Agora ao ver uma reportagem da Sic sobre os restaurantes, lembrei-me de uma conversa/discussão que tive ontem precisamente num restaurante.
Dizia a reportagem que estes estabelecimentos estão a sentir em grande a crise, porque as pessoas partilham doses ou vão para os pratos mais baratos. E depois, deparo-me com isto.
Tem a ver com a atitude de uma pessoa que gere um restaurante. Não vou dizer o nome, por uma questão de amizade pessoal, mas que me deixou banzada, deixou.
Já não é a primeira vez que lá vou acompanhada e estranho sempre os preços praticados, quando cá fora se anuncia que uma refeição completa é no valor de 7,50 euros.
E como normalmente até reclamo, hoje obtive a explicação por parte dessa pessoa.
Então é assim: se eu for sozinha, ou pedir uma dose só para mim, pago os tais 7,50 euros, com direito a bebida, café e sobremesa.
Mas se for acompanhada e pedir uma dose para duas pessoas, em vez de vigorar esse valor, já pago a dose «à lista». E tudo o que consumir além da dose, ou seja, pão, azeitonas, bebida, sobremesa e café, mesmo que seja apenas um de cada.
Explicação: porque sujam dois pratos e dois copos.
Entendo que se for almoçar dentro do esquema dos 7,50 euros e quiser mais uma bebida, um café e uma sobremesa, pague por eles. É óbvio.
Agora que por dividir uma dose (que diga-se são sempre generosas), tenha de pagar por lista, é que já não me cabe na cabeça.
E quando questionei isso mesmo, a resposta foi: quando tiveres um restaurante vais ver se não fazes o mesmo.
Faria? Nunca tive um restaurante, mas sei de uma coisa básica: só se enganam os clientes uma vez. E tentar fazer uns pagar pelos outros não é, na certa, economia de mercado.
E depois ainda há quem se queixe de que não faz negócio... mas se calhar a minha noção de honestidade é outra.
Um blogue de uma jornalista que já viu um pouco de tudo, usado para falar de qualquer coisa.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Liberdade de Imprensa
Eu sei que o Pedro Brinca me perdoa por publicar aqui um texto do Setúbal na Rede, mas é tão importante que não resisto, e aqui fica, com o devido link: http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=13257
Provedoria do Leitor
por João Canavilhas
(Membro da Provedoria)
Liberdade de Imprensa
Portugal caiu para o 40º lugar no ranking da liberdade de imprensa, uma queda de dez lugares neste ranking de 178 países elaborado pela associação Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Para chegar a este ranking, a RSF contabiliza vários critérios entre os quais a violência sobre jornalistas, censura, apreensão de equipamentos ou alterações legislativas tendentes a um maior controlo governamental dos meios de comunicação.
O resultado deste ano acaba por não ser surpreendente pois os últimos tempos têm sido pródigos em casos que deram visibilidade à guerra surda vivida no sector. Entre processos, roubos de gravadores, suspensão de serviços informativos e não publicação de crónicas, foram muitos os episódios elencados pela RSF no ranking deste ano, uma situação que se reflectiu na referida queda de dez lugares.
Com menos visibilidade pública, mas tão grave como os casos anteriores, são as atrocidades cometidas sobre a imprensa regional portuguesa. Conhecendo a debilidade económica dos jornais e das rádios locais, muitos autarcas tentam dominar a imprensa gerindo de forma habilidosa as verbas da publicidade, privilegiando os meios que lhes são favoráveis. O resultado é um espaço público mais pobre e um acentuado declínio qualitativo das democracias locais. Quem ganha com esta situação é a blogosfera que se tem vindo a assumir num espaço de opinião verdadeiramente livre.
Ainda recentemente a ERC apresentou um relatório que torna públicos os investimentos publicitários do Estado: o documento, que permite saber quanto recebeu cada meio/grupo de comunicação nacional, é um forte contributo para uma sociedade mais transparente. Também as câmaras municipais deveriam ser obrigadas a divulgar os seus investimentos publicitários nos media locais, uma situação que, digo eu, nos custaria mais alguns lugares no ranking da liberdade de imprensa.
João Canavilhas - 26-10-2010 09:16
Provedoria do Leitor
por João Canavilhas
(Membro da Provedoria)
Liberdade de Imprensa
Portugal caiu para o 40º lugar no ranking da liberdade de imprensa, uma queda de dez lugares neste ranking de 178 países elaborado pela associação Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Para chegar a este ranking, a RSF contabiliza vários critérios entre os quais a violência sobre jornalistas, censura, apreensão de equipamentos ou alterações legislativas tendentes a um maior controlo governamental dos meios de comunicação.
O resultado deste ano acaba por não ser surpreendente pois os últimos tempos têm sido pródigos em casos que deram visibilidade à guerra surda vivida no sector. Entre processos, roubos de gravadores, suspensão de serviços informativos e não publicação de crónicas, foram muitos os episódios elencados pela RSF no ranking deste ano, uma situação que se reflectiu na referida queda de dez lugares.
Com menos visibilidade pública, mas tão grave como os casos anteriores, são as atrocidades cometidas sobre a imprensa regional portuguesa. Conhecendo a debilidade económica dos jornais e das rádios locais, muitos autarcas tentam dominar a imprensa gerindo de forma habilidosa as verbas da publicidade, privilegiando os meios que lhes são favoráveis. O resultado é um espaço público mais pobre e um acentuado declínio qualitativo das democracias locais. Quem ganha com esta situação é a blogosfera que se tem vindo a assumir num espaço de opinião verdadeiramente livre.
Ainda recentemente a ERC apresentou um relatório que torna públicos os investimentos publicitários do Estado: o documento, que permite saber quanto recebeu cada meio/grupo de comunicação nacional, é um forte contributo para uma sociedade mais transparente. Também as câmaras municipais deveriam ser obrigadas a divulgar os seus investimentos publicitários nos media locais, uma situação que, digo eu, nos custaria mais alguns lugares no ranking da liberdade de imprensa.
João Canavilhas - 26-10-2010 09:16
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Rir da ignorância
O nosso presidente já respondeu uma vez que não sabia quantos Cantos tinha «Os Lusíadas»... por isso o mal não é só da nova geração.
Lusíadas
Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas' respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto', vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'. Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!
Lusíadas
Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas' respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto', vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'. Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
Casa é onde está o nosso coração
Esta é uma frase batida, mas hoje realmente tive uma noção do que quer dizer. Fui dar uma voltinha até à Festa da Gastronomia em Santarém, porque por vezes temos de espairecer as ideias.
Já agora, não vale muito a pena... entrada por pessoa 2,50 euros, tasquinhas a abarrotar com doses a rondar os vinte euros (pessoa) e vi muitos pratos a ir para trás quase intocados, o que para mim serve como avaliação rápida da qualidade da comida. Na parte dos doces, tudo muito inflacionado, com um simples pastel de nata com a cobertura queimada a custar 1,50 euros.
Já a mostra de artesanato é sofrível, mas já vi igual numa simples feira em Cernache do Bonjardim (e onde não tive de pagar para entrar). Mas enfim, um dia não são dias e uma sandes à ganhão de presunto para duas pessoas e duas imperais, por seis euros fizeram a festa.
Mas o que me leva à frase que serve como título é tão simplesmente a foto que ilustra este texto.
É verdade, andava eu pelas artérias da Casa do Campino em Santarém quando me deparo com a foto que agora mostro.
Ao princípio, nem queria acreditar! Afinal, não estávamos na Expo, onde o Seixal tem estado representado em várias feiras, mas sim em Santarém!
E tive de ir perto do enorme painel para comprovar e tirar eu mesma outra foto. Fiquei tão contente que quando algumas pessoas que passavam estranharam estar a tirar a foto a um painel, com tudo o que se passava ali mesmo ao lado, lhes expliquei, orgulhosamente, que eu era do Seixal, que aquela era a minha terra.
Já agora, não vale muito a pena... entrada por pessoa 2,50 euros, tasquinhas a abarrotar com doses a rondar os vinte euros (pessoa) e vi muitos pratos a ir para trás quase intocados, o que para mim serve como avaliação rápida da qualidade da comida. Na parte dos doces, tudo muito inflacionado, com um simples pastel de nata com a cobertura queimada a custar 1,50 euros.
Já a mostra de artesanato é sofrível, mas já vi igual numa simples feira em Cernache do Bonjardim (e onde não tive de pagar para entrar). Mas enfim, um dia não são dias e uma sandes à ganhão de presunto para duas pessoas e duas imperais, por seis euros fizeram a festa.
Mas o que me leva à frase que serve como título é tão simplesmente a foto que ilustra este texto.
É verdade, andava eu pelas artérias da Casa do Campino em Santarém quando me deparo com a foto que agora mostro.
Ao princípio, nem queria acreditar! Afinal, não estávamos na Expo, onde o Seixal tem estado representado em várias feiras, mas sim em Santarém!
E tive de ir perto do enorme painel para comprovar e tirar eu mesma outra foto. Fiquei tão contente que quando algumas pessoas que passavam estranharam estar a tirar a foto a um painel, com tudo o que se passava ali mesmo ao lado, lhes expliquei, orgulhosamente, que eu era do Seixal, que aquela era a minha terra.
domingo, 17 de outubro de 2010
O Cruzamento
E pronto, cá estou eu de volta às minhas lides gastronómicas, porque enfim, uma pessoa também tem de se distrair um bocado destas coisas de PEC, IVA, IRS e afins.
E então lá rumei eu hoje para terras alentejanas de Grândola, onde nesta altura do ano gosto de ir comprar, calculem, abóboras. Isso mesmo, abóboras. Ali mesmo a seguir a Alcácer do Sal, nas bancas que vendem à beira da estrada, costumo ir comprar abóboras e nozes para fazer o meu afamado doce de abóbora. E como este ano já estou a ver que ninguém me vem dar nenhuma porque estão a guardá-las para a sopa recomendada pela ministra da Saúde, achei por bem prover-me a mim mesma.
Lá fui, em passeio, devagarinho para aproveitar a gasolina colocada nas bombas do Jumbo e mais baratinha. E parei onde achei que havia as melhores abóboras. E já agora, uvas, peras, maçãs (é preciso aproveitar a viagem), cebolas, alhos, melancia, pimentos e, claro, abóboras, tudo pela módica quantia de onze euros.
E enquanto falava de almoço com a vendedora, que tal tinha sido a afluência de freguesia este domingo que nem tinha tido tempo de cozinhar um esparguete com tomate e atum, esta falou-me de um restaurante ali perto onde o marido tinha ido buscar o dito.
Antes disso, fiquei ainda a saber que a nora é natural de Arrentela e que ela até costuma vir passear para estas bandas, porque o marido trabalha no Alfeite. O mundo realmente é muito pequeno.
Mas vamos à paparoca.
Ora explicou-me então esta senhora que ali a meia dúzia de metros estava o restaurante «O Cruzamento», nome derivado do local onde ficava antes das obras de acesso à auto-estrada perto de Grândola. E como o restaurante que costumo ir, «As Três Irmãs» fecha ao domingo, aproveitei a deixa.
E em boa hora o fiz.
Parece ser um segredo bem guardado, porque só quem sabe é que lá vai, apesar de estar à beira da estrada, mas tem de se contornar a rotunda de acesso à auto-estrada, voltar para trás e então entrar no local.
Parece segredo mas não é, a julgar pelo número de pessoas que ali estavam já à espera. Mas como eu e a minha mãe ocupamos pouco espaço, foi fácil obter uma mesa.
As especialidades são Jantarinho Alentejano, pataniscas de bacalhau com arroz, carnes e migas com bacalhau assado.
E foi mesmo isso que pedimos. Antes, a vendedora de legumes tinha-nos avisado para pedir meia dose para as duas, mas arriscámos e vai de uma dose. Claro que trouxemos jantar. E por dez euros a dose apenas. Dose servida em duas travessas, uma com bacalhau coberto de azeite, alhos e coentros, desfiado e sem praticamente espinhas, mas com lascas de encher realmente o olho e assado na perfeição. As migas, secas como se chamam, de pão alentejano e rodadas sobre unto, para fazerem quase um bolo. Divinas.
Uma garrafa pequena de vinho de Borba, dois cafés e pão, tudo por 15 euros (mais o recipiente para trazer o jantar).
Um espaço um pouco barulhento, pela sua enorme dimensão, mas com duas salas mesmo que chegue com grupo grande em plena hora de almoço, não terá muito tempo de espera. E se tiver, pode sempre esperar numa salinha onde se vende artesanato e mel do Alentejo. Portanto, não perde nada.
E engraçado era ver as pessoas que, tal como nós, arriscaram a pedir uma dose, e levaram o tal restinho para o jantar ou alguns ossinhos para o cão. É que os tempos andam mesmo difíceis.
Uma ultima nota: o restaurante fechou hoje para férias e abre a 5 de Novembro.
E então lá rumei eu hoje para terras alentejanas de Grândola, onde nesta altura do ano gosto de ir comprar, calculem, abóboras. Isso mesmo, abóboras. Ali mesmo a seguir a Alcácer do Sal, nas bancas que vendem à beira da estrada, costumo ir comprar abóboras e nozes para fazer o meu afamado doce de abóbora. E como este ano já estou a ver que ninguém me vem dar nenhuma porque estão a guardá-las para a sopa recomendada pela ministra da Saúde, achei por bem prover-me a mim mesma.
Lá fui, em passeio, devagarinho para aproveitar a gasolina colocada nas bombas do Jumbo e mais baratinha. E parei onde achei que havia as melhores abóboras. E já agora, uvas, peras, maçãs (é preciso aproveitar a viagem), cebolas, alhos, melancia, pimentos e, claro, abóboras, tudo pela módica quantia de onze euros.
E enquanto falava de almoço com a vendedora, que tal tinha sido a afluência de freguesia este domingo que nem tinha tido tempo de cozinhar um esparguete com tomate e atum, esta falou-me de um restaurante ali perto onde o marido tinha ido buscar o dito.
Antes disso, fiquei ainda a saber que a nora é natural de Arrentela e que ela até costuma vir passear para estas bandas, porque o marido trabalha no Alfeite. O mundo realmente é muito pequeno.
Mas vamos à paparoca.
Ora explicou-me então esta senhora que ali a meia dúzia de metros estava o restaurante «O Cruzamento», nome derivado do local onde ficava antes das obras de acesso à auto-estrada perto de Grândola. E como o restaurante que costumo ir, «As Três Irmãs» fecha ao domingo, aproveitei a deixa.
E em boa hora o fiz.
Parece ser um segredo bem guardado, porque só quem sabe é que lá vai, apesar de estar à beira da estrada, mas tem de se contornar a rotunda de acesso à auto-estrada, voltar para trás e então entrar no local.
Parece segredo mas não é, a julgar pelo número de pessoas que ali estavam já à espera. Mas como eu e a minha mãe ocupamos pouco espaço, foi fácil obter uma mesa.
As especialidades são Jantarinho Alentejano, pataniscas de bacalhau com arroz, carnes e migas com bacalhau assado.
E foi mesmo isso que pedimos. Antes, a vendedora de legumes tinha-nos avisado para pedir meia dose para as duas, mas arriscámos e vai de uma dose. Claro que trouxemos jantar. E por dez euros a dose apenas. Dose servida em duas travessas, uma com bacalhau coberto de azeite, alhos e coentros, desfiado e sem praticamente espinhas, mas com lascas de encher realmente o olho e assado na perfeição. As migas, secas como se chamam, de pão alentejano e rodadas sobre unto, para fazerem quase um bolo. Divinas.
Uma garrafa pequena de vinho de Borba, dois cafés e pão, tudo por 15 euros (mais o recipiente para trazer o jantar).
Um espaço um pouco barulhento, pela sua enorme dimensão, mas com duas salas mesmo que chegue com grupo grande em plena hora de almoço, não terá muito tempo de espera. E se tiver, pode sempre esperar numa salinha onde se vende artesanato e mel do Alentejo. Portanto, não perde nada.
E engraçado era ver as pessoas que, tal como nós, arriscaram a pedir uma dose, e levaram o tal restinho para o jantar ou alguns ossinhos para o cão. É que os tempos andam mesmo difíceis.
Uma ultima nota: o restaurante fechou hoje para férias e abre a 5 de Novembro.
sábado, 16 de outubro de 2010
A crise em plano inclinado
Hoje, em Plano Inclinado da Sic Noticias com Mário Crespo e com os convidados Tiago Calado, Medina Carreira e João Cantigas Esteves. Não vi do início mas acho que isto sumariza o que ali foi dito e aquilo com o que qualquer português com alguma inteligência concorda.
Tiago Calado referiu que a nova geração sofreu uma lavagem ao cérebro e pretende apenas ter estabilidade e trabalhar como funcionário público porque não foi ensinado a trabalhar e a esforçar-se para obter o que quer.
O Estado premeia quem não faz nada e vive de rendimentos e de subsídios, porque quem produz riqueza é tido como mal visto e por isso sofre na pele os aumentos e tem de pagar pela educação e pela saúde ao passo que quem vive de subsídios tem direito a casas à borla, saúde e educação. Mas depois fazem-se fortunas colossais com as parcerias publico privadas PPP que violam todas as regras do mercado. Se correr mal o Estado paga se correr bem ganho imenso.
O aumento dos impostos vai levar simplesmente a uma perda fiscal porque as famílias e as micro-empresas não vão ter capacidade para pagar e vão deixar de o fazer ou, no caso das micro e pequenas empresas, vão fechar. Diminui-se apenas a capacidade económica do país.
Será inevitável que venha o MFI e quanto antes, porque senão vamos levar um orçamento e vamos ter de sofrer mais tarde com a sua intervenção porque este orçamento não levará a nada.
Este primeiro-ministro faz uma enorme encenação e temos aqui uma ditadurazinha que até manda na comunicação social
O fim de certos organismos e a restruturação de outros só vai servir para pagar indemnizações a uns e readmiti-los daqui a uns meses.
Medina Carreira diz que não há ninguém com capacidade para liderar o país
Vamos ter um problema com as despesas sociais com a maior gravidade. O país está a saque e qualquer dia até vendem sapatos usados. Nunca pensei que o país pudesse ser dirigido desta maneira.
Há meses que ando a pedir para que chegue alguém à portela de Sacavém porque é preciso uma mão dura e de alguém que não fique cá a viver.
O problema é que a gestão do país está nas mãos de boys que estão no governo, entram como mendigos e saem como milionários.
Não vamos conseguir porque os partidos vão-se embora com o seu dinheiro no bolso no final do mandato e quem cá fica é que vai pagar.
O ataque ao poder é para colocar os amigos e pagar favores
Em 1924 foram buscar o Salazar porque o país estava na falência, e porque havia vergonha na cara.
E os partidos já não falam porque até o Passos Correia fugiu da reunião.
Vão reformular organismos públicos mas isso vai ser uma confusão porque ninguém vai saber quem são os chefes e não vão mandar ninguém embora, só vão remexer nas coisas. Isso é uma falsa questão e é uma mentira que não vai ajudar em nada a diminuição da despesa.
João Cantigas Esteves refere que a evolução da divida publica duplicou de 1999 para 2008 antes da crise no sector municipal e publico privado e nesse ano ainda nem se falava de crise.
Deve ser revisto o conceito de crime para o Estado para certas situações.
Toma-se um conjunto de medidas insinuando que as alternativas são piores e por isso nunca haverá uma alteração de fundo nesta gestão medíocre. É preciso rever a relação dos eleitores com os partidos políticos.
Já agora, acrescento eu apenas a opinião de um jornalista do Expresso num dos muitos programas e períodos de reflexão sobre o Orçamento, que dizia que será fácil a Pedro Passos Coelho não aprovar o Orçamento alegando ser contra o aumento dos impostos, levar o país a eleições e quando chegar ao Governo dizer que será preciso aumentar os impostos porque afinal as contas públicas estão pior do que pensavam.
Tiago Calado referiu que a nova geração sofreu uma lavagem ao cérebro e pretende apenas ter estabilidade e trabalhar como funcionário público porque não foi ensinado a trabalhar e a esforçar-se para obter o que quer.
O Estado premeia quem não faz nada e vive de rendimentos e de subsídios, porque quem produz riqueza é tido como mal visto e por isso sofre na pele os aumentos e tem de pagar pela educação e pela saúde ao passo que quem vive de subsídios tem direito a casas à borla, saúde e educação. Mas depois fazem-se fortunas colossais com as parcerias publico privadas PPP que violam todas as regras do mercado. Se correr mal o Estado paga se correr bem ganho imenso.
O aumento dos impostos vai levar simplesmente a uma perda fiscal porque as famílias e as micro-empresas não vão ter capacidade para pagar e vão deixar de o fazer ou, no caso das micro e pequenas empresas, vão fechar. Diminui-se apenas a capacidade económica do país.
Será inevitável que venha o MFI e quanto antes, porque senão vamos levar um orçamento e vamos ter de sofrer mais tarde com a sua intervenção porque este orçamento não levará a nada.
Este primeiro-ministro faz uma enorme encenação e temos aqui uma ditadurazinha que até manda na comunicação social
O fim de certos organismos e a restruturação de outros só vai servir para pagar indemnizações a uns e readmiti-los daqui a uns meses.
Medina Carreira diz que não há ninguém com capacidade para liderar o país
Vamos ter um problema com as despesas sociais com a maior gravidade. O país está a saque e qualquer dia até vendem sapatos usados. Nunca pensei que o país pudesse ser dirigido desta maneira.
Há meses que ando a pedir para que chegue alguém à portela de Sacavém porque é preciso uma mão dura e de alguém que não fique cá a viver.
O problema é que a gestão do país está nas mãos de boys que estão no governo, entram como mendigos e saem como milionários.
Não vamos conseguir porque os partidos vão-se embora com o seu dinheiro no bolso no final do mandato e quem cá fica é que vai pagar.
O ataque ao poder é para colocar os amigos e pagar favores
Em 1924 foram buscar o Salazar porque o país estava na falência, e porque havia vergonha na cara.
E os partidos já não falam porque até o Passos Correia fugiu da reunião.
Vão reformular organismos públicos mas isso vai ser uma confusão porque ninguém vai saber quem são os chefes e não vão mandar ninguém embora, só vão remexer nas coisas. Isso é uma falsa questão e é uma mentira que não vai ajudar em nada a diminuição da despesa.
João Cantigas Esteves refere que a evolução da divida publica duplicou de 1999 para 2008 antes da crise no sector municipal e publico privado e nesse ano ainda nem se falava de crise.
Deve ser revisto o conceito de crime para o Estado para certas situações.
Toma-se um conjunto de medidas insinuando que as alternativas são piores e por isso nunca haverá uma alteração de fundo nesta gestão medíocre. É preciso rever a relação dos eleitores com os partidos políticos.
Já agora, acrescento eu apenas a opinião de um jornalista do Expresso num dos muitos programas e períodos de reflexão sobre o Orçamento, que dizia que será fácil a Pedro Passos Coelho não aprovar o Orçamento alegando ser contra o aumento dos impostos, levar o país a eleições e quando chegar ao Governo dizer que será preciso aumentar os impostos porque afinal as contas públicas estão pior do que pensavam.
Ontem como hoje
Português, ó malmequer
Em que terra foste semeado?
Português, ó malmequer
Cada vez andas mais desfolhado
Malmequer é branco branco
Que outra cor querem que escolha
Se te querem ver bonito
Por que te arrancam as folhas?
Por muito humilde que sejas
Malmequer ó meu amigo
Lá vem o dia da espiga
Que tens honras de trigo
Refrão
Malmequer tens pouca flor
Mesmo assim és um valente
Antes ser dez réis de flor
Do que ser dez réis de gente
És uma flor do povo
Vem do povo a tua força
Estás bem agarrado à terra
Não há vento que te torça
Refrão
Malmequer ou bem-me-quer
És a flor mais desprezada
Uns com muito, outros com pouco
E a maioria sem nada
És branco da cor da paz
Mas seja lá por que for
Há para aí uns malmequeres
Que andam a mudar de cor
Refrão
Regam-te a seiva com esperança
Mesmo assim não és feliz
Há muitas ervas daninhas
Que te atacam a raíz
Malmequer se fores regado
Num dia de muito Sol
Cresce, cresce, cresce, cresce
Para seres um girassol
Raul Solnado - 2001 - acabado de ouvir no programa de homenagem na RTP.
Em que terra foste semeado?
Português, ó malmequer
Cada vez andas mais desfolhado
Malmequer é branco branco
Que outra cor querem que escolha
Se te querem ver bonito
Por que te arrancam as folhas?
Por muito humilde que sejas
Malmequer ó meu amigo
Lá vem o dia da espiga
Que tens honras de trigo
Refrão
Malmequer tens pouca flor
Mesmo assim és um valente
Antes ser dez réis de flor
Do que ser dez réis de gente
És uma flor do povo
Vem do povo a tua força
Estás bem agarrado à terra
Não há vento que te torça
Refrão
Malmequer ou bem-me-quer
És a flor mais desprezada
Uns com muito, outros com pouco
E a maioria sem nada
És branco da cor da paz
Mas seja lá por que for
Há para aí uns malmequeres
Que andam a mudar de cor
Refrão
Regam-te a seiva com esperança
Mesmo assim não és feliz
Há muitas ervas daninhas
Que te atacam a raíz
Malmequer se fores regado
Num dia de muito Sol
Cresce, cresce, cresce, cresce
Para seres um girassol
Raul Solnado - 2001 - acabado de ouvir no programa de homenagem na RTP.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
ai, ai
Estou como o Homer: Orçamento de Estado, PEC, aumentos na electricidade, IVA, IRS, IRC, preços da gasolina.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
O mundo precisava de um milagre assim
Hoje é um dia muito especial.
Os olhos do mundo estiveram (e estão) presos à televisão, a seguir a aventura de 33 homens num ponto remoto do Chile.
Desta feita, as noticias dos telejornais não abrem com mortes e atentados. Abrem com a história de um milagre e da força de sobrevivência humana.
Hoje a esperança de um mundo melhor, onde a vida é celebrada, renasceu um pouco dentro de nós. Se fosse o mês de Dezembro, como o previsto, seria quase o milagre de Natal. Não foi, e ainda bem para aqueles homens e famílias.
Vi as primeiras imagens na sala de espera de um dos serviços do Hospital Garcia de Orta, caótica como as salas de espera não devem ser. No entanto, mal surgiram as primeiras imagens, imperou o silêncio, que permitiu ouvir a voz em off do pivot.
O silêncio de dezenas de pessoas naquela sala, que deve ter repercussão por todo o país. E hoje, um dia de destaque para a Igreja Católica, todos, crentes e não crentes, como eu, terão elevado uma pequena prece de agradecimento a um poder maior que consegue ainda provar aos homens que ainda há milagres.
P.S. – Milagre também necessário no tal serviço do HGO, porque não fui atendida uma vez que o doutor esteva num curso e alguém se esqueceu de me avisar.
Os olhos do mundo estiveram (e estão) presos à televisão, a seguir a aventura de 33 homens num ponto remoto do Chile.
Desta feita, as noticias dos telejornais não abrem com mortes e atentados. Abrem com a história de um milagre e da força de sobrevivência humana.
Hoje a esperança de um mundo melhor, onde a vida é celebrada, renasceu um pouco dentro de nós. Se fosse o mês de Dezembro, como o previsto, seria quase o milagre de Natal. Não foi, e ainda bem para aqueles homens e famílias.
Vi as primeiras imagens na sala de espera de um dos serviços do Hospital Garcia de Orta, caótica como as salas de espera não devem ser. No entanto, mal surgiram as primeiras imagens, imperou o silêncio, que permitiu ouvir a voz em off do pivot.
O silêncio de dezenas de pessoas naquela sala, que deve ter repercussão por todo o país. E hoje, um dia de destaque para a Igreja Católica, todos, crentes e não crentes, como eu, terão elevado uma pequena prece de agradecimento a um poder maior que consegue ainda provar aos homens que ainda há milagres.
P.S. – Milagre também necessário no tal serviço do HGO, porque não fui atendida uma vez que o doutor esteva num curso e alguém se esqueceu de me avisar.
domingo, 10 de outubro de 2010
Menos salário, (ainda) menos justiça?
Hoje apetece-me só fazer uma pergunta:
Se até agora os juizes portugueses se dão ao luxo de libertar bandidos perigosos apanhados em flagrante porque não concordam com as alterações do Código Penal, o que irão fazer quando virem os seus ordenados reduzidos?
Se até agora os juizes portugueses se dão ao luxo de libertar bandidos perigosos apanhados em flagrante porque não concordam com as alterações do Código Penal, o que irão fazer quando virem os seus ordenados reduzidos?
sábado, 9 de outubro de 2010
Todos na internet?
Cerca de dois milhões de portugueses que recebem subsídios da Segurança Social têm de prestar provas dos seus rendimentos através da Internet. Esta medida inclui beneficiários do Subsídio Social de Desemprego, abono de família e Rendimento Social de Inserção.
Ora este foi precisamente o tema de conversa que ouvi de um grupo de pessoas num café esta manhã.
Um casal de idosos questionava onde é que ia fazer a tal prova, uma vez que nem sabia ligar um computador.
Para isto, diz o Ministério do Trabalho e da Segurança Social que foram reforçados os serviços de atendimento da Segurança Social com quiosques de acesso à SSD, e que estão a ser recrutados jovens voluntários para dar apoio nas «zonais mais críticas».
As provas poderão ser feitas nas Lojas do Cidadão ou «em qualquer serviço de atendimento da Segurança Social».
Ora só alguém que nunca tenha colocado os pés num serviço da Segurança Social é que pode dizer algo assim.
Já aqui falei nas horas que lá passei por causa das pessoas que trabalham para a minha empresa. E a minha senha não é a do atendimento geral, cujo tempo de espera chega a ser de seis a sete horas.
Não é preciso qualquer exercício de imaginação (e não, ainda não fui verificar in loco), para perceber que um serviço que é caótico em “dias normais”, ficará indescritível com centenas de pessoas a dirigirem-se lá para fazerem a tal prova.
E quem é que vai fazer a formação, em cima da hora e do joelho, dos tais jovens?
É o que dá dizer para fazer e não saber como se faz.
Por outro lado, na mesma conversa, uma senhora ainda jovem dizia que estava aflita porque não sabia como iria fazer a prova relativamente ao abono dos filhos. Ao lado, a sua filha exibia um computador portátil.
Ora esta é que eu não engulo muito bem. Raras são as casas hoje em dia sem algum acesso à Internet. Também raras são as crianças que não tiveram o acesso ao Magalhães ou ao e-escola (e falo, claro, aqui no Seixal. Pelo menos, das várias crianças que conheço, todas tiveram essa benesse). E tirando idosos ou casos pontuais, quase todas as pessoas têm contacto com computadores (pelo menos aquela pessoa em causa tinha-o, claramente).
Agora pergunto, servem esses computadores e esse acesso à Internet apenas para brincar no Facebook? Também ainda não fui ao site da Segurança Social (felizmente, ou infelizmente, não preciso de fazer prova), mas a menos que os serviços estejam bloqueados, bastará um computador com acesso à Net, alguns conhecimentos básicos de trabalho online e poderá fazer a tal prova. Mas pelos vistos, para alguns é mais fácil aprender as regras dos jogos no facebook.
Ora este foi precisamente o tema de conversa que ouvi de um grupo de pessoas num café esta manhã.
Um casal de idosos questionava onde é que ia fazer a tal prova, uma vez que nem sabia ligar um computador.
Para isto, diz o Ministério do Trabalho e da Segurança Social que foram reforçados os serviços de atendimento da Segurança Social com quiosques de acesso à SSD, e que estão a ser recrutados jovens voluntários para dar apoio nas «zonais mais críticas».
As provas poderão ser feitas nas Lojas do Cidadão ou «em qualquer serviço de atendimento da Segurança Social».
Ora só alguém que nunca tenha colocado os pés num serviço da Segurança Social é que pode dizer algo assim.
Já aqui falei nas horas que lá passei por causa das pessoas que trabalham para a minha empresa. E a minha senha não é a do atendimento geral, cujo tempo de espera chega a ser de seis a sete horas.
Não é preciso qualquer exercício de imaginação (e não, ainda não fui verificar in loco), para perceber que um serviço que é caótico em “dias normais”, ficará indescritível com centenas de pessoas a dirigirem-se lá para fazerem a tal prova.
E quem é que vai fazer a formação, em cima da hora e do joelho, dos tais jovens?
É o que dá dizer para fazer e não saber como se faz.
Por outro lado, na mesma conversa, uma senhora ainda jovem dizia que estava aflita porque não sabia como iria fazer a prova relativamente ao abono dos filhos. Ao lado, a sua filha exibia um computador portátil.
Ora esta é que eu não engulo muito bem. Raras são as casas hoje em dia sem algum acesso à Internet. Também raras são as crianças que não tiveram o acesso ao Magalhães ou ao e-escola (e falo, claro, aqui no Seixal. Pelo menos, das várias crianças que conheço, todas tiveram essa benesse). E tirando idosos ou casos pontuais, quase todas as pessoas têm contacto com computadores (pelo menos aquela pessoa em causa tinha-o, claramente).
Agora pergunto, servem esses computadores e esse acesso à Internet apenas para brincar no Facebook? Também ainda não fui ao site da Segurança Social (felizmente, ou infelizmente, não preciso de fazer prova), mas a menos que os serviços estejam bloqueados, bastará um computador com acesso à Net, alguns conhecimentos básicos de trabalho online e poderá fazer a tal prova. Mas pelos vistos, para alguns é mais fácil aprender as regras dos jogos no facebook.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
A alegoria da torrada
Sempre me espantou uma “habilidade” do meu pai.
Em minha casa adoramos torradas de pão alentejano, fatias grandes e grossas, torradas sobre uma chapa no fogão (digam o que disserem, não há torradeira que consiga dar tal gosto).
E a habilidade do Torres consistia em colocar um pouquinho de manteiga na ponta de uma faca pontiaguda, e com esse pouquinho de manteiga conseguia cobrir por completo a tal grossa e grande fatia de pão.
Eu e a minha irmã, mais gulosas, enchíamos o pão de manteiga, mas parecia que nunca conseguíamos chegar áquele cantinho ou áquela pontinha. E sentíamos um pouco de inveja porque a torrada do meu pai reluzia, completamente barrada com manteiga.
Anos mais tarde, percebi que foram as dificuldades económicas por que passara em criança e jovem que lhe ensinaram esse "truque".
Vem isto a propósito de hoje ter tido oportunidade de folhear com uma amiga fotos de outros tempos (do casamento dos meus pais, propriamente) e ela dizer que «eram outros tempos, e as pessoas tinham pouco, mas eram felizes».
É verdade. E agora, perto que estou dos meus quarenta anos, vejo isso.
Eram outros tempos, em que a recepção de um casamento era feita em casa, quando muito com o bolo encomendado numa pastelaria e os vestidos e fatos feitos na modista, mas todos podiam fazer a sua festa e receber amigos e familiares, sem se endividarem até aos cabelos.
Eram os tempos em que uma ida ao cinema era uma festa, uma noite num restaurante acontecia uma vez por ano, e o Natal era verdadeiramente Natal (um bocado da massa de filhoses para brincar fazia-nos muito felizes na noite de Consoada) e os vizinhos trocavam entre si pratos dos doces de Natal.
Nessa altura, quer fosse por força das circunstâncias ou da lei, as pessoas ficavam juntas, nos bons e nos maus momentos.
Agora vemos crianças que só exigem dos pais, casais que à primeira discussão se divorciam, pessoas que só trabalham para ter o último modelo de telemóvel.
Estamos melhor? Não sei.
O que sei é que aquela torrada completamente barrada apenas com um poucochinho de manteiga me metia inveja perante a minha, com montes desta mas com muitos “buracos” no pão (e que agora resultou numa pedra na vesícula...).
P.S. – E com este discurso da austeridade e do pobrezinho não quer dizer que sou a favor do tal PEC 2 ou 3 ou o raio que os parta. O que eu diria aos seus autores é onde é que o podiam enfiar... e o recado era o mesmo para quem vai abster-se e para os restantes que, apesar de todas as campanhas políticas, ainda não conseguiram, em trinta e seis anos, libertar Portugal do mesmo «chove e molha».
Em minha casa adoramos torradas de pão alentejano, fatias grandes e grossas, torradas sobre uma chapa no fogão (digam o que disserem, não há torradeira que consiga dar tal gosto).
E a habilidade do Torres consistia em colocar um pouquinho de manteiga na ponta de uma faca pontiaguda, e com esse pouquinho de manteiga conseguia cobrir por completo a tal grossa e grande fatia de pão.
Eu e a minha irmã, mais gulosas, enchíamos o pão de manteiga, mas parecia que nunca conseguíamos chegar áquele cantinho ou áquela pontinha. E sentíamos um pouco de inveja porque a torrada do meu pai reluzia, completamente barrada com manteiga.
Anos mais tarde, percebi que foram as dificuldades económicas por que passara em criança e jovem que lhe ensinaram esse "truque".
Vem isto a propósito de hoje ter tido oportunidade de folhear com uma amiga fotos de outros tempos (do casamento dos meus pais, propriamente) e ela dizer que «eram outros tempos, e as pessoas tinham pouco, mas eram felizes».
É verdade. E agora, perto que estou dos meus quarenta anos, vejo isso.
Eram outros tempos, em que a recepção de um casamento era feita em casa, quando muito com o bolo encomendado numa pastelaria e os vestidos e fatos feitos na modista, mas todos podiam fazer a sua festa e receber amigos e familiares, sem se endividarem até aos cabelos.
Eram os tempos em que uma ida ao cinema era uma festa, uma noite num restaurante acontecia uma vez por ano, e o Natal era verdadeiramente Natal (um bocado da massa de filhoses para brincar fazia-nos muito felizes na noite de Consoada) e os vizinhos trocavam entre si pratos dos doces de Natal.
Nessa altura, quer fosse por força das circunstâncias ou da lei, as pessoas ficavam juntas, nos bons e nos maus momentos.
Agora vemos crianças que só exigem dos pais, casais que à primeira discussão se divorciam, pessoas que só trabalham para ter o último modelo de telemóvel.
Estamos melhor? Não sei.
O que sei é que aquela torrada completamente barrada apenas com um poucochinho de manteiga me metia inveja perante a minha, com montes desta mas com muitos “buracos” no pão (e que agora resultou numa pedra na vesícula...).
P.S. – E com este discurso da austeridade e do pobrezinho não quer dizer que sou a favor do tal PEC 2 ou 3 ou o raio que os parta. O que eu diria aos seus autores é onde é que o podiam enfiar... e o recado era o mesmo para quem vai abster-se e para os restantes que, apesar de todas as campanhas políticas, ainda não conseguiram, em trinta e seis anos, libertar Portugal do mesmo «chove e molha».
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Porque
A pedido de várias familias e porque eu também já nem acredito no Pai Natal e porque me estava a meter raiva o post anterior e porque eu gosto, aqui fica mais uma das «Redacções da Guidinha» (não sei o ano).
Pai Natal
Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não interessa a ninguém e muito menos a esta vossa GUIDINHA que não está cá por ver andar os outros.
Pai Natal
Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não interessa a ninguém e muito menos a esta vossa GUIDINHA que não está cá por ver andar os outros.
Gente que mete nojo
É verdade, há ainda gente que me mete nojo.
E se não gosto de misturar aqui neste blogue que é pessoal, situações que acontecem com o jornal que dirijo, (apesar de certa "gente" não o compreender) há coisas que não posso deixar passar ao lado.
Hoje, às 16h19 recebemos no nosso email uma mensagem que exprimia o suposto desagrado com uma situação levada a cabo por outro jornal.
Tudo bem, cada um tem o direito à sua opinião e até nem é a primeira vez que se nos dirigem sobre isso.
Mas isto ultrapassa tudo. É que o email vinha com a assinatura do «Comércio», como podem ver no nosso site em http://jornalcomerciodoseixalesesimbra.wordpress.com/2010/10/04/alerta-para-uso-indevido-do-nome-do-%c2%abcomercio-do-seixal-e-sesimbra%c2%bb/
Nem há palavras para descrever um acto destes. Pessoas ignóbeis, rascas e nojentas que não conseguem vingar na vida de outra forma e tentam assim denegrir terceiros.
Mas como por vezes o Diabo ainda está do nosso lado, segui os mesmos passos que com um outro email, retirei os dados do IP e já foi feita uma queixa à Judiciária de Setúbal. Pode não dar em nada, mas o que não posso é deixar passar em claro estas coisas.
Que haja quem tenha medo de encarar de frente os que considera como "inimigos", é uma questão de «tomates», mas isto é pura javardice de pessoas que nem o nome de cobardes merecem.
Pelos vistos, o jornal que dirijo continua a meter medo...
E se não gosto de misturar aqui neste blogue que é pessoal, situações que acontecem com o jornal que dirijo, (apesar de certa "gente" não o compreender) há coisas que não posso deixar passar ao lado.
Hoje, às 16h19 recebemos no nosso email uma mensagem que exprimia o suposto desagrado com uma situação levada a cabo por outro jornal.
Tudo bem, cada um tem o direito à sua opinião e até nem é a primeira vez que se nos dirigem sobre isso.
Mas isto ultrapassa tudo. É que o email vinha com a assinatura do «Comércio», como podem ver no nosso site em http://jornalcomerciodoseixalesesimbra.wordpress.com/2010/10/04/alerta-para-uso-indevido-do-nome-do-%c2%abcomercio-do-seixal-e-sesimbra%c2%bb/
Nem há palavras para descrever um acto destes. Pessoas ignóbeis, rascas e nojentas que não conseguem vingar na vida de outra forma e tentam assim denegrir terceiros.
Mas como por vezes o Diabo ainda está do nosso lado, segui os mesmos passos que com um outro email, retirei os dados do IP e já foi feita uma queixa à Judiciária de Setúbal. Pode não dar em nada, mas o que não posso é deixar passar em claro estas coisas.
Que haja quem tenha medo de encarar de frente os que considera como "inimigos", é uma questão de «tomates», mas isto é pura javardice de pessoas que nem o nome de cobardes merecem.
Pelos vistos, o jornal que dirijo continua a meter medo...
domingo, 3 de outubro de 2010
As (ainda) belezas de Belém
Uma das coisas que mais gosto é visitar museus e palácios. E por isso, quando ontem a minha mãe me falou de que durante estes dias o Palácio de Belém ia estar aberto ao público e com uma exposição sobre a República, não hesitei.
Hoje, cedinho e depois de ir fazer o passeio semanal do Belchior, apesar da chuva e do vento, aí fomos até Belém, convencidas que seria uma visita tranquila. Até porque é meu lema visitar alguns locais no domingo de manhã, por ser grátis e por assim evitar os passeios em família das tardes de domingo.
Mas hoje o mesmo pensaram muitos outros portugueses e estrangeiros.
Dezenas de pessoas enfrentavam a chuva forte para esperarem à entrada (livre), mas antes da qual tínhamos de passar por um detector de metais. E como os portugueses não estão habituados a isto em edifícios públicos, foram muitos os risos e as surpresas por verem que uma simples fivela de cinto fazia disparar o alarme.
Felizmente os agentes da autoridade levavam as coisas levemente e lá iam brincando com as situações. É que aquela coisa era mesmo muito sensível.
Depois começava a visita, obrigatoriamente por um corredor de quadros de vários artistas até aos nossos dias, seguindo-se as salas e depois o resto do edifício. Lindo. E com muita simpatia da equipa que ia dando indicações.
A chuva parou um pouco e pudemos dar uma volta pelos jardins com lagos, um deles com dezenas de peixes.
A seguir visitámos a exposição dos 100 anos da República, enquanto cá fora se preparava o cenário para um programa da RTP. Como tivemos de esperar um pouco, lá fomos sabendo por parte de um membro do staff que o local eram as antigas jaulas de jaguares e panteras, por isso exíguas e as portas de ferro ainda lá estão.
Nesta, alguns objectos, simples por si só, contam grandes histórias.
Entre eles uma agenda marca, ao lado de uns óculos e uma caneta, uma data fatídica. São pertença de Sá Carneiro.
Ali ao lado, um rádio de Oliveira de Salazar, um manuscrito de José Saramago do Memorial do Convento e litografias originais de Álvaro Cunhal, bem como uma parte da farda do General Sem Medo (apesar de gostar muito de lâminas, não sei se a designação desta será de punhal).
Um pouco mais adiante o Museu da Presidência, com os quadros de todos os presidentes, as prendas dadas e muita História. Os quadros percorrem os cem anos de República, e também os gostos em termos artísticos, porque temos de tudo, desde os clássicos ao quadro quase fotográfico de Ramalho Eanes, ao de Paula Rego de Jorge Sampaio, e ao que tanta polémica deu de Mário Soares, de Júlio Pomar (na minha opinião, muito giro para a sala de jantar do senhor mas inapropriado para uma galeria como esta, mas são gostos).
Muito interessante e informativo. Infelizmente, com demasiada gente hoje, e com a característica falta de civismo. Mãos nas vitrinas, conversas ao telemóvel em altos gritos frente a vitrinas que outros queriam ver, horas a apreciar uma simples jarra, miúdos a correr escadas abaixo, enfim... Muito triste.
No computo geral, no entanto, o balanço é extremamente positivo.
Apesar dos pesares, foi também interessante ver como as pessoas respondem a estas iniciativas, quando, diga-se de passagem, não estavam a ser vendidas farturas ou coisas a metade do preço. O que prova que as pessoas realmente querem ver e saber mais.
Eu gostei e recomendo.
Hoje, cedinho e depois de ir fazer o passeio semanal do Belchior, apesar da chuva e do vento, aí fomos até Belém, convencidas que seria uma visita tranquila. Até porque é meu lema visitar alguns locais no domingo de manhã, por ser grátis e por assim evitar os passeios em família das tardes de domingo.
Mas hoje o mesmo pensaram muitos outros portugueses e estrangeiros.
Dezenas de pessoas enfrentavam a chuva forte para esperarem à entrada (livre), mas antes da qual tínhamos de passar por um detector de metais. E como os portugueses não estão habituados a isto em edifícios públicos, foram muitos os risos e as surpresas por verem que uma simples fivela de cinto fazia disparar o alarme.
Felizmente os agentes da autoridade levavam as coisas levemente e lá iam brincando com as situações. É que aquela coisa era mesmo muito sensível.
Depois começava a visita, obrigatoriamente por um corredor de quadros de vários artistas até aos nossos dias, seguindo-se as salas e depois o resto do edifício. Lindo. E com muita simpatia da equipa que ia dando indicações.
A chuva parou um pouco e pudemos dar uma volta pelos jardins com lagos, um deles com dezenas de peixes.
A seguir visitámos a exposição dos 100 anos da República, enquanto cá fora se preparava o cenário para um programa da RTP. Como tivemos de esperar um pouco, lá fomos sabendo por parte de um membro do staff que o local eram as antigas jaulas de jaguares e panteras, por isso exíguas e as portas de ferro ainda lá estão.
Nesta, alguns objectos, simples por si só, contam grandes histórias.
Entre eles uma agenda marca, ao lado de uns óculos e uma caneta, uma data fatídica. São pertença de Sá Carneiro.
Ali ao lado, um rádio de Oliveira de Salazar, um manuscrito de José Saramago do Memorial do Convento e litografias originais de Álvaro Cunhal, bem como uma parte da farda do General Sem Medo (apesar de gostar muito de lâminas, não sei se a designação desta será de punhal).
Um pouco mais adiante o Museu da Presidência, com os quadros de todos os presidentes, as prendas dadas e muita História. Os quadros percorrem os cem anos de República, e também os gostos em termos artísticos, porque temos de tudo, desde os clássicos ao quadro quase fotográfico de Ramalho Eanes, ao de Paula Rego de Jorge Sampaio, e ao que tanta polémica deu de Mário Soares, de Júlio Pomar (na minha opinião, muito giro para a sala de jantar do senhor mas inapropriado para uma galeria como esta, mas são gostos).
Muito interessante e informativo. Infelizmente, com demasiada gente hoje, e com a característica falta de civismo. Mãos nas vitrinas, conversas ao telemóvel em altos gritos frente a vitrinas que outros queriam ver, horas a apreciar uma simples jarra, miúdos a correr escadas abaixo, enfim... Muito triste.
No computo geral, no entanto, o balanço é extremamente positivo.
Apesar dos pesares, foi também interessante ver como as pessoas respondem a estas iniciativas, quando, diga-se de passagem, não estavam a ser vendidas farturas ou coisas a metade do preço. O que prova que as pessoas realmente querem ver e saber mais.
Eu gostei e recomendo.
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