Sendo filha de um pastor que veio cedo para a cidade, nunca tinha pegado ao colo em nenhuma, só avistado ao longe, embora nunca tenha dito, como a senhora de uma anedota que ouvia em miúda e que tinha saído da aldeia para a cidade que ao chegar à casa de seus pais perguntava aos mesmos se aquilo que via pelos campos eram «cabrias»…
Tudo aconteceu uma destas tardes, enquanto vinha a conduzir do Barreiro para o Seixal.
Ao chegar ali a Coina apercebi-me que alguma coisa não estava bem, porque os carros iam parando. Olhei para a estrada e vi o que me parecia um caniche, branquinho. Mas um outro olhar e apercebi-me de que era uma ovelhinha, ainda com um resíduo do cordão umbilical.
Claro que me “passei” e encostei o carro logo ali. Com a ajuda de várias pessoas que também iam saindo dos carros para ver a pequenita que corria pela estrada, lá a empurrámos até perto de um camião, comigo no meio da estrada a gritar ao condutor para não avançar, e consegui agarrá-la. Fiquei impressionada com a sua meiguice.
Meti-a no carro e levei-a então para junto de uma entrada para um curral que se vê da estrada. Ali perguntei a um dos funcionários que estão a construir a ponte da via do IC32 se havia alguma entrada para junto dos animais, ao que ele me respondeu que não.
Confuso com o que eu lhe dizia, lá lhe fui explicando que a bichinha tinha feito parar o trânsito uns metros adiante e que eu pretendia reuni-la com a família. A solução passava por ele baixar um pouco a rede protectora do terreno e eu colocar lá o animal.
Lá fui então ao carro buscá-la, e aí é que foram elas. É que o pessoal que estava a trabalhar na obra, quando me viu com a ovelhita ao colo, fartou-se de me gritar para não a levar para o terreno e deixá-la ali mesmo, para o tacho.
Com muito cuidado, o senhor lá baixou a rede e colocou a pequenina dentro do terreno. Ela correu um bocado, mas depois tentou voltar à estrada, impedida pela rede. Parecia-me que se tinha zangado com alguma ovelha, ou à boa moda de uma jovenzinha, já se rebelava com o futuro que a esperava de ovelha.
Alguma coisa me diz, que se esta ovelha não fosse branca, seria mesmo uma «ovelha negra» e teimosa.
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