domingo, 21 de agosto de 2011

Um livro para pensar


 
Depois do tema que aqui trouxe e que levou a uma discussão muito interessante e com algum humor com alguns visitantes (outras menos interessantes, mas não podemos esperar que toda a gente tenha a educação e a elevação para manter certas conversas), trago aqui mais uma sugestão de livro.
Quanto ao assunto da ECALMA, não ficará por aqui, podem ter a certeza.
Em relação ao livro, mais uma vez, o meu obrigado à biblioteca municipal, desta feita a da Amora, uma vez que a do Seixal está encerrada em Agosto, uma medida que não percebo, porque as pessoas estão lá a trabalhar, mas enfim, cada um governa a sua casa como entende...
Já aqui falei de um livro, «As Serviçais», que foi um autêntico murro no estômago, mas no caso, era um livro de ficção, embora com bastantes pontos de uma verdade histórica.
Hoje trago aqui um outro livro, este um retrato elaborado por uma jornalista sobre a vida dos palestinianos em Israel.
Trata-se de «O Perfume da Nossa Terra», de Kenizé Mourad, uma jornalista que trabalhou vários anos no Médio Oriente.
Um trabalho num cenário de guerra é o sonho de qualquer jornalista (excepto os do jornalismo de secretária, bem pagos para se limitarem a escrever sobre uma certa “verdade”, e que têm de usar sebentos coletes com autocolantes de imprensa, porque precisam de convencer-se a si mesmos e aos outros que têm uma carteira profissional).
Mas Kenizé Mourad foi mais longe, e do seu trabalho colheu testemunhos de palestinianos e israelitas, entre 2000 e 2002, e destes escreveu este maravilhoso livro.
O conflito é por demais conhecido, mas o que poucos conhecem é o que pensam os envolvidos, fora das áreas politicas. Kenizé Mourad entrevistou crianças que participaram nos protestos e no arremesso de pedras, crianças que ficaram paralisadas por tidos dos israelitas, crianças que perderam pais e irmãos. Entrevistou também jovens israelitas e transcreveu as suas ideias de defesa do que chamam a sua terra prometida. Padres, jornalistas, mulheres, mães, muitos foram os que assim expuseram as suas ideias, os seus medos, as suas ambições de um país seguro.
Já se passou uma década desde a recolha destes testemunhos, muita coisa mudou, outras nem por isso, com muitos dos palestinianos a a não poderem usar os seus terrenos agrícolas ou a serem expulsos das suas casas, mas este documento continua actualíssimo. 
Em férias, ou nem por isso, um livro a não perder. 

6 comentários:

Anónimo disse...

E se te preocupasses com a guerra nos Bairros do Seixal ou ja não queres saber?

Maria do Carmo disse...

Caro Anónimo das 08h09, mas pode crer que me preocupo, com isso e com muito mais do que acontece no Seixal, mas não daquilo que vem já escrito e pago à linha, como fazem alguns por aí.
Talvez por isso quer o meu blogue, quer o jornal que dirijo, quer até a minha pessoa cause tanta azia por aí.
Mas obrigada pela sua visita e por me lembrar um tema tão importante para o concelho.

Já agora, sobre o tema, posso dizer que aquando dos desacatos na Quinta da Boa Hora, que alguns tentaram fazer passar por um assunto menor, foi com muita tristeza que recebi telefonemas de vários colegas jornalistas, que sabendo que moro no Seixal, me pediam para explicar o que se passava na Boa Hora.
Isso sim, como seixalense que sou, é que me entristece.
Cumprimentos

Molarinho disse...

Estás tão preocupada?
"Não sei não" nunca li nenhum artigo teu onde tenhas defendido a expropriação dos arruaceiros que fazem distúrbios no nosso pais.
Não quero ser, nem defino como racista, sexista ou outros istas quaisquer mas, temos de ir ao cerne da questão. Se estes bandidos que frequentam o nosso concelho são estrangeiros, então não os queremos aqui; fora com eles.
Não estou a estigmatizar alguém mas, quem quer viver no nosso concelho, suma, em Portugal tem de viver e respeitar os nossos hábitos e, não "fartar vilanagem".
Eu não quero contribuir com o meu suor e com as minhas taxas e impostos para sustentar esta cambada de parasitas.
Se eles não se sentem bem, então rua com eles e, não tenho de ser eu a mudar ou a sair.
Lembra-te que os portugueses quando partem para o estrangeiro socializam-se. Raros são os casos em que nos apontam os dedos.
Logo M. do Carmo em vez de andares para ai a publicitar um qualquer livro, não seria mais eficaz tentar cultivar o encéfalo e oferecer um ecrã de futuro aos munícipes do Seixal.
M. do Carmo, já Jesus dizia (pelo menos é o que consta do NT), se têm fome não lhes dêem peixe ensinem-nos a pescar.
Portanto, tu queres promover livros a quem "não" sabe ler! - ler não no sentido etimológico da palavra´- já que com as novas oportunidades, todos sabemos ler - mas no sentido de extrair compreensão do conteúdo da conjugação de letras, palavras e frases.
Aqui é que a "porca torce o rabo"
M. do Carmo, não leves isto no sentido conflituoso (ao contrario do que ultimamente aqui tem sido pratica), de provocação ou outro quaisquer que te leve a pensar em provocação. Não este meu pequeno artigo está a ser escrito numa tarde chuvosa, á beira-mar e a reflectir no próximo futuro.

Queiras receber os meus mais ilustres cumprimentos e até uma nova oportunidade.

Assina

F. Molarinho

Maria do Carmo disse...

Caro F. Molarinho, quem me dera estar também a escrever à beira-mar... Mas enfim.
Não encaro nada do que dizes como conflituoso, aliás, é para a discussão de ideias que também abro este espaço.
Quanto ao artigo, estás enganado, já escrevi aqui um que vai nessa onda (que se lixe o politicamente correcto, quando vejo os meus impostos em mercedes e casas pagas para certa gente e eu me vejo doida para pagar a minha casa e os meus impostos).
Um artigo precisamente sobre uma tarde que passei na Segurança Social e onde ouvi uma conversa muito interessante de duas "pensionistas do rendimento mínimo" sobre a nova carrinha que o marido ia comprar para ir vender. É preciso dizer mais?
Um artigo que me valeu aí num blogue de esgoto com sol a mais na mioleira e mantido por um maricas que até se assume como flamingo cor-de-rosa, alguns comentários muito "inflamados" de gente que diz defender uma certa linha política... apenas quando esta bate para o seu lado, mas uma delas teve coragem para assinar, e pasme-se, tratava-se de uma professora, que me chamou alguns nomes «cabeludos» por causa do que eu dizia.
Portanto, com isto também comento isso que dizes da iliteracia portuguesa. Se professoras se dão ao luxo de chamar nomes publicamente a quem discorda da cassete que aprenderam, como podem ensinar alguma coisa depois?
Mas eu sou mesmo assim, não sou de desistir e modestamente vou tentando com estas propostas levar alguém a pensar um pouco, mais não seja conseguindo juntar o a+b...
Cumprimentos e goza bem o ar do mar... é que aqui no Seixal isso é algo que não existe (oficialmente).
Volta sempre!

Moleirinho disse...

M. do Carmo, em primeiro lugar desculpa a minha “santa ignorância” por não me ter apercebido dessa tua “batalha” na defesa dos interesses do verdadeiro Povo que sobrepõem os deveres acima dos direitos.
Em segundo e já que estamos num capitulo de livros, aconselho a esses “camaradas” a leitura de um livro – não sei se já tiveste oportunidade de o ler - escrito pelo Dr, Spencer Jones e que se intitula “Quem mexeu no meu queijo”. Em suma, trata-se de uma história que envolve 3 ratos e um queijo. Estes 3 roedores estavam habituados a ter o queijo sempre á disposição, não se preocupando em procurar alimentação.
Um belo dia deixa de haver queijo e então surge o problema, o que fazer; 3 atitudes diferentes perante esta alteração. Um deles sempre pensou “bem se o queijo sempre esteve aqui, vou esperar que ele volte” e manteve-se no ócio.
Já imaginas o que o destino lhe reservou. Sabes, existem “aves” humanas que todos os dias praticam os mesmos actos na eterna expectativa que o resultado seja diferente. Talvez seja este espécime a que te referes. Logo deste tipo de cromos não podes esperar qualquer evolução neurológica que ele(s) continua(m) a esperar… eternamente.
Quanto á professora, vale-nos que não é a regra, vale-nos que é a excepção que nunca deveria assumir um lugar na modulação dos Homens de amanhã. São professores destes que minam toda uma classe.
Quanto a estes "pensionistas do rendimento mínimo" ou titulares do RSI, cabe a nós cidadãos denunciar ás instâncias legais (de preferência por escrito e assumindo a nossa identidade – solicitando confidencialidade) estes actos fraudulentos. A título de exemplo, quando há uns anos não muito distantes, em conversas de cafés, “patos bravos” vangloriavam-se de não pagarem IRS, de não emitir facturas, de não pagar contribuições, IVAs etc…, o comum do mortal português, em vez de se indignar e de ter um papel de polícia, pelo contrário, aplaudia de pé e na bancada, questionando-se de não ter um situação laboral que lhe permita copiar estes comportamentos.
M. do Carmo, enquanto nós todos, português, um por um, não alterarmos os nossos comportamentos e a nossa visão do patriotismo, enquanto não assimilarmos que o bem publico (todo o património publico assim como a contribuição para o bem publico – taxas, impostos etc) pertence a todos nós e, que funciona como uma comparticipação da unidade para o todo, para contribuir para uma sociedade cada vez mais justa e mais próspera, não passaremos de um estagio terceiro mundo, mesquinha e egoísta.
M. do Carmo, sabemos que estas alterações de comportamentos demoram algum tempo – no mínimo duas gerações – mas “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e, alguma vez isso tem de ser posto em prática. Não nos podemos estar sempre a lamentar do bem estar da Europa e dos nórdicos, nós devemos primeiro voltar-nos para o nosso umbigo, ver onde reside a diferença, isto é, ver onde estamos, para onde queremos ir e tentar preencher esta brecha com celeridade mas com muita inteligência.
Por outras palavras e desculpa ente estrangeirismos mas será mais ou menos um “Back to Basics” – conquistar novos mundos.
De Cabanas para o Seixal um grande abraço
Assina

F. Molarinho

Maria do Carmo disse...

Olá de novo.
Não podia deixar de concordar mais com o que dizes. E volto a dizer que mando para as urtigas o politicamente correcto. Sempre recebemos bem todos e a paga que temos é o crescente medo nas ruas, com a polícia a dizer mesmo para os idosos não sairem à rua depois do anoitecer.
Mas quem é que pode defender um país assim? A minha mãe tem 66 anos e eu tenho medo de cada vez que ela diz que vai à mercearia, porque há alguns meses andaram aqui uns amigos do alheio a roubar as pessoas. Resposta da polícia? Zero! Só parou este "minino" quando perto da praça da Torre da Marinha, em pleno dia, tentou tirar o fio a uma senhora e as pessoas ainda o apanharam e bateram-lhe.
Qualquer país constrói-se com o trabalho de emigrantes, que aceitam condições que os nacionais nunca aceitariam. Temos o dever de receber bem quem aqui procura refazer a sua vida, não temos de ter medo de pessoas que acham que vieram para cá para depenar patos.
E os outros, os que se gabam de mentir, de conseguir tudo com as cunhas, de não pagar e safarem-se são tão ou pior dos que nos roubam por esticão.
Também conheço o livro que falas, mas há um outro que tenho de trazer aqui (além das obras do grande Eça, que topava os políticos e outros à légua). Chama-se «O Triunfo dos Porcos», e mostra bem o que nos tem vindo a governar todos estes anos. Enquanto não corrermos com os porcos que ciclicamente nos desgovernam trazendo sempre o facho da inovação e da esperança, continuaremos a esconder-nos nas tocas, acossados.
Do Cavadas para Cabanas, um abraço!