Num ano em que Portugal viu uma enorme área florestal ardida, um flagelo que o Seixal também sofreu, deveria pensar-se que as autoridades ficassem satisfeitas com o facto das pessoas estarem alertas para certas situações e as denunciassem ou para elas alertassem quem de direito.
Pois devia.
Mas a realidade não é bem assim.
Ou então, não é aos cidadãos que falta a formação mas sim a alguns membros das tais autoridades.
Senão vejamos: contaram-me que hoje uma pessoa em Fernão Ferro detectou um foco de incêndio em mata, junto à antiga fábrica do Pavil, zona do concelho que tem sofrido bastante com este flagelo.
Como cidadão consciente que é, ligou de imediato para o número de emergência e informou do que se passava, bem como do facto de ter visto um indivíduo a sair do local.
Mais tarde, já em casa, o som de sirenes deixou-o alertado e entendeu que devia ir ver o que se passava. Chegado ao local, e com o espírito de jornalista que muitos têm, puxou da máquina para fotografar a acção das forças no local.
Logo foi disso impedido por um membro da GNR, que lhe disse que não podia fotografar o que ali acontecia.
Explicando que até tinha sido ele a dar conta do incêndio, eis que ouve algo como isto:
“Não sei porque é que tiveram de chamar as autoridades para um simples colchão a arder! Já viu a quantidade de homens que aqui está?”.
Este cidadão ficou perplexo.
Então, se vir um foco de incêndio em mata, com um suspeito a sair do local o que se deve fazer?
Parar o carro, ir ver o que está a arder e só depois chamar as autoridades? E se o fogo for pequeno, devemos ser nós a apagá-lo para não incomodar Bombeiros e forças policiais?
É óbvio que terá respondido à letra, mas mesmo assim fica um amargo de boca de ouvir um “agente da autoridade” lamentar assim que um cidadão cumpra a sua obrigação, evitando que mais área tenha ardido ou até, quem sabe, casas ou vidas humanas tenham sido perdidas.
Era um colchão a arder, mas com o tempo seco que tem estado (ou estava até à pouco, agora chove e bem), não ficaria a arder apenas por ali.
É mesmo caso para dizer: “Que falta de formação, senhores!”.
3 comentários:
Não sei se o caso que relata aconteceu na mesma zona de pinhal que ardeu há pouco tempo em Fernão Ferro, mas este caso deixa sérias interrogações como esta por exemplo: como é que foi possível ter ocorrido aquele incêndio de grandes proporções, à beira de uma estrada com tanto movimento e com um quartel de bombeiros na Quinta do Conde a 1 minuto de distância? Será que se alguém tivesse feito o mesmo naquela ocasião que esta pessoa fez agora não se teria evitado a massiça presença de meios para o combater e os prejuízos que dai ocorreram?
É lamentável o nível de consciência cívica que este agente da autoridade revelou.
Se calhar isso foi à hora de almoço ou um pouco depois na hora da sesta e os senhores não podiam ser incomodados.
Caro MS, segundo me disseram foi perto da Associação de Moradores dos Redondos, não sei se é a zona que refere.
Mas sobre ser uma área concorrida, quando se querem fazer as coisas, ou provocar incendios, há quem os saiba fazer, como por exemplo na Quinta do Conde, há uns meses atrás.
Mas já agora, deixo uma experiência pessoal: uma noite, há uns anos, passei na Quinta da Princesa e dei o alarme por ter visto um foguete luminoso a ser lançado ali. Fiquei à espera e posso dizer que as forças policiais responderam em poucos minutos e evitaram o pior.
Parece-me que é como diz o segundo comentador, este GNR foi incomodado na sua sesta e ficou chateado...
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