Agora que o Natal já acabou e o Ano Novo começou, é altura de voltar «à vaca fria».
E volto com algo que encontrei no site Clube de Jornalistas, a análise do Diário de Noticias de 2009 (um excerto):
Estado de sítio continua cá na aldeia - Fechamos mais um ano conformados com a fatalidade: Portugal, um país dois sistemas
Data: 27-12-2009
A ERC foi chamada a São Bento e o falatório é ensurdecedor e ininterrupto.
O que arde, por acção criminosa de quemanda, é a lealdade na concorrência entre jornais, tendo em vista não propriamente melhorar o periódico beneficiado - o JM - mas acima de tudo inviabilizar a existência daquele que insiste em participar no mercado sem dependências.
Nos dias anteriores ao Natal, o presidente da ERC esteve na Comissão de Ética da Assembleia da República, para responder a questões sobre a distribuição de publicidade oficial aos media.
Sobre a escandalosa situação vigente na Madeira, Azeredo Lopes preferiu despachar o assunto para a jurisdição da Autoridade da Concorrência.
Como se a concorrência desleal não implicasse com a regulação na Comunicação Social. Azeredo sabe da prática continuada das distorções na Região ao nível da concorrência, favoráveis ao Jornal da Madeira, detido em mais de 90% pela RAM/governo regional. Sabe que o chefe do governo regional mandou cortar toda a publicidade ao Diário de Notícias além das 400 assinaturas de organismos públicos, indo ao ponto de, em inaugurações oficiais e comícios partidários, pressionar assinantes e anunciantes do DN.
Sabe que o JM, que gasta 4,5 milhões do erário e continua inviável, recebe toda a publicidade institucional. Sabe que o chefe do governo mandou gastar mais dinheiro público para passar o JM a gratuito e triplicar a tiragem para 15 mil exemplares - medidas que evidentemente não se destinam a melhorar o JM mas sim a asfixiar a outra imprensa. Sabe-o Azeredo Lopes e sabe-o o Presidente da República. Para abreviar, toda a Lisboa o sabe.
A queixa a denunciar a pavorosa situação está no site 'dnoticias.pt'.
Mas, para evitar maçadas, foram enviadas cópias de consulta muito prática a todas as entidades nacionais, além das que seguiram para a Europa.
A falsificação do mercado e o desvirtuamento da concorrência na imprensa da Madeira estão patentes, diante dos olhos de quem se devia interessar pelo problema.
Mas cada entidade descarta responsabilidades para a mais próxima, com desculpas pusilânimes. Durante todo o ano se falou aqui do abismo para onde caminha perigosamente a imprensa madeirense, porque os situacionismos não são eternos.
A política de terra queimada neste campo pode vencer - outro não é o desejo dos que inventaram a incrível situação que os jornais vivem na Região.
Será que agora irei ter aqui também comentários de determinadas pessoas a criticar a acção do Alberto João Jardim, da censura e da situação por este praticada?
Fico a aguardar.
4 comentários:
Cara Carmo Torres,
Creio que é um grande significado de hipocrisia ou desonestidade vir sublinhar que se é um jornal "que insiste em participar no mercado sem dependências" mas que depois assumir que se é dependente das verbas que lhe são disponibilizadas pelos edis.
Tenho dito.
Caro J.S. Teixeira
Nunca em tempo algum disse que o jornal que dirigo é dependente de subsidios, até porque no nosso a autarquia não investe desde 24 de Abril de 2009 (tempo mais do que suficiente para qualquer jornal fechar se estivesse subsidiodependente).
Sobre hipocrisia e desonestidade, a conversa seria bem mais longa.
O que sugeri apenas foi um comentário à situação.
Não o conseguiu fazer, porque qualquer comentário sobre este assunto se reflectiria sem dúvida na situação que ocorre no Seixal.
Cumprimentos
Cara Carmo Torres,
Já não me espanta ler comentários como o que foi aqui assinado por J.S.Teixeira.
Realmente, a unica coisa a dizer neste caso é que o pior cego é aquele que não quer ver. Mas enfim, também cada um é como cada qual.
O que é uma realidade é que pessoas como ele um dia perceberão que nem todos têm vendas nos olhos.
Da minha parte, quero dar-lhe os parabéns pelo seu texto e pela isenção que demonstra em cada edição do seu jornal.
É e será sempre muito difícil manter essa postura, por tudo aquilo que tem vindo a referir nos seus textos, e num concelho onde a democracia é apenas um verbo de encher.
Tenha a força, com a sua equipa, para continuar sem se vergar.
Um dia a justiça prevelecerá.
Caro M.
Tenho por hábito responder a todos os comentários, acho que é uma questão de educação para quem perde um pouco do seu tempo a dar atenção ao que escrevemos, e por isso as minhas desculpas por ter demorado tanto tempo.
Tive ocasião de responder também no blogue Flamingo a esta questão.
Mas por vezes acho que é uma perda de tempo, porque realmente o pior cego é aquele que não quer ver.
Que se defenda um ideal é de louvar, mas que se considere que tudo o que saia fora disso é hipócrita e desonesto apenas demonstra uma enorme falta de carácter, de democracia e de formação cívica.
O meu muito obrigado pelo seu comentário, e termino com a frase célebre do poeta (com uma pequena alteração:
«Serei tudo o que disserem: Jornalista castrado, não!!!»
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