sexta-feira, 4 de junho de 2010

Era uma vez...

Há uns anos atrás, trabalhava no primeiro site informativo dedicado à mulher, como jornalista, escrevi uma peça sobre a religião ou culto do Wicca.

E nesta disse que, segundo o que tinha pesquisado, a “religião” Wicca tinha sido considerada durante séculos como “bruxaria”.
Nem sabem a revolução online que aquilo deu.
Foram centenas de comentários sobre o assunto. Mas o mais interessante é que alguns deles eram extremamente ofensivos, e mais curiosamente, eram todos escritos sob anonimato.
Perante isto, e como sempre peguei os bois pelos cornos, respondi a alguns, pedindo para marcar entrevistas de forma a que, sendo tão mais iluminados que eu, explicassem ao vivo e a cores, o que era a real “religião” Wicca.
Silêncio.
Não consegui, da parte dos ofendidos, uma palavra frente-a-frente.
Continuei o meu trabalho, várias reportagens sobre religiões e cultos, e até me lembro de ter entrevistado membros do culto do espiritismo que me ofereceram um livro de Alan Kardecc.
Mas este episódio, passado nos inícios da Internet, nunca me saiu da memória.
A forma como as pessoas escrevem e ofendem cobardemente, sob a capa do anonimato, e quando confrontadas, recuam como éguas assustadas.
Já aqui coloquei um post com o comentário de Miguel Sousa Tavares sob a blogosfera e o anonimato, mas continuo espantada com a cobardia e a forma como a internet veio transformar mentes humildes em mentes humilhantes, tudo bem escondidinho sob a capa do anonimato.
Basta ver a “coragem” com que alguns «corajosos» depois já não comentam em outros locais como as redes sociais do Facebook, porque aí teriam de realmente «dar a cara pelo que dizem».
Mas a mentalidade humana sempre foi assim, mesquinha.
Lembro-me de ler na colecção «Mistério» da Enyd Blynt uma aventura em que o «Gordo» descobria quem na vila andava a enviar cartas anónimas. E na altura isso me fazer uma enorme confusão.
Agora, mais adulta, percebo.

“Pois a calúnia vive por transmissão, alojada para sempre onde encontra terreno”
(William Shakespeare)

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