sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Salvar ovelhas

Já me têm acontecido algumas coisas giras, outras dramáticas, mas pela primeira vez na vida tive um encontro com uma ovelhinha.
Sendo filha de um pastor que veio cedo para a cidade, nunca tinha pegado ao colo em nenhuma, só avistado ao longe, embora nunca tenha dito, como a senhora de uma anedota que ouvia em miúda e que tinha saído da aldeia para a cidade que ao chegar à casa de seus pais perguntava aos mesmos se aquilo que via pelos campos eram «cabrias»…
Tudo aconteceu uma destas tardes, enquanto vinha a conduzir do Barreiro para o Seixal.
Ao chegar ali a Coina apercebi-me que alguma coisa não estava bem, porque os carros iam parando. Olhei para a estrada e vi o que me parecia um caniche, branquinho. Mas um outro olhar e apercebi-me de que era uma ovelhinha, ainda com um resíduo do cordão umbilical.
Claro que me “passei” e encostei o carro logo ali. Com a ajuda de várias pessoas que também iam saindo dos carros para ver a pequenita que corria pela estrada, lá a empurrámos até perto de um camião, comigo no meio da estrada a gritar ao condutor para não avançar, e consegui agarrá-la. Fiquei impressionada com a sua meiguice.
Meti-a no carro e levei-a então para junto de uma entrada para um curral que se vê da estrada. Ali perguntei  a um dos funcionários que estão a construir a ponte da via do IC32 se havia alguma entrada para junto dos animais, ao que ele me respondeu que não.
Confuso com o que eu lhe dizia, lá lhe fui explicando que a bichinha tinha feito parar o trânsito uns metros adiante e que eu pretendia reuni-la com a família. A solução passava por ele baixar um pouco a rede protectora do terreno e eu colocar lá o animal.
Lá fui então ao carro buscá-la, e aí é que foram elas. É que o pessoal que estava a trabalhar na obra, quando me viu com a ovelhita ao colo, fartou-se de me gritar para não a levar para o terreno e deixá-la ali mesmo, para o tacho.
Com muito cuidado, o senhor lá baixou a rede e colocou a pequenina dentro do terreno. Ela correu um bocado, mas depois tentou voltar à estrada, impedida pela rede. Parecia-me que se tinha zangado com alguma ovelha, ou à boa moda de uma jovenzinha, já se rebelava com o futuro que a esperava de ovelha.
Alguma coisa me diz, que se esta ovelha não fosse branca, seria mesmo uma «ovelha negra» e teimosa.

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