Foto: Museu das Aldeias em Relva.
Este fim-de-semana andei pelas fraldas das serras, até Cernache do Bonjardim (a terra que tem duas formas de se escrever – com S se for apenas Sernache e com C se for acompanhada do Bonjardim, mas não me perguntem porquê).
Ali visitei uma mostra dedicada a D. Nuno Álvares Pereira, singela mas muito completa com tudo o que de melhor a freguesia tem em termos de negócios, e também com a presença de empresas de todo o país.
Mas o que me leva a escrever aqui são alguns dos bons momentos ali vividos nestes dois dias. Para além de estar numa casa com uma enorme horta, ouvir os pássaros quando ali à beira passa a estrada nacional, ainda podia dar-me ao luxo de provar uma fruta como há muito não comia, (mal) habituada a esta que se vende pelos supermercados.
Doce, pura, com um gosto que só mesmo provando.
Que maior prazer pode haver do que estar sentada sob uma latada, a ler o meu querido Eça (precisamente o livro que dá nome a esta crónica e que comecei a re-re-re-re-ler sem saber que iria para tais paragens) e estender a mão para colher uvas brancas, doces e frescas de terem acabado de ser regadas?
Ou ainda levantar-me nesta manhã de domingo, descer o quintal e comer figos apanhados da árvore, frescos do orvalho da noite?
Ou terminar uma refeição e sair para apanhar pêssegos coração de boi ou maçãs bravo-esmorfe que refrescavam na pia do quintal?
Nada.
Aproveitei também para umas visitas, ao antigo Hotel da Foz da Sertã, mais um dos que foi criado noutra época para ser destruído noutra que se lhe seguiu, à capela de S. Macário, que da estrada nacional parece ser quase inacessível e de onde se tem uma maravilhosa vista de montes e vales, com o Zêzere ali aninhado, ao Trizio, um espaço de lazer no dito rio, onde nem pude parar tal era o número de pessoas que procuravam aquele espaço.
E hoje mais uma descoberta do que de melhor há em Portugal.
O Museu das Aldeias, na Relva – Vila de Rei, criado por Aniceto da Silva Nunes em 1995 numa casa que remonta a 1700.
Só vou dizer que espantou esta jornalista que já viu um pouco de tudo.
E espantou-me não só pelo que de belo este museu tem, como também porque em 39 anos, nunca tinha ouvido falar dele.
Seria preciso muito tempo para descrever este MUSEU, por isso deixo aqui o link http://www.museudasaldeias.com/
Vi também muita área ardida mas compreendi que Portugal ainda tem um enormíssimo manto verde, e vi que a Natureza tem um fantástico poder de recuperação.
O almoço, em Vila de Rei, foi um simples polvo à lagareiro com batata a murro e as migas de nabiças com feijão. Uma delícia. O restaurante é a Churrasqueira mesmo ao lado do renovado Mercado Municipal.
E preparo-me para voltar amanhã para aquilo que alguns ainda chamam «civilização».
Sem comentários:
Enviar um comentário