sábado, 21 de janeiro de 2012

«Gosto»

Já aqui falei várias vezes do poder da Internet, da forma como podemos expressar ideias, conceitos, manter discussões, ou até ser usada por cobardes para tentarem denegrir pessoas (todos estarão recordados de uma certa ave de arribação que animou por um bocadinho a blogosfera local). Mas hoje escrevo também sobre um outro tipo de poder, o de aproximar pessoas. Claro que estou a falar de uma rede social, no caso o Facebook.
Quem de nós não encontrou lá pessoas com quem estudámos ou trabalhámos e não víamos há anos?
Mas, mais do que esse aspecto, há ainda um outro que, com um simples clique num botão virtual de Gosto, nos liga por vezes a centenas de pessoas que nunca conhecemos. E esse simples clique liga-nos também quase para sempre à vida de uma ou mais pessoas.

E é sobre esse que falo hoje.No Facebook liguei-me a uma página dedicada a todos os que gostam e possuem cães pastores-alemães. Ora esta sempre foi a minha raça favorita, e com o maluco do meu cão Belchior, pensei que ali iria aprender algumas coisas. Mas mais do que aprender, liguei-me a pessoas de todo o mundo, em especial dos EUA, de onde a página é originária, diverti-me a comentar fotos e a ler comentários sobre as minhas fotos.
O
ntem, subitamente, tive mais do que aquilo que esperava. A criadora da página despediu-se de todos, dizendo que devido a lhe ter sido diagnosticado um cancro não irá conseguir manter a página.
A
milhares de quilómetros dali, sofri com a doença desta pessoa que nunca vi, com quem troquei apenas algumas palavras em inglês sobre cães, e vi também uma enorme corrente de amizade entre todos os que durante os últimos meses acederam com um simples clique a uma página.
Para a Johanne, dos EUA, deixo hoje aqui estas palavras.

P.S. – Se por um lado sofremos por quem não conhecemos, também o fazemos por quem vamos conhecendo pessoalmente ao longo de meses. Ontem (quase parecia uma sexta-feira 13), ao fazer a distribuição do jornal em Fernão Ferro, entrei numa loja onde costumava sempre trocar dois dedos de conversa com a senhora que se encontrava ao balcão.
H
á duas semanas que ali vejo uma outra senhora, esta de mais idade, e ontem perguntei-lhe o que era feito da pessoa que ali costumava estar. Quase com lágrimas nos olhos, explicou-me que tivera de a despedir, porque não conseguia ter um nível de negócio que lhe permitisse manter ali uma empregada. Confesso que sai do local com o estômago enrolado e com o dia estragado. Já se falou neste blogue na preocupação dos trabalhadores receberem um ordenado miserável, mas quantas pequenas empresas neste momento nem esse mísero valor conseguem pagar, lançando assim para a indignidade do desemprego centenas de pessoas?

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