Um blogue de uma jornalista que já viu um pouco de tudo, usado para falar de qualquer coisa.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
Calar é consentir
Esta máxima aplica-se a tudo na vida.
E temos o exemplo disso todos os dias à frente dos nossos olhos.
E temos o exemplo disso todos os dias à frente dos nossos olhos.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
«Não como carne nem peixe, só bacalhau…»
Não, ainda não ensandeci a este ponto, e a frase acima não é minha. Ouvi-a a uma «ambientalista» durante uma reportagem aqui no concelho, já há algum tempo.
E agora lembrei-me dela por causa de um programa desses da televisão paga sobre opções de vida que passam pelo vegetarianos, vegans, os que vivem da luz do Sol, enfim, toda a gama de escolhas.
Cá por mim, por muito que goste de animais e até salve ovelhas de serem atropeladas, gosto muito do meu bife de porco, vaca ou cavalo (estes crus, apenas com umas pedras de sal), do meu borrego assado, ou de um belo franguinho de qualquer maneira. E claro, o peixe e o marisco.
Não quer isto dizer que não tenha as minhas manias, e também me recuse a comer algumas coisas.
Por exemplo, apesar de adorar carne crua, não consigo provar cabidela. Não dá. Não é por motivos religiosos, mas só de olhar, engulha-se-me o estômago e não desce. E depois tenho outros tabus gastronómicos, como sendo o coelho, os pombos, os passarinhos, etc. Melhor dizendo, como explicava com ironia um ex-chefe meu, «não como nada abaixo da galinha».
Mas esta agora do bacalhau veio-me à memória e à reflexão, sobretudo porque é também representativa de um determinado grupo de jovenzinhos que pouco sabem da vida, mas gostam dizer que são «isto» ou «aquilo», fingindo adoptar um determinado estilo de vida, só para se darem ares. Fingindo, sim, porque se a pikena fosse mesmo vegetariana sabia que o bacalhau é tão peixe quanto os outros todos.
Mas se calhar esta também só come atum de lata…
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
O que muitos gostariam de fazer com uma certa comunicação social que não lhes preenche os egos
Mais uma pérola do Facebook. Volto ao tema das redes sociais para nos manter informados do que se vai passando em certos bastidores.
Há uns dias falou-se aqui de jornalismo e isenção.
Será esta a isenção que se pretende? Parece que sim...
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
A crise é de agora?
Esta é uma daquelas perguntas que todos fazemos quando vemos os «engravatados» a falar de forma tão convincente da «actual crise económica».
Ora ou sou eu que imagino, ou grande parte da minha vida me encheram os ouvidos com essa tal malfadada «crise».
E a prova está aqui. Depois de comprar mais três revistas antigas de culinária (sou coleccionadora acérrima) este fim-de-semana, eis que me deparo com mais um editorial estilo «últimos dias do mundo – crise e austeridade». E para que não pensem que é apenas imaginação minha, aqui ficam as «provas do crime».
Ora ou sou eu que imagino, ou grande parte da minha vida me encheram os ouvidos com essa tal malfadada «crise».
E a prova está aqui. Depois de comprar mais três revistas antigas de culinária (sou coleccionadora acérrima) este fim-de-semana, eis que me deparo com mais um editorial estilo «últimos dias do mundo – crise e austeridade». E para que não pensem que é apenas imaginação minha, aqui ficam as «provas do crime».
Comecemos então por uma das mais antigas revistas de culinária, «Banquete» que no seu Nº 154, de Dezembro de 1972, escrevia assim:
Temos depois o meu querido (e de todos os portugueses) Chefe Silva, que um dia, em Sesimbra, me ensinou o seu truque para um arroz doce perfeito, mas ou porque a aluna não tenha estado atenta, ou porque sobre tal sobremesa caia mesmo uma maldição a quem tem mão para qualquer doce, o certo é que o meu arroz doce continua a ficar duro e sensaborão. Mas é da crise que aqui falo, e vejamos o que diz o Chefe nesta edição da famosíssima «Teleculinária» Especial do Outono de 1983:
Este é apenas um pequeno exemplo de que ao longo das últimas décadas temos vivido sempre (ou quase sempre) sob esse fantasma da crise e da austeridade, pelo que pelas minhas contas 2012 não será diferente. Por isso, o melhor é mesmo ir rindo com as anedotas que nos são contadas todos os dias por esses comicos, perdão, políticos.
Última Nota: De notar que nos seus primeiros números, a directora da «Banquete», Maria Emília Cancella de Abreu, se limitava a fazer o elogio da mulher dona-de-casa, da forma de bem receber, etc.
Mas à medida que o tempo avançava, os temas tornavam-se bem diferentes, como este editorial da edição nº 15, de 1973, que aqui deixo sem quaisquer comentários meus. Uma «pérola» da propaganda política da altura.
Mas à medida que o tempo avançava, os temas tornavam-se bem diferentes, como este editorial da edição nº 15, de 1973, que aqui deixo sem quaisquer comentários meus. Uma «pérola» da propaganda política da altura.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Comeremos bolos?
Quando dizem aos governos que os portugueses não têm emprego, ordenam-lhes que emigrem.
sábado, 21 de janeiro de 2012
«Gosto»
Já aqui falei várias vezes do poder da Internet, da forma como podemos expressar ideias, conceitos, manter discussões, ou até ser usada por cobardes para tentarem denegrir pessoas (todos estarão recordados de uma certa ave de arribação que animou por um bocadinho a blogosfera local). Mas hoje escrevo também sobre um outro tipo de poder, o de aproximar pessoas. Claro que estou a falar de uma rede social, no caso o Facebook.
Quem de nós não encontrou lá pessoas com quem estudámos ou trabalhámos e não víamos há anos?
Mas, mais do que esse aspecto, há ainda um outro que, com um simples clique num botão virtual de Gosto, nos liga por vezes a centenas de pessoas que nunca conhecemos. E esse simples clique liga-nos também quase para sempre à vida de uma ou mais pessoas.
Quem de nós não encontrou lá pessoas com quem estudámos ou trabalhámos e não víamos há anos?
Mas, mais do que esse aspecto, há ainda um outro que, com um simples clique num botão virtual de Gosto, nos liga por vezes a centenas de pessoas que nunca conhecemos. E esse simples clique liga-nos também quase para sempre à vida de uma ou mais pessoas.
E é sobre esse que falo hoje.No Facebook liguei-me a uma página dedicada a todos os que gostam e possuem cães pastores-alemães. Ora esta sempre foi a minha raça favorita, e com o maluco do meu cão Belchior, pensei que ali iria aprender algumas coisas. Mas mais do que aprender, liguei-me a pessoas de todo o mundo, em especial dos EUA, de onde a página é originária, diverti-me a comentar fotos e a ler comentários sobre as minhas fotos.
Ontem, subitamente, tive mais do que aquilo que esperava. A criadora da página despediu-se de todos, dizendo que devido a lhe ter sido diagnosticado um cancro não irá conseguir manter a página.
A milhares de quilómetros dali, sofri com a doença desta pessoa que nunca vi, com quem troquei apenas algumas palavras em inglês sobre cães, e vi também uma enorme corrente de amizade entre todos os que durante os últimos meses acederam com um simples clique a uma página.
Para a Johanne, dos EUA, deixo hoje aqui estas palavras. Ontem, subitamente, tive mais do que aquilo que esperava. A criadora da página despediu-se de todos, dizendo que devido a lhe ter sido diagnosticado um cancro não irá conseguir manter a página.
A milhares de quilómetros dali, sofri com a doença desta pessoa que nunca vi, com quem troquei apenas algumas palavras em inglês sobre cães, e vi também uma enorme corrente de amizade entre todos os que durante os últimos meses acederam com um simples clique a uma página.
P.S. – Se por um lado sofremos por quem não conhecemos, também o fazemos por quem vamos conhecendo pessoalmente ao longo de meses. Ontem (quase parecia uma sexta-feira 13), ao fazer a distribuição do jornal em Fernão Ferro, entrei numa loja onde costumava sempre trocar dois dedos de conversa com a senhora que se encontrava ao balcão.
Há duas semanas que ali vejo uma outra senhora, esta de mais idade, e ontem perguntei-lhe o que era feito da pessoa que ali costumava estar. Quase com lágrimas nos olhos, explicou-me que tivera de a despedir, porque não conseguia ter um nível de negócio que lhe permitisse manter ali uma empregada. Confesso que sai do local com o estômago enrolado e com o dia estragado. Já se falou neste blogue na preocupação dos trabalhadores receberem um ordenado miserável, mas quantas pequenas empresas neste momento nem esse mísero valor conseguem pagar, lançando assim para a indignidade do desemprego centenas de pessoas?
Há duas semanas que ali vejo uma outra senhora, esta de mais idade, e ontem perguntei-lhe o que era feito da pessoa que ali costumava estar. Quase com lágrimas nos olhos, explicou-me que tivera de a despedir, porque não conseguia ter um nível de negócio que lhe permitisse manter ali uma empregada. Confesso que sai do local com o estômago enrolado e com o dia estragado. Já se falou neste blogue na preocupação dos trabalhadores receberem um ordenado miserável, mas quantas pequenas empresas neste momento nem esse mísero valor conseguem pagar, lançando assim para a indignidade do desemprego centenas de pessoas?
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Mentiras também são verdades?
Chamaram-me a atenção para um post colocado no blogue Seixal Sim, da autoria de Paulo Silva, em http://seixalsim.blogspot.com/2012/01/na-politica-nao-vale-tudo.html.
Já sabia que o seu autor andava com a minha pessoa e o meu jornal algo «entalado», tendo mesmo mandado alguns piropos através do seu jornal, se calhar à espera de resposta.
Mas como costumo dizer que comigo é cara a cara ou nada feito, fui ignorando.
Agora mandaram-me o link, mas como o que aqui é dito pelo Dr. Paulo Silva é uma rematada mentira, claro que não posso ficar calada.
Diz então o excelso autor que «Em Abril de 2010, um semanário local publicava em primeira página uma notícia com o título “Paulo Cunha processa Paulo Silva”. Confesso que fiquei surpreendido pela notícia, não tanto pelo seu conteúdo, mas mais porque esse semanário não tinha sequer me contactado para saber a minha versão sobre os factos, ouvindo apenas a versão da outra parte. Aprendi que um jornalista, para ser isento, devia de ouvir ambas as partes. Pelos vistos para esse semanário, apenas a versão de uma das partes interessava, o que demonstra o quão tendenciosa era a notícia, e que esse semanário, ao contrário do que apregoa, não é “independente”… Como nunca fui de me calar, quando tive hipótese, perguntei à directora desse jornal a razão porque não me tinham sequer ouvido, negando-me o direito à defesa. À falta de argumentos, a resposta foi um lacónico “critério jornalístico”. Que critério…»
Ora eu nunca falei pessoalmente como directora do tal semanário local com o Dr. Paulo Silva sobre este assunto para lhe ter explicado isso que ele diz que eu disse do «critério jornalistico». Mas como sou um bocado esquecida gostaria que ele me recordasse onde e quando é que isso foi falado entre ambos.
O tema foi sim abordado aqui mesmo no meu blogue, neste post http://janaoseinao.blogspot.com/2010/09/dossier-flamingo.html , vários meses depois da notícia ter sido publicada, onde o Dr. Paulo Silva me pediu explicações sobre o assunto e lhe expliquei «era indiscutível o seu direito à defesa, mas que poderia ter invocado o Direito de Resposta se assim o entendia. No entanto, todas as suas razões estavam muito bem explícitas nos seus artigos publicados (logo públicos), que foram devidamente referidos no artigo publicado pelo jornal».
Para os mais distraídos, o processo levantado foi feito com base em artigos publicados pelo Dr. Paulo Silva no seu jornal e no seu blogue. Logo públicos. E devidamente referenciados no artigo do jornal.
Pelos vistos, o Dr. Paulo Silva esperava ter sido entrevistado por nós para então explicar os motivos que o levaram a escrever esses mesmos artigos onde lançava acusações acerca dos membros das mesas de voto de uma freguesia.
Já agora, no mesmissimo post onde respondi, é curioso ver que o Dr. Paulo Silva tenha ficado tão incomodado pela insinuação que fiz sobre o seu jornal.
É pena que o Dr. Paulo Silva também não se recorde das constantes e frequentes insinuações que ele fez publicamente num órgão de soberania local como deputado municipal, insinuando que este ou aquele vereador ou deputado municipal era dono do MEU jornal, esquecendo-se sempre, mas sempre, que o seu jornal foi o largamente beneficiado em termos de publicidade institucional (em pleno ano de campanha eleitoral para as autárquicas) pela Câmara Municipal do Seixal, curiosamente do mesmo partido que o Dr. Paulo Silva defende enquanto deputado municipal na Assembleia Municipal.
Mas se calhar isso é que são critérios de independência...
P.S. - Já respondi também em comentário no blogue Seixal Sim, veremos o que responderá então o autor.
Já sabia que o seu autor andava com a minha pessoa e o meu jornal algo «entalado», tendo mesmo mandado alguns piropos através do seu jornal, se calhar à espera de resposta.
Mas como costumo dizer que comigo é cara a cara ou nada feito, fui ignorando.
Agora mandaram-me o link, mas como o que aqui é dito pelo Dr. Paulo Silva é uma rematada mentira, claro que não posso ficar calada.
Diz então o excelso autor que «Em Abril de 2010, um semanário local publicava em primeira página uma notícia com o título “Paulo Cunha processa Paulo Silva”. Confesso que fiquei surpreendido pela notícia, não tanto pelo seu conteúdo, mas mais porque esse semanário não tinha sequer me contactado para saber a minha versão sobre os factos, ouvindo apenas a versão da outra parte. Aprendi que um jornalista, para ser isento, devia de ouvir ambas as partes. Pelos vistos para esse semanário, apenas a versão de uma das partes interessava, o que demonstra o quão tendenciosa era a notícia, e que esse semanário, ao contrário do que apregoa, não é “independente”… Como nunca fui de me calar, quando tive hipótese, perguntei à directora desse jornal a razão porque não me tinham sequer ouvido, negando-me o direito à defesa. À falta de argumentos, a resposta foi um lacónico “critério jornalístico”. Que critério…»
Ora eu nunca falei pessoalmente como directora do tal semanário local com o Dr. Paulo Silva sobre este assunto para lhe ter explicado isso que ele diz que eu disse do «critério jornalistico». Mas como sou um bocado esquecida gostaria que ele me recordasse onde e quando é que isso foi falado entre ambos.
O tema foi sim abordado aqui mesmo no meu blogue, neste post http://janaoseinao.blogspot.com/2010/09/dossier-flamingo.html , vários meses depois da notícia ter sido publicada, onde o Dr. Paulo Silva me pediu explicações sobre o assunto e lhe expliquei «era indiscutível o seu direito à defesa, mas que poderia ter invocado o Direito de Resposta se assim o entendia. No entanto, todas as suas razões estavam muito bem explícitas nos seus artigos publicados (logo públicos), que foram devidamente referidos no artigo publicado pelo jornal».
Para os mais distraídos, o processo levantado foi feito com base em artigos publicados pelo Dr. Paulo Silva no seu jornal e no seu blogue. Logo públicos. E devidamente referenciados no artigo do jornal.
Pelos vistos, o Dr. Paulo Silva esperava ter sido entrevistado por nós para então explicar os motivos que o levaram a escrever esses mesmos artigos onde lançava acusações acerca dos membros das mesas de voto de uma freguesia.
Já agora, no mesmissimo post onde respondi, é curioso ver que o Dr. Paulo Silva tenha ficado tão incomodado pela insinuação que fiz sobre o seu jornal.
É pena que o Dr. Paulo Silva também não se recorde das constantes e frequentes insinuações que ele fez publicamente num órgão de soberania local como deputado municipal, insinuando que este ou aquele vereador ou deputado municipal era dono do MEU jornal, esquecendo-se sempre, mas sempre, que o seu jornal foi o largamente beneficiado em termos de publicidade institucional (em pleno ano de campanha eleitoral para as autárquicas) pela Câmara Municipal do Seixal, curiosamente do mesmo partido que o Dr. Paulo Silva defende enquanto deputado municipal na Assembleia Municipal.
Mas se calhar isso é que são critérios de independência...
P.S. - Já respondi também em comentário no blogue Seixal Sim, veremos o que responderá então o autor.
sábado, 14 de janeiro de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
A propósito...
Não podia vir mais a propósito este texto, quando as televisões gastam centenas de minutos do seu tempo a falar de coisas como Maçonaria...
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Não há direito!
Não vou tecer comentários. Não vou. Deixo só aqui este texto que me enviaram por email, para que possamos reflectir sobre este assunto.
É perfeitamente constitucional confiscar sem indemnização os rendimentos das pessoas.
Texto do Prof. Luis Menezes Leitão, da Faculdade de Direito de Lisboa
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«Fico perfeitamente siderado quando vejo constitucionalistas a dizer que não há qualquer problema constitucional em decretar uma redução de salários na função pública. Obviamente que o facto de muitos dos visados por essa medida ficarem insolventes e, como se viu na Roménia, até ocorrerem suicídios, é apenas um pormenor sem importância. De facto, nessa perspectiva a Constituição tudo permite.
É igualmente constitucional o Estado decretar unilateralmente a extinção das suas obrigações apenas em relação a alguns dos seus credores, escolhendo naturalmente os mais frágeis. E finalmente é constitucional que as necessidades financeiras do Estado sejam cobertas aumentando os encargos apenas sobre uma categoria de cidadãos.
Tudo isto é de uma constitucionalidade cristalina. Resta acrescentar apenas que provavelmente se estará a falar, não da Constituição Portuguesa, mas da Constituição da Coreia do Norte.
É por isso que neste momento tenho vontade de recordar Marcello Caetano, não apenas o último Presidente do Conselho do Estado Novo, mas também o prestigiado fundador da escola de Direito Público de Lisboa. No seu Manual de Direito Administrativo, II, 1980, p. 759, deixou escrito que uma redução de vencimentos "importaria para o funcionário uma degradação ou baixa de posto que só se concebe como grave sanção penal". Bem pode assim a Constituição de 1976 proclamar no seu preâmbulo que "o Movimento das Forças Armadas [...) derrubou o regime fascista".
Na perspectiva de alguns constitucionalistas, acabou por consagrar um regime constitucional que permite livremente atentar contra os direitos das pessoas de uma forma que repugnaria até ao último Presidente do Estado Novo.
Diz o povo que "atrás de mim virá quem de mim bom fará".
Se no sítio onde estiver, Marcello Caetano pudesse olhar para o estado a que deixaram chegar o regime constitucional que o substituiu, não deixaria de rir a bom rir com a situação.»
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Salvar ovelhas
Já me têm acontecido algumas coisas giras, outras dramáticas, mas pela primeira vez na vida tive um encontro com uma ovelhinha.
Sendo filha de um pastor que veio cedo para a cidade, nunca tinha pegado ao colo em nenhuma, só avistado ao longe, embora nunca tenha dito, como a senhora de uma anedota que ouvia em miúda e que tinha saído da aldeia para a cidade que ao chegar à casa de seus pais perguntava aos mesmos se aquilo que via pelos campos eram «cabrias»…
Tudo aconteceu uma destas tardes, enquanto vinha a conduzir do Barreiro para o Seixal.
Ao chegar ali a Coina apercebi-me que alguma coisa não estava bem, porque os carros iam parando. Olhei para a estrada e vi o que me parecia um caniche, branquinho. Mas um outro olhar e apercebi-me de que era uma ovelhinha, ainda com um resíduo do cordão umbilical.
Claro que me “passei” e encostei o carro logo ali. Com a ajuda de várias pessoas que também iam saindo dos carros para ver a pequenita que corria pela estrada, lá a empurrámos até perto de um camião, comigo no meio da estrada a gritar ao condutor para não avançar, e consegui agarrá-la. Fiquei impressionada com a sua meiguice.
Meti-a no carro e levei-a então para junto de uma entrada para um curral que se vê da estrada. Ali perguntei a um dos funcionários que estão a construir a ponte da via do IC32 se havia alguma entrada para junto dos animais, ao que ele me respondeu que não.
Confuso com o que eu lhe dizia, lá lhe fui explicando que a bichinha tinha feito parar o trânsito uns metros adiante e que eu pretendia reuni-la com a família. A solução passava por ele baixar um pouco a rede protectora do terreno e eu colocar lá o animal.
Lá fui então ao carro buscá-la, e aí é que foram elas. É que o pessoal que estava a trabalhar na obra, quando me viu com a ovelhita ao colo, fartou-se de me gritar para não a levar para o terreno e deixá-la ali mesmo, para o tacho.
Com muito cuidado, o senhor lá baixou a rede e colocou a pequenina dentro do terreno. Ela correu um bocado, mas depois tentou voltar à estrada, impedida pela rede. Parecia-me que se tinha zangado com alguma ovelha, ou à boa moda de uma jovenzinha, já se rebelava com o futuro que a esperava de ovelha.
Sendo filha de um pastor que veio cedo para a cidade, nunca tinha pegado ao colo em nenhuma, só avistado ao longe, embora nunca tenha dito, como a senhora de uma anedota que ouvia em miúda e que tinha saído da aldeia para a cidade que ao chegar à casa de seus pais perguntava aos mesmos se aquilo que via pelos campos eram «cabrias»…
Tudo aconteceu uma destas tardes, enquanto vinha a conduzir do Barreiro para o Seixal.
Ao chegar ali a Coina apercebi-me que alguma coisa não estava bem, porque os carros iam parando. Olhei para a estrada e vi o que me parecia um caniche, branquinho. Mas um outro olhar e apercebi-me de que era uma ovelhinha, ainda com um resíduo do cordão umbilical.
Claro que me “passei” e encostei o carro logo ali. Com a ajuda de várias pessoas que também iam saindo dos carros para ver a pequenita que corria pela estrada, lá a empurrámos até perto de um camião, comigo no meio da estrada a gritar ao condutor para não avançar, e consegui agarrá-la. Fiquei impressionada com a sua meiguice.
Meti-a no carro e levei-a então para junto de uma entrada para um curral que se vê da estrada. Ali perguntei a um dos funcionários que estão a construir a ponte da via do IC32 se havia alguma entrada para junto dos animais, ao que ele me respondeu que não.
Confuso com o que eu lhe dizia, lá lhe fui explicando que a bichinha tinha feito parar o trânsito uns metros adiante e que eu pretendia reuni-la com a família. A solução passava por ele baixar um pouco a rede protectora do terreno e eu colocar lá o animal.
Lá fui então ao carro buscá-la, e aí é que foram elas. É que o pessoal que estava a trabalhar na obra, quando me viu com a ovelhita ao colo, fartou-se de me gritar para não a levar para o terreno e deixá-la ali mesmo, para o tacho.
Com muito cuidado, o senhor lá baixou a rede e colocou a pequenina dentro do terreno. Ela correu um bocado, mas depois tentou voltar à estrada, impedida pela rede. Parecia-me que se tinha zangado com alguma ovelha, ou à boa moda de uma jovenzinha, já se rebelava com o futuro que a esperava de ovelha.
Alguma coisa me diz, que se esta ovelha não fosse branca, seria mesmo uma «ovelha negra» e teimosa.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
«O cão de Sócrates»
Volto hoje a uma dica sobre um livro, que não é recente mas que só agora consegui na Biblioteca Municipal do Seixal. Trata-se de «O cão de Sócrates» do autor António Ribeiro (pseudónimo). E também para não dizerem que só falo mal dos mesmos.
Fica só um pequeno conselho: não ler este livro a altas horas da noite, ou correm o risco de ter de enfiar a cabeça debaixo da almofada ou terem os vizinhos a reclamar batendo com um pau no tecto. É que provoca enormes gargalhadas!
«Eu estava a adorar estas sessões de corrida matinal com o meu dono, até que de um dia para o outro, tudo acabou. O sr. Primeiro-ministro deixou de me ir chamar de manhã cedo para correr e recomeçou a correr sozinho. Porquê?
Um dossiê de imprensa analisava a quantidade de notícias publicadas e os tempos de antena televisivos sobre o meu dono e a sua corrida matinal comigo e chegava à conclusão que em cada 10 notícias sobre a corrida, 8 eram sobre mim. Ou seja, os jornalistas esqueciam-se do meu dono e viravam a sua atenção para mim. Resultado: acabaram-se as minhas corridas.
Agora o meu dono corre cada vez menos. E cada vez que corre, corre sozinho. Não admira. Com a crise que vai neste país, os portugueses estão a ficar cada vez mais anémicose, como todos sabemos, a anemia é incompatível com o exercício físico.
A imprensa também nunca mais quis saber do seu jogging matinal e é muito bem feito!
Cada um tem o que merece.
Aliás, dado o actual estado do país, aposto que a grande maioria dos portugueses gostaria de correr com o meu dono... não ao seu lado, mas do lugar de primeiro-ministro.»
Fica só um pequeno conselho: não ler este livro a altas horas da noite, ou correm o risco de ter de enfiar a cabeça debaixo da almofada ou terem os vizinhos a reclamar batendo com um pau no tecto. É que provoca enormes gargalhadas!
«Eu estava a adorar estas sessões de corrida matinal com o meu dono, até que de um dia para o outro, tudo acabou. O sr. Primeiro-ministro deixou de me ir chamar de manhã cedo para correr e recomeçou a correr sozinho. Porquê?
Um dossiê de imprensa analisava a quantidade de notícias publicadas e os tempos de antena televisivos sobre o meu dono e a sua corrida matinal comigo e chegava à conclusão que em cada 10 notícias sobre a corrida, 8 eram sobre mim. Ou seja, os jornalistas esqueciam-se do meu dono e viravam a sua atenção para mim. Resultado: acabaram-se as minhas corridas.
Agora o meu dono corre cada vez menos. E cada vez que corre, corre sozinho. Não admira. Com a crise que vai neste país, os portugueses estão a ficar cada vez mais anémicose, como todos sabemos, a anemia é incompatível com o exercício físico.
A imprensa também nunca mais quis saber do seu jogging matinal e é muito bem feito!
Cada um tem o que merece.
Aliás, dado o actual estado do país, aposto que a grande maioria dos portugueses gostaria de correr com o meu dono... não ao seu lado, mas do lugar de primeiro-ministro.»
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Em 2012 como no passado...
«Olhai em redor, e vede este formoso torrão de Portugal, que vós jurásteis defender e fazer prosperar; olhai e dizei-me se sois dignos de estar nesses bancos uma hora mais: por toda a parte o esbanjamento da fazenda pública, por toda a parte o patrocínio primando o mérito.
A escola, essa fonte pública, seca de instrução; as férteis campinas desoladas; as estradas que prometeis cobertas de pedregulhos e das lamas da incúria; as cadeias, esses depósitos do mal, transbordando e o pobre camponês que sucumbe ao peso dos impostos, regando com lágrimas o grão que lhe dá um solo desolado. »
E dizia o «Estandarte»: «um ministério que assim procede, inspira um nojo genérico. Este governo não há-de cair, porque não é um edifício. Tem de sair com benzina, porque é uma nódoa!»
A escola, essa fonte pública, seca de instrução; as férteis campinas desoladas; as estradas que prometeis cobertas de pedregulhos e das lamas da incúria; as cadeias, esses depósitos do mal, transbordando e o pobre camponês que sucumbe ao peso dos impostos, regando com lágrimas o grão que lhe dá um solo desolado. »
E dizia o «Estandarte»: «um ministério que assim procede, inspira um nojo genérico. Este governo não há-de cair, porque não é um edifício. Tem de sair com benzina, porque é uma nódoa!»
O Conde de Abranhos , Eça de Queiroz, claro.
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