Por vezes de manhã, quando vou a um café meu conhecido e tomo o meu cafezito, entretenho-me a ler algumas revistas nacionais, enquanto aguardo que o «Correio da Manhã», de leitura obrigatória nos cafés lisboetas esteja disponível.
E tenho-me divertido muito com uma guerrinha entre duas das principais revistas nacionais que se digladiam de uma forma algo impressionante para órgãos desta natureza.
A guerra aqui é de quem é que deu primeiro tal ou tal notícia, onde é que saiu ou não tal fotografia e pelo meio alguns apupos, como a TV 7 Dias chamar à outra «A TV que não o Guia», e outros mimos do género.
É óbvio que só inicia este tipo de guerrinhas quem vê escapar debaixo dos pés o público que julgava conquistado com textos mascarados de exclusivos, ou com sonantes títulos que escondem reportagens ocas de sentido.
São também reacções típicas de editores e "jornalistas" que não fazem a mínima ideia do que é o real jornalismo, apenas procuram o lucro rápido e fácil, não tendo pejo de enganarem os leitores, esquecendo-se que a mentira tem perna curta e que não se engana todo o mundo ao mesmo tempo.
Mas ao mesmo tempo, nesta guerrinha, é também possível ver o estado em que alguma comunicação social chegou, vivendo como vive exclusivamente de bombásticos títulos de capa, sem qualquer sumo ou interesse nas notícias depois desenvolvidas, ou ainda com notícias a metro, satisfazendo assim os donos disfarçados de anunciantes.
Felizmente, ainda não chegámos ao nível de alguma imprensa cor-de-rosa inglesa, que chega a oferecer dinheiro aos leitores por histórias (não, parece-me que só houve por aí quem ingenuamente se oferecesse para pagar a colaboradores de outros órgãos, só para os levar para as suas páginas).
Não temos ainda os paparazzis a pendurar-se em árvores para fotografar as banhinhas ou as rugas de alguma socialité, até porque, como dizia Eduardo Gajeiro, «em Portugal os VIP são tão poucos que se um jornalista cor-de-rosa faz algo que desagrade a algum, nunca mais entra em nenhuma festa».
Mas se por algum tempo poderão estes meios sobreviver, vão reparar que os que tomam como leitores fieis ou como patrocinadores bem depressa se cansarão de tais guerras e os mandaram passear.
Por outro lado, fica a postura das revistas e jornais visados, que depois de terem respondido de alguma forma mais directa, optaram por simplesmente ignorar os tais cães ladradores, se bem que compreendo que tal seja muito difícil, porque como diz o ditado «quem não se sente não é filho de boa gente», apesar de gentinha desta merecer todo o desprezo com que os encaremos (quando estes não fogem com olhar, comprometidos como estão).
2 comentários:
Confesso que ultimamente já me canso de ler as ‘letras gordas’ dessas revistas e constatar que mais uma vez a montanha pariu um rato. E o destaque que é dado a questões menores com resultados desastrosos? Não fazendo mais do que devassar a vida das pessoas sem medir as consequências e sem o respeito mínimo que o outro merece, não considero isso jornalismo, mas sim quadrilhice. Sou mais preto no branco e não tanto cor-de-rosa, mas creio que isso também se deve à minha educação germânica...
É verdade, mas ao mesmo tempo, até se torna interessante, porque acaba por ser o ponto de vista de uma revista sobre o que outra escreve, e que por vezes, ao ler-se na diagonal ou apenas as gordas, nem nos aperceberiamos.
Mas há por aí muitos que só gostam de certas cores, e quando lhes dá mais jeito.
Cumprimentos
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