabei por fazer foi deixar passar, retirei o enfâse que ela havia posto nas palavras da Sra. Vereadora e dei um desconto, pois pensei se o fez comigo também o teria feito com ela, e pensei que o melhor seria não mexer mais, o mundo dá muitas voltas e não se sabe o dia de amanhã (mas sei, que da próxima irei por outro caminho).
O meu obrigado pela sua visita.
Todos erramos a determinada altura, e eu também já o fiz, e mais vezes do que gostaria.
Mas o verdadeiro profissonal sabe quando erra e assume esse erro, em vez de se esconder em desculpas de treta.
É triste quando o jornalismo é assim representado, mas por vezes perante alguns factos, fico a pensar que neste concelho é a mediocridade quem mais ordena.
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