quinta-feira, 3 de junho de 2010

Do baú

Numa daquelas pesquisas pela net, encontrei este texto, que quis partilhar com quem gosta de vir aqui espreitar estes desabafos.



«O Setubalense» - Arquivo: Edição de 22-04-2009

SECÇÃO: Opinião

A Liberdade Da Imprensa
Como homem ligado à informação durante muitos anos, percebi muito estranhas, duas situações passadas em Reuniões de Câmara da nossa cidade de Setúbal. Passo a relatar. Primeira situação: uma repórter captava o som, junto a um altifalante. Trabalhava em más condições, pois tinha de permanecer com o braço levantado a segurar o gravador. Cansada, deixou de o fazer no momento em que a edil, zurzia na oposição. Vendo que as suas palavras não iriam estar “presentes” nesta gravação, cruzou com a repórter, mais ou menos este diálogo: “Então não está a gravar isto? Faz favor de gravar o que eu estou a dizer” – ao que a repórter responde, “Não senhora, eu é que sei do meu trabalho, sei o que gravo! Eu é que sei e o que me interessa” …e lá saiu a velada ameaça? – “Há é? A gente depois conversa…”. Segunda situação, muito recente: após uma troca de palavras com um dos vereadores. Este fizera um reparo sobre o facto de Boletim Municipal ser mais um veículo de propaganda da maioria relativa que gere o Município. Retruca a edil “…È evidente que no tempo de Mata Cáceres não se fazia o Boletim Municipal, porque no tempo de Mata Cáceres não havia necessidade. O Próprio Mata Cáceres dizia que tinha o Jornal “O Setubalense” à sua disposição, por isso não precisava do Boletim Municipal. Nós não temos o “Setubalense” à nossa disposição e por isso temos que informar a população de Setúbal sobre a actividade da Câmara Municipal no município. Era o Jornal “O Setubalense” que substituía o Boletim Municipal…(sic). Com estas palavras, “confirmou” as suspeitas da oposição sobre a finalidade do Boletim Municipal e simultaneamente, atacou, colocando um pouco mais de pressão, sobre as opções e liberdades escolhidas pelo periódico em causa.



Sei muito do que acontece no concelho e na cidade através deste Periódico, que me habituei a consultar sempre que é publicado. Parece-me um Jornal pluralista. Se nele se escrevem mentiras e inverdades, qualquer um poderá e deverá, ao abrigo do direito de resposta, repor a verdade dos factos, como se diz. Ou então há duas verdades. Uma verdade plural e democrática e outra sectária, facciosa, fanática e intolerante.
Digo eu. A Liberdade de Imprensa é um dos princípios pelos quais um estado democrático assegura aos seus cidadãos a liberdade de veicular livremente opiniões, ideias, pensamentos e notícias. É um conceito basilar nas democracias modernas, nas quais a censura já não devia ter lugar. Qualquer tipo de pressão no sentido de influenciar os media, pode inibir muita gente de escrever e publicar “coisas verdadeiras” em detrimento de outra informação alienante, só para agradar ao poder instituído.
Para encerrar o que acima descrevi, dois pontos de reflexão.
1- O Estado e as Regiões Autónomas, continuam proibidos de serem proprietários de órgãos de Comunicação Social, como insiste constar na nova Lei, aprovada há poucos dias no Parlamento. Não sei onde colocar um Boletim Municipal;
2 - Dentro de dias estaremos a comemorar novo aniversário do 25 de Abril. Arautos da Liberdade voltarão com belas palavras, que afinal, estes actos contrariam.
Um Leitor Identificado

NR: Esclarece-se que este artigo não foi escrito por ninguém do Jornal «O Setubalense». De salientar que sempre nos pautámos pelo rigor e independência, custe a quem custar. Nos tempos de Mata Cáceres, este dizia que controlava todos os órgãos de comunicação social do concelho, facto que em relação a «O Setubalense» não se verificou. Por isso, não aceitámos críticas deste género, seja de quem for. É claro que em ano de eleições, as pessoas têm tendência a ficarem mais nervosas.»

Sem comentários: