terça-feira, 23 de agosto de 2011

"É goesa?"


Esta foi uma das perguntas mais estranhas que alguma vez me fizeram.
Não que me tenha ofendido, longe disso, mas fiquei mesmo de boca à banda.
Foi hoje, no Hospital Garcia de Orta, onde voltei para tirar o resto dos pontos do queloíde que me tiraram da orelha, e que deu azo à saga da ECALMA.
Estava já na marquesa quando uma enfermeira diz: “Esta senhora está sempre tão bronzeada, tem ido à praia na mesma não?”, ao que respondi negativamente, até devido ao tempo.
E nisto ouço a tal pergunta, vinda de uma outra enfermeira: “é goesa?”.
Confesso que no momento fiquei sem saber bem o que responder, excepto um Não. 
Depois, e com o médico a confirmar a minha nacionalidade portuguesa, lá fui dizendo que a cor que exibo se fica a dever em parte a uns antigos genes africanos da parte do meu pai (o nome de família Jaca deve querer dizer alguma coisa), e uma grande parte ao ar da Praia da Velha, perdão, baia do Seixal, porque por cá não há essa coisa de praias.
Mas esta visita ao HGO hoje pautou-se por pormenores interessantes: mais de duas horas à espera do médico (já aqui disse que os meus dois médicos são ultra-pontuais), constantes falhas técnicas na electricidade, que levaram os corredores a ter o aspecto que mostro na foto, durante vários minutos, e todos os que esperavam a de imediato dizer que já se sentia o dedo da troika nos hospitais.
E por fim um pequeno pormenor que mostrou que mesmo nos sítios mais inóspitos há sempre lugar para um sorriso. 
Um casal de avós levavam pela mão uma pequenita, ainda um pouco trôpega nas pernas, mas que mesmo assim, não deixou de acenar e sorrir a todos os que aguardavam nos corredores. Não houve uma cara séria à passagem da pequena vedeta, que assim, inocentemente, trouxe um pouco de luz para momentos que são sempre, no mínimo, aborrecidos.

1 comentário:

Maria do Carmo disse...
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