quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os nus e os outros

Ontem tive de ir à Segurança Social de Amora para entregar um contrato de trabalho (situação recorrente, porque ao contrário de certa gentalha que por aí anda de peito enfunado, mas não paga e muito menos contrata os empregados, no meu caso, e apesar do esforço que isso significa, todas as pessoas têm os seus direitos garantidos. Mas são opções, e pelos vistos muito bem cotadas na «Bolsa» aqui do Seixal...).
Acontece que normalmente uma visita áquele espaço é um pesadelo.
Ontem foi uma tortura. Fui de manhã tirar a senha C – Contribuintes. Eram 11h20.
A minha senha era o 23. Normal, não fosse que no placard me informassem que só tinham ainda sido atendidas SEIS pessoas. Num espaço que abre às 9h00 da manhã!
Pergunto, o que esteve a senhora responsável a fazer toda a manhã? O mesmo que fez quando me atendeu: demorou quase dois minutos a colocar um simples agrafo em folhas...
Isto para não falar no calor intenso que se sentia. Cá fora, mesmo com muito vento, sempre se estava melhor, encostados à parede, e quem esperava ia carpindo as suas mágoas de tanto tempo de espera. Havia pessoas que tinham tirado a senha pouco depois das 9h00 e eram o 180!!! No entanto, ninguém se disponibilizou a pedir o livrinho, sabem, o Livro de Reclamações. Quando falei nisso, a resposta veio pronta: «Para quê? Eles deitam tudo fora, nem ligam. E depois ainda me anulavam o pedido...»
Sem comentários.
Mas milagre dos milagres. Eis que se aproximam as 16h00, e se as senhas iam no 77 saltam alegremente até ao 111 em apenas cerca de dez minutos. Por muito desespero, não acredito que tenha desistido tanta gente. Será que a hora da saída se aproxima e se apressam os serviços?
Os mesmos serviços e funcionários que dias antes, quando a minha mãe ali esteve, interromperam o serviço durante mais de uma hora, cerca das 10h30, até que as pessoas começaram a ameaçar que iam tomar outras medidas se não voltassem a atender.
Ali mesmo ao lado, uma cigana dizia ufana para outra: sabes, agora já tenho a casa paga, mas tenho de pedir mais porque o meu filho entrou para a escola... ao telefone com uma funcionária, uma brasileira gritava porque não lhe queriam dar o subsidio de parto, enquanto a funcionária lhe explicava vezes sem conta que sem o documento de residência não podia requerer o subsidio. Espantoso mesmo é ver naquele espaço portugueses... mas eu é que sou racista.

Na outra ponta da escala, e porque isto não é só dizer mal, há que dar aleluias pelo novo espaço das Finanças do Seixal (outro local da minha devoção, onde vou várias vezes, exactamente pelos mesmos motivos que expliquei antes). Se antes para pedirmos uma simples explicação eram horas, agora são apenas alguns minutos de espera, e ainda o podemos fazer sentados.
Não sei se o novo espaço trouxe um novo ânimo aos funcionários, mas o que é certo é que as coisas estão bem diferentes.
Haja ao menos alguma alegria no meio da escuridão em que vivemos.

2 comentários:

J.S. Teixeira disse...

Estou de volta, corrosivo como sempre, trazendo de volta a bandeira da verdade e da transparência à blogosfera do Seixal. Todos vocês sabem onde estou mas para os mais esquecidos venham por aqui.

Tenho dito.

Carmo Torres disse...

Bem vindo de volta.
Como se diz na minha terra, quem não deve não teme.