Ao chegar aos 39 anos de idade, é altura para reflectir em alguns pontos da nossa vida. Um deles é o facto de, segundo algumas pessoas, não ter ainda cumprido o meu papel como mulher, ou seja, ser mãe.
Vem isto a propósito do novo desafio que lançámos no jornal «Comércio» sobre os direitos das crianças, a par com o advogado e vereador Paulo Edson Cunha. E já agora, também, amigo desde o primeiro dia do jornal.
Confesso que gostaria de ser mãe, mas houve sempre a velha desculpa da falta de tempo, minha e do meu companheiro. Depois, a situação económica também nunca ajudou por aí além. E eis que assim chego a uma idade onde é quase impossível realizar esse acto até, infelizmente, por questões de saúde.
Mas por vezes a vida também nos dá algumas coisas boas.
E isso tem sido conhecer algumas crianças muito especiais, filhos de amigos meus, com quem tenho, ou tive, ligações também muito especiais (e aqui para nós, sem os lados menos positivos da maternidade, se é que me faço entender).
E uma delas é, sem dúvida, ter conhecido um miúdo maravilhoso que hoje é o meu afilhado. Das suas atitudes, dos seus gestos de enorme carinho para com todos os que o rodeiam, da sua humildade enquanto criança, tiro eu todos os dias maravilhosas lições de vida.
Um sorriso dele, e tenho o dia ganho.
Vem isto a propósito também de outras crianças, essas para quem um sorriso é algo quase desconhecido. Essas a quem as suas acções não iluminam o dia de ninguém, porque não têm quem para elas olhe.
Pensar no Dia da Criança, mais do que celebrar as crianças felizes que vemos com os pais, é lembrar também as crianças para quem a vida é madrasta desde os primeiros tempos.
As crianças que não tiveram o direito de o ser, outras que, por o serem, são castigadas por aqueles que as deviam defender.
Outras simplesmente porque não se sabem defender contra os que julgam ser seus amigos ou protectores.
São para essas crianças que se deve reflectir o Dia da Criança, para aquelas que não têm voz nos dias que passam, para aquelas que sofrem, para aquelas a quem é necessário estender a mão.
E se, apesar de ser apenas uma gota num imenso oceano, essa ajuda poder ser dada através da palavra escrita, então que o ser Jornalista e o ser um Jornal, sirva para tal.
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