domingo, 5 de junho de 2011

A votos

Hoje fui votar pela primeira vez na minha nova morada, ou seja, no Barreiro. Nas últimas eleições, ia votar, mas como deixo sempre tudo para a última, quando cheguei ao local, a escola estava em obras, e claro, já se sabe que no dia ninguém conseguia obter informações pelo CNE.
Por isso, desta feita, fiz a minha pesquisa, obtive os meus dados e lá fui votar na escola primária da Telha Nova.
Se pensei em quem iria votar? Sim. Não foi como em eleições anteriores, onde a escolha já estava feita, bastava apenas procurar no boletim de voto onde colocar a cruz.
Desta feita analisei tudo e pesei todos os factores.
Se me abstivesse, como já fiz, daria a força aos comentários de que a abstenção não serve o país, que mais não passa do que a preguiça em funcionamento. Embora já o tenha feito, tenho para comigo que é recusar um direito pelo qual muitos lutaram e morreram para obter. Mais ainda no caso de ser mulher, sabendo a luta de séculos que foi para que as mulheres pudessem obter também este direito.
Votar em branco, sinceramente para mim não é carne nem peixe. Até porque, quando ouvimos a comunicação social, o que se fala sempre é da abstenção e os votos em branco, embora possam ser o exercício de cidadania como forma de protesto, ficam ao nível dos votos nulos. Logo, sem muita expressão.
Basta ver que neste momento nas televisões se discute apenas a abstenção.
Quanto à escolha, tive de ponderar vários factores.
Fiquei desiludida porque o partido onde tenho votado recusou-se a fazer parte da discussão com a Troika. Aqui tenho o mesmo argumento que é usado para com a abstenção: se não falaram ou votaram, então é porque aceitaram o que lhes é dado. Não participar numa discussão não é uma forma de protesto, é legitimar as decisões contra as quais podem até estar contra, mas que não rebateram.
Estou também desiludida, como ambientalista, pelo partido onde também votei não ter qualquer expressão na Assembleia da República ou, mais importante ainda, no dia a dia. Não é emitindo comunicados que se resolvem os atentados ambientais. Não é destruindo campos de milho transgénico que se luta contra os aterros ilegais ou abate de árvores.
E quando dizem que não há alternativas, isso é falso.
Basta ver o boletim de voto deste ano. São muitos os partidos, são muitas as escolhas fora dos partidos que, de uma forma ou de outra, têm abandonado o eleitorado em nome de interesses próprios.
A Assembleia da República é isso mesmo, a representação dos ideais de todos os portugueses e por isso não compreendo porque é que durante décadas apenas tem vindo a ter representação de cinco a seis partidos.
E por esse motivo este ano votei no partido que creio que representa os meus ideais, com que melhor me identifiquei na campanha eleitoral e com o programa.
Votei Partido Pelos Animais e pela Natureza. Não sei se chegará a eleger algum deputado, o que sei é que a alternativa existe e eu votei nela.
Votei em nome dos direitos dos animais e das mudanças de mentalidade em termos ambientais que o mundo e o país têm de fazer.
E, ao contrário de alguns que por aí andaram e continuam a fazer campanha a troco de favores, só agora aqui deixo o meu sentido de voto, depois de fechadas as urnas e antes até de se saber quem irá (de novo) “governar” o país, porque acredito que a diferença faz mesmo sentido.

3 comentários:

Anónimo disse...

No concelho do Seixal este partido obteve um boa votação. Mais um voto de protesto do que qualquer outro tipo de coisa, dizem os meus amigos. No entanto "não sei não". Atendendo que para passear os animais do canil camarário temos dezenas de voluntários e que para ajudar os idosos doentes e acamados não temso mais do que uma mão cheia... não sei não, será porquê os animais fazem oq ue queremos deles? Qual a razão de tratarmos a nossa espécie "abaixo de cão"?

Maria do Carmo disse...

Caro comentador, realmente estou satisfeita pelos resultados obtidos pelo partido que escolhi, não só a nivel local como nacional. Protesto, consciência cívica ou o que seja, a verdade é que existe alternativa.

No caso dos animais, dificilmente se conseguem identificar os que os abandonam, mas no caso da maioria dos idosos, isso é muito fácil.
Estes têm filhos, netos e outros familiares que pura e simplesmente arranjam sempre as mesmas desculpas para os deixarem ao abandono.

Se calhar também a falta de voluntários se fica a dever ao facto de que quem ajuda os animais o faz com o coração, ciente das suas necessidades, ao passo que a Geriatria é já um posto e todos esperam receber dinheiro por a praticar.

É a falta de respeito que temos pelos nossos idosos numa sociedade que vive simplesmente para a imagem, o consumismo e pouco mais.

Anónimo disse...

"O grau de desenvolvimento de uma sociedade mede-se pela forma como trata os animais" - E por aqui se vê! Se nem os humanos tratamos com deve de ser quanto mais os animais...